Deixar de fumar: há dois medicamentos comparticipados

Para deixar de fumar, a motivação é essencial mas não basta. A ajuda na dependência física, provocada pela nicotina, pode vir em várias formas. Os medicamentos para deixar de fumar têm como objetivo diminuir os sintomas de abstinência, e a sua utilização vai depender, em larga escala, do grau de dependência do fumador.

Um fumador com dependência forte poderá precisar de medicamentos para deixar o hábito. Os fumadores que exibem um consumo médio superior a dez cigarros por dia devem ser encorajados a utilizá-los. Usar fármacos para deixar de fumar, no que respeita à abstinência tabágica, tem uma taxa de sucesso muito maior do que deixar de fumar sem apoio.

Entre os vários medicamentos disponíveis, atualmente, no mercado nacional, há dois medicamentos sujeitos a receita médica para deixar de fumar, que são comparticipados. O Champix e o Cuitvar (medicamento genérico) têm como substância ativa a vareniclina e são comparticipados em 37% pelo Serviço Nacional de Saúde. 

De acordo com a Direção-Geral da Saúde, entre outras organizações de referência, a vareniclina é o medicamento que melhores resultados obtém face às terapêuticas de substituição de nicotina e ao bupropiom.

Posologia, preço e efeitos secundários da vareniclina

O tratamento com vareniclina deve começar entre uma e duas semanas antes do dia D, que será o dia já estabelecido por si para parar com o hábito. A dose da medicação vai sendo aumentada, de forma progressiva, ao longo dos dias para minimizar os possíveis efeitos secundários.

Em regra, a posologia deve ser a seguinte:

• do 1.º ao 3.º dia – 0,5 mg uma vez por dia;
• do 4.º ao 7.º dia – 0,5 mg duas vezes por dia;
• do 8.º dia até ao final do tratamento – 1 mg duas vezes por dia.

A duração do tratamento é de 12 semanas. Os fumadores bem-sucedidos, que pararam de fumar no final desse período, podem considerar um tratamento adicional de mais 12 semanas com 1 mg de vareniclina, duas vezes por dia, para manter a abstinência.

Os medicamentos com vareniclina são sujeitos a receita médica. Fale com o seu médico para uma recomendação adequada, de acordo com a sua condição de saúde.

O preço do Cuitvar varia entre 12,51 euros e 25,94 euros por embalagem, já com a comparticipação. Como o Champix não está a ser comercializado de momento, não existem preços atualizados. Em relação ao Cuitvar, investindo num tratamento de 12 semanas, poupa mais de 380 euros em relação ao consumo de um maço de tabaco por dia, a uma média de 5,40 euros por maço.

Tabaco (1 maço por dia) – gasta 518,40 euros em 12 semanas.
Tabaco (10 cigarros por dia) – gasta 259,20 euros em 12 semanas.
Tratamento com Cuitvar – gasta 136,05 euros no tratamento de 12 semanas.

Os efeitos indesejáveis mais comuns da vareniclina são enjoos (náuseas) e outros problemas de estômago, dificuldade em dormir, sonhos anormais e dores de cabeça.

Mais raras são as alterações de comportamento ou pensamento, tais como flutuações de humor, depressão ou agitação. Caso surjam, alerte imediatamente o seu médico. 

A náusea é o efeito indesejado mais comum da vareniclina, mas, na maioria das pessoas, este sintoma é leve ou moderado e, geralmente, desaparece com o passar do tempo.

Eficácia do tratamento com vareniclina

Os agonistas parciais dos recetores de nicotina (APRNs) são um tipo de medicamento utilizado para ajudar as pessoas a deixarem de fumar. Ajudam a reduzir os sintomas de abstinência presentes quando se deixa de fumar, como desejos intensos de fumar e alterações de humor desagradáveis. Também reduzem o prazer que as pessoas normalmente sentem quando fumam.

É mais provável que as pessoas deixem de fumar durante, pelo menos, seis meses se utilizarem vareniclina do que se utilizarem placebo, bupropiom ou apenas um tipo de terapia de substituição da nicotina, como adesivos isolados.

Por cada 100 pessoas que utilizam a vareniclina para deixar de fumar, 21 a 25 poderão deixar de fumar com sucesso, em comparação com apenas 18 em 100 pessoas que utilizam a bupropiom, 18 em 100 pessoas que utilizam uma única forma de terapia de substituição da nicotina, e 20 em 100 que utilizam dois ou mais tipos de terapia de substituição da nicotina.