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Mpox: o que é e como se transmite?

Há um novo surto de mpox em Portugal. A vacina contra esta infeção, antes conhecida por "varíola dos macacos", é recomendada, de forma preventiva, a alguns grupos de risco. Saiba quais os sintomas de mpox, como se transmite e qual o tratamento.

03 agosto 2023
analista em laboratório a analisar amostras de sangue

iStock

A Direção-Geral da Saúde (DGS) confirmou a existência de um novo surto de infeção humana pelo vírus mpox em Portugal, com 49 novos casos já confirmados laboratorialmente.

Entre maio de 2022 e 28 de julho deste ano, já foram reportados, em Portugal, 1002 casos confirmados laboratorialmente de infeção por vírus mpox, anteriormente conhecido por Monkeypox ou varíola dos macacos. No entanto, de acordo com a DGS, o novo surto "caracteriza-se por uma estirpe diferente do surto de 2022, refletindo a reintrodução do vírus no grupo de maior risco em Portugal e cadeias de transmissão potenciadas no contexto de eventos e festivais de verão".

Em 2022, foram confirmados centenas de casos de infeção humana pelo vírus mpox em Portugal, Reino Unido, Espanha, Bélgica, França, Itália, Suécia, Canadá, Estados Unidos da América ou Austrália. 

Saiba, na DECO PROTESTE, o que é a infeção humana por vírus mpox, quais os sintomas ou como tratar a doença. 

O que é a infeção humana por vírus mpox e como se transmite?

O vírus mpox é um vírus do género Orthopoxvirus. Trata-se de uma zoonose, por ser transmitida através do contacto com animais. A doença é rara e, habitualmente, não se dissemina facilmente entre humanos. No entanto, a transmissão pode ocorrer pelo contacto com animais ou pelo contacto próximo com pessoas infetadas ou objetos contaminados (toalhas ou lençóis, por exemplo). A transmissão entre seres humanos ocorre principalmente através de grandes gotículas respiratórias, mas, uma vez que estas não conseguem viajar muito longe, é necessário um contacto cara a cara prolongado para que a transmissão ocorra. O vírus pode ainda entrar no organismo humano através do contacto com lesões cutâneas ou fluidos corporais.

O período de incubação (intervalo entre a infeção e o início dos sintomas) é normalmente de 6 a 16 dias, mas pode chegar a 21 dias.

Quais os sintomas da doença?

Os sintomas incluem febre, dores de cabeça, dores musculares, dores nas costas, gânglios linfáticos inchados, calafrios e cansaço. Tipicamente, os infetados desenvolvem lesões ulcerativas e erupções cutâneas que começam no rosto e depois se alastram a outras partes do corpo, incluindo os genitais.

As erupções cutâneas provocadas por este vírus podem ser confundidas com varicela, uma vez que começam como borbulhas que se transformam em pequenas bolhas com líquido. Estas bolhas acabam por formar crostas que mais tarde caem. Quando as crostas caem, a pessoa já não é infeciosa.

 
Erupção cutânea provocada pelo vírus mpox (Crédito: artigo científico "Human monkeypox: an emerging zoonosisigure capture", publicado em janeiro de 2004, na revista The Lancet – Infectious Diseases.)

Como se trata a doença?

As pessoas com sintomas suspeitos devem evitar contactos físicos diretos e procurar aconselhamento clínico de imediato. A abordagem clínica não requer um tratamento específico para este vírus, já que a doença habitualmente é autolimitada e acaba por desaparecer depois de algumas semanas. Nos casos mais severos, contudo, pode ser necessário recorrer a um tratamento com antivirais.

Existe vacina contra a infeção humana por vírus mpox?

Sim, as vacinas Imvanex e Jynneos.

A primeira recebeu, em julho de 2022, autorização da Comissão Europeia para alargar a sua indicação para a proteção contra a infeção humana por vírus mpox e é administrada em Portugal.

Já a Jynneos é uma vacina comercializada nos EUA e que apresenta a mesma formulação da Imvanex. Antes da extensão de indicação da Imvanex, e por não existir nenhuma vacina disponível e aprovada para o vírus mpox na União Europeia, a Agência Europeia do Medicamento (EMA) considerou adequada a administração da vacina Jynneos no contexto do surto da doença em 2022. Tendo isso em consideração, a Autoridade Nacional do Medicamento (Infarmed) concedeu, em julho de 2022, uma autorização de utilização excecional também para a vacina Jynneos em Portugal. 

Quem deve ser vacinado?

De acordo com as recomendações da Direção-Geral da Saúde, a vacinação deve ser utilizada de forma preventiva por pessoas de grupos com um risco acrescido de infeção humana por mpox e num contexto de pós-exposição, ou seja, por pessoas identificadas como contactos próximos de casos. De acordo com as normas da DGS, recomenda-se a vacinação com duas doses, num intervalo de 28 dias.

Vacinação preventiva

A vacina está recomendada para pessoas com idade igual ou superior a 18 anos, assintomáticas, que nunca tenham sido previamente diagnosticadas com esta infeção e que se adequem, pelo menos, a um dos seguintes cenários:

  • homens que têm sexo com homens (HSH), mulheres e pessoas trans, em tratamento preventivo contra o vírus da imunodeficiência humana (PrEP para VIH) e diagnóstico de, pelo menos, uma infeção sexualmente transmissível (IST) nos últimos 12 meses;
  • HSH que vivam com VIH e diagnóstico de pelo menos uma IST nos últimos 12 meses;
  • HSH e pessoas trans envolvidas em sexo comercial;
  • HSH com imunossupressão grave;
  • profissionais de saúde, com elevado risco de exposição, envolvidos na colheita e no processamento de produtos biológicos de casos de infeção.

Depois de identificados os cidadãos elegíveis para serem vacinados preventivamente, cabe a cada região de saúde gerir a estratégia logística de vacinação. A DGS disponibiliza uma lista dos locais de vacinação.

Vacinação depois da exposição ao vírus

A chamada "vacinação pós-exposição" diz respeito à vacinação recomendada para as pessoas assintomáticas, que sejam contactos próximos de um caso e que nunca tenham sido diagnosticadas com infeção humana por mpox.

A vacinação deve ocorrer idealmente nos primeiros quatro dias após o último contacto e, no máximo, até 14 dias após a última exposição, se a pessoa se mantiver assintomática ou se, havendo sintomas compatíveis com a doença, esta tiver sido excluída, após análise laboratorial, e se o caso a que a pessoa foi exposta for provável ou confirmado.

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