Efeitos da covid-19 podem durar meses
A condição pós-covid-19, também conhecida por covid longa, nem sempre é fácil de diagnosticar, já que partilha sintomas com outras doenças. Contudo, pode persistir durante meses e afetar a qualidade de vida. Conheça esses sintomas e a forma de os combater.

Condição pós-covid-19, covid longa, síndrome pós-covid e covid persistente são alguns dos nomes por que é conhecido um conjunto de sintomas que surgem após a recuperação da infeção por SARS-CoV-2 e que são associados à doença. Como se caracteriza? Em Portugal, adotou-se a definição da Organização Mundial da Saúde (OMS), que indica, genericamente, tratar-se de um conjunto de sintomas que ocorre em pessoas que tiveram infeção por SARS-CoV-2 (confirmada ou suspeita), por norma, três meses após início da fase aguda e com, pelo menos, dois meses de duração. Esta fase aguda corresponde às quatro semanas que se seguem ao primeiro dia de sintomas ou à data do teste de SARS-CoV2 positivo, no caso das pessoas assintomáticas e das que não conseguem precisar o início das queixas.
O número de infetados por SARS-CoV-2 que apresentam sintomas além da fase aguda é difícil de estimar, dada a escassez de dados robustos. Os estudos sugerem que cerca de 46% a 69% e 13% a 65% continuam a apresentá-los, respetivamente, quatro a seis e 12 semanas após a fase aguda.
Entre os sintomas mais frequentes estão, por exemplo, fadiga, dificuldade respiratória, alterações do olfato e do paladar, depressão, ansiedade e disfunção cognitiva. Contudo, existem muitos outros com impacto nas atividades diárias. Já foram reportadas mais de duas centenas, com consequências em praticamente todo o organismo. A lista inclui:
- fadiga, suores, fraqueza muscular, dores nas articulações e nos tendões, perda de peso e febre intermitente;
- dificuldade respiratória, tosse, espirros e redução da capacidade pulmonar;
- stresse, ansiedade, depressão, perturbações do sono, “névoa mental”, tonturas e dores de cabeça;
- diarreia, náuseas ou vómitos, perturbações digestivas, dores abdominais e redução do apetite, sobretudo, na população mais velha;
- palpitações, aceleração ou diminuição do ritmo cardíaco, dores no peito e aumento do risco de tromboembolismo;
- queda de cabelo, prurido e lesões na pele;
- perda de ouvido e de olfato, zumbidos, dores de garganta e problemas de visão.
Estes sintomas podem persistir após a infeção inicial ou ser novos, surgindo depois da recuperação. Podem, ainda, manter-se ao longo do tempo, com intensidade variável, ou desaparecer e ressurgir. Não parecem ser exclusivos dos casos graves de covid-19, afetando também condições ligeiras e moderadas.
Como se proteger da covid longa?
As pessoas mais velhas, quem esteve internado nos cuidados intensivos e os que já sofriam de outras doenças, como obesidade, diabetes tipo 2, hipertensão e ansiedade, entre outras, parecem mais suscetíveis de desenvolver sintomas persistentes. O mesmo acontece com as mulheres, os fumadores e os mais desfavorecidos, em particular os que não tiveram possibilidade de descansar durante as primeiras semanas de infeção aguda.
Dado que poucos destes fatores de risco podem ser alterados, a forma mais eficaz de pôr barreiras à condição pós-covid-19 será reduzir o risco da própria covid-19, nomeadamente, através da vacinação. Esta reduz a probabilidade de desenvolver infeção grave e, consequentemente, o risco de hospitalização, bem como a duração dos sintomas após a fase aguda. Alguns estudos recentes sugerem que a vacina também pode prevenir a condição pós-covid-19.
Condição pós-covid-19 com fronteiras difíceis
As dúvidas sobre a covid-19 e as suas consequências são mais do que as certezas, uma vez que ainda não se conhecem os mecanismos responsáveis pelo reaparecimento e pela persistência dos sintomas associados à covid longa. Estão em estudo várias hipóteses, entre as quais a possível ligação a lesões inflamatórias ocorridas durante a covid-19, a permanência do vírus no organismo, as respostas anormais do sistema imunitário e possíveis reações autoimunes, em que o organismo ataca partes suas como se fossem estranhas.
O diagnóstico de covid longa pode ser difícil, porque muitos sintomas pós-covid são comuns a outros problemas de saúde, como a síndrome de fadiga crónica, a síndrome pós-internamento em cuidados intensivos e a perturbação de stresse pós-traumático. Tendo em conta que manifestações são múltiplas e variadas, não existe um caminho único para a identificar e tratar. O ponto de partida será, claro, a história clínica do paciente e a exclusão de doenças que possam explicar os sintomas. Adicionalmente, poderá ser necessário recorrer a exames complementares de diagnóstico, como radiografia ao tórax, provas respiratórias e eletrocardiograma, entre outros.
O que fazer face aos sintomas?
De acordo com a norma da Direção-Geral da Saúde (atualmente em atualização), os doentes com sintomas pós-covid-19 devem dirigir-se, em primeiro lugar, ao médico de família, que prosseguirá com o acompanhamento da maioria. Apenas as situações mais complexas serão, à partida, referenciadas para consultas da especialidade, como pneumologia (se houver dificuldade respiratórias graves), cardiologia (no caso de problemas cardiovasculares) ou psiquiatria (se estiverem em causa questões do foro mental).
Persistindo sintomas incomodativos quatro semanas após o início da covid-19, deverá procurar o seu médico de família. Caso se agravem, ou surjam de forma súbita e preocupante, procure assistência médica mais cedo.
- Fadiga. Reparta as tarefas por períodos do dia e tente parar e descansar, quando começar a sentir maior fadiga. Durma o necessário. Se tem dificuldades a este nível, siga as dicas da DECO PROteste para dormir melhor.
- Ansiedade ou depressão. Se sentir que não consegue lidar com a situação, consulte o médico de família, um psicólogo ou um psiquiatra. Exercícios de relaxamento e atividades que deem prazer podem ajudar a descontrair.
- Problemas cognitivos. Pode ser útil recorrer ao psicólogo e fazer reabilitação neuropsicológica. O objetivo é reaprender funções, como pensar e falar.
- Dor de cabeça. Em geral, as dores são de intensidade ligeira a moderada e podem ser tratadas com analgésicos.
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