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Comida pronta ou feita em casa: quanto custa e quanto pode poupar?

Tomar café, pequenos-almoços e o prato do dia na rua ou recorrer ao take-away nas pausas do almoço tem um custo elevado no orçamento familiar dos trabalhadores. A DECO PROteste fez as contas e revela que é possível poupar mais de dez euros por dia alterando rotinas.

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28 outubro 2025
Mulher jovem à frente de expositor frigorífico no supermercado a escolher uma refeição pronta

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Em Portugal, em cada três refeições, duas não são confecionadas em casa, com 42% da população a admitir que é sobretudo ao almoço que recorrem a comida de fora ou ao pronto-a-comer, revela um estudo da Fundação Francisco Manuel dos Santos de 2023. Segundo este inquérito, intitulado "Como comemos e o que comemos", esta tendência é mais acentuada junto da população com uma situação financeira mais confortável, nos grandes centros urbanos e, mais concretamente, entre jovens adultos em idade ativa. E tudo indica que se cozinha cada vez menos em Portugal, com apenas um quarto dos jovens a confessar fazê-lo só ocasionalmente.  

O estilo de vida agitado dos jovens adultos, que muitas vezes envolve estudos, trabalho e atividades sociais, faz com que procurem, cada vez mais, soluções práticas para comer sem perder tempo. Para dar resposta a esta tendência crescente, a restauração e os supermercados têm apostado em força no take-away e na comida pronta a preços muito competitivos.

Considerando os sucessivos aumentos dos preços da alimentação e a larga oferta de refeições prontas a baixo custo, muitos portugueses poderão questionar-se se ainda compensa cozinhar em casa e levar a marmita para o trabalho. Eis a resposta.

DECO PROteste analisa impacto orçamental de comer fora 

A DECO PROteste fez as contas para analisar o impacto orçamental de comer fora. Considerou os preços mais frequentes praticados, em julho de 2025, em 50 cafés e restaurantes de Lisboa e Porto, excluindo os pontos turísticos, onde os preços são habitualmente mais elevados.

Além do preço do café e do pequeno-almoço – composto por um galão ou uma meia de leite e uma sandes de queijo ou fiambre –, este estudo analisa e compara o custo do prato do dia, neste caso, de uma dose de arroz de pato:

  • confecionada em casa (com uma embalagem de pato desfiado, para ser mais rápido e prático);
  • como prato do dia num restaurante;
  • e como refeição na área de pronto-a-comer dos supermercados. 

Para preparar café em casa, usou como referência o preço das cápsulas mais baratas compatíveis com máquinas Nespresso e, para o pequeno-almoço, o custo dos ingredientes para preparar uma chávena de leite com café de cápsula e uma sandes com queijo ou fiambre. A eletricidade, o gás e a água necessários para cozinhar não foram contemplados. 

PREÇOS E POUPANÇA
POR DIA 
Restaurante ou café (€) Pronto-a-comer
no supermercado (€)
Em casa (€)
Café 0,90 0,77 0,18
Pequeno-almoço 3,40 2,23 0,70
Sopa
2 1,73 0,56
Prato do dia (arroz de pato) 7,50  1,70 
CUSTO TOTAL (€) 13,80 10,72 3,14
POUPANÇA POR DIA (€) 10,66  7,59 

Ainda o dia vai a meio, quem tem o hábito de tomar café e o pequeno-almoço numa pastelaria e de almoçar uma sopa e o prato do dia no restaurante perto do trabalho, já pagou, aos preços mais frequentes, 13,80 euros (sem contar com a bebida, o café e a sobremesa). E no caso de um casal em que ambos trabalham e têm este hábito, a despesa é, já se sabe, a dobrar. 

Trocando a refeição no restaurante pela sopa e prato do dia na zona de pronto-a-comer do supermercado, a fatura baixa para cerca de 10,70 euros. Face à primeira opção, poupa cerca de 3 euros por dia.

Já a despesa para quem toma em casa o primeiro café da manhã e o pequeno-almoço e leva uma refeição feita por si para o escritório é de 3,14 euros. Com este hábito, poupa, por dia, quase 11 euros ou cerca de 7,50 euros, consoante renuncie ao prato do dia do restaurante ou do supermercado, respetivamente. 

Alternativas mais baratas à comida feita em casa  

As inúmeras vantagens de cozinhar em casa são inegáveis. Além de ser muito mais barato (apesar dos sucessivos aumentos no preço da alimentação), permite temperar os pratos ao seu gosto e é bem mais saudável, se usar ingredientes frescos, claro. Evita assim os muitos aditivos e conservantes habituais em alimentos muito processados (salsichas, hambúrgueres ou enlatados, para citar só alguns).

Mas sejamos realistas. Com a azáfama do dia-a-dia, nem sempre é fácil arranjar tempo (e paciência) para preparar os almoços para levar todos os dias para o trabalho, tanto mais que convém reservar algum tempo para atividades de lazer e o tão necessário descanso. 

A DECO PROteste analisou, por isso, os preços de outras opções práticas e que, segundo os testes, até são bastante equilibradas e sobretudo mais em conta do que no restaurante ou na área do pronto-a-comer dos supermercados.

Trata-se das sopas e das refeições embaladas refrigeradas ou mesmo congeladas à venda em qualquer supermercado, que apenas requerem alguns minutos no micro-ondas para estarem prontas a comer.

Sopas embaladas boas e baratas

A sopa é uma refeição relativamente fácil de preparar, requer apenas o tempo necessário para preparar uns legumes, juntar água e deixar cozinhar. Por fim, passar com a varinha mágica, conforme a preferência.

Contudo, também aqui se nota que cada vez mais gente opta por adquirir sopa já feita. A prova disso é a crescente oferta de sopas prontas refrigeradas existente nos supermercados. Segundo o teste a sopas embaladas da DECO PROteste, estas são de boa qualidade. Não acusam problemas ao nível microbiológico e têm boa qualidade nutricional, apesar do baixo teor em fibras. E são uma solução barata. 

Uma dose de sopa de legumes custa cerca de:

  • 2 euros num restaurante;
  • 70 cêntimos na versão refrigerada embalada no supermercado;
  • 50 cêntimos, quando preparada em casa.

Feita em casa, a sopa custa um quarto do preço da que é servida num restaurante. Para uma dose, é apenas 20 cêntimos mais barata do que as embaladas expostas na zona dos refrigerados do supermercado. Se tiver como aquecê-la no trabalho, levar uma caixinha de casa ou comprar uma sopa refrigerada do supermercado é uma opção bastante mais económica.

Refeição embalada refrigerada ou congelada: qual é mais barata?

Preparar as refeições em casa é sempre a opção mais barata: o arroz de pato fica a um quarto do preço face ao prato do dia na restauração e a um terço face à secção do pronto-a-comer dos supermercados.

Se não tiver tempo, paciência ou mesmo jeito para cozinhar, e preferir adquirir uma refeição já pronta, as embaladas refrigeradas ou congeladas ficam a metade do preço face ao prato do dia na restauração. O preço é sensivelmente o mesmo, sendo as refrigeradas ligeiramente mais baratas do que as congeladas. 

Uma dose de arroz de pato (equivalente a 250 gramas) custa cerca de:

  • 7,50 euros num restaurante;
  • 6 euros no pronto-a-comer do supermercado;
  • 3,50 euros embalado e congelado;
  • 3,25 euros embalado e refrigerado;
  • 1,70 euros feito em casa (com uma embalagem de pato já desfiado).

Pode poupar cerca de dois mil euros por ano se deixar de comer fora

Com este estudo, a DECO PROteste conclui que se pode poupar muito dinheiro evitando comer fora nos dias úteis e levando o almoço de casa. E isto, apesar do aumento dos preços nos supermercados e de haver uma crescente oferta de soluções práticas e de refeições já prontas a preços bastante competitivos, seja no regime de take-away ou na área de pronto-a-comer dos supermercados.

Por ano, alterando os seus hábitos (ou só alguns), eis o que um trabalhador pode poupar, se deixar de fazer todas as refeições fora nos dias úteis:

  • 180 euros se passar a tomar o primeiro café da manhã em casa;
  • 675 euros se passar a tomar o pequeno-almoço em casa;
  • 1050 euros se tomar o pequeno-almoço em casa e optar pelo take-away ou pronto-a-comer dos supermercados;
  • 1700 euros se tomar o pequeno-almoço em casa e aquecer uma refeição refrigerada ou congelada no escritório;
  • 2125 euros se tomar o pequeno-almoço em casa e levar para o escritório o almoço feito por si.

No caso de haver mais pessoas na família a tomar café ou a almoçar fora nos dias úteis, esta poupança será maior. 

Cerca de três em cada dez portugueses começaram já a ter o cuidado de tomar o café e o pequeno-almoço antes de sair para o trabalho e, sempre que possível, levar o almoço de casa em 2024, segundo um inquérito recente divulgado pelo Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa. Entre as conclusões divulgadas no início de outubro de 2025, 28% passaram a comer menos vezes no restaurante e 21% celebraram menos vezes datas festivas fora de casa ao longo de 2024.

Mais dicas para poupar nos almoços

  • Prepare as refeições em casa, sempre que possível, incluindo o pequeno-almoço e o primeiro café da manhã.  
  • Planeie uma ementa semanal usando o que tem na despensa e no frigorífico e comprando apenas os ingredientes em falta. Evita desperdícios e compras supérfluas.
  • Cozinhe uma ou duas doses suplementares ao jantar para levar as sobras numa marmita para o trabalho.   
  • Se comer fora, compare preços na restauração e nas refeições já prontas nos supermercados na sua zona.  
  • No restaurante ou no café, opte pelo prato do dia ou menu, se possível, pois sai, quase sempre, mais em conta.
  • No supermercado, as refeições refrigeradas e ultracongeladas são mais baratas do que o take-away. Se tiver como aquecer a comida no escritório, são uma boa alternativa.

Sempre que possível, procure cozinhar com ingredientes frescos, escolhendo, de preferência, produtos locais e da época. Permite seguir uma alimentação mais saudável e sustentável, além de que poupará muitas centenas de euros por ano. Inspire-se no livro de receitas práticas e saborosas. São fáceis de preparar, mesmo que não tenha prática.    

 

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