Produtos proteicos quase sempre desnecessários e com muitos edulcorantes
A DECO PROteste analisou 52 iogurtes, mousses, pudins, skyrs e bebidas com doses reforçadas de proteína. Acalmam a fome, mas abusam dos edulcorantes. E são mais caros.
Bebidas lácteas com chocolate, iogurtes líquidos e sólidos, mousses, skyrs e pudins, num total de 52 produtos, todos enriquecidos em proteína, foram analisados pela DECO PROteste. Os 20 gramas de proteína, ou quase, por copo ou garrafinha, justificam-se? Para quem segue uma dieta equilibrada e não precisa de proteína extra, os iogurtes, mousses, pudins e bebidas proteicas não trazem mais-valias. A não ser em casos pontuais, de carência proteica. Ou se praticar desporto de forma intensa e não conseguir ingerir proteína suficiente. Além do mais, o preço salta para o dobro, se confrontado com os produtos básicos, sem alegações de proteína.
Quais os melhores produtos proteicos?
À exceção dos skyrs, os produtos analisados contêm edulcorantes, aditivos, em muitos casos, com efeitos nefastos ou que levantam dúvidas. Em geral, estes produtos são mais compactos, devido à quantidade de proteína, e saciam, benéfico para quem quer perder peso. E mantêm o sabor adocicado, não por se juntar sacarose, mas precisamente edulcorantes. O enriquecimento proteico, dispensado na versão original (exceto no skyr, naturalmente rico em proteína), vem ao encontro de uma tendência ou de uma necessidade criada de modo artificial.
A análise aos 52 produtos incluiu a lista de ingredientes e a declaração nutricional, tendo o Nutri-Score como referência, para ajuizar sobre a quantidade de gordura, açúcares e sal. Com base no simulador de aditivos da DECO PROteste, avaliou-se a segurança dos edulcorantes incluídos.
Proteína: de que quantidade precisamos?
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), um adulto, saudável e sedentário deve ingerir 0,83 gramas por quilograma de peso. Mas há variáveis a ter em conta: género, idade e tipo e intensidade da atividade física, mas também de problemas de saúde que limitem a proteína, como a insuficiência renal. Estudos recentes sugerem que as recomendações de ingestão de proteína carecem de revisão, estando aquém das necessidades diárias para quem pratica exercício físico regular e com alguma intensidade. Para alguém com estas características, a DECO PROteste segue a International Society of Sports Nutrition (ISSN), que aponta 1,6 gramas por quilo. Fazendo a multiplicação, por exemplo, por 76 quilos corporais, chega-se a 121,6 gramas de proteína diários.
Como atingi-los? Organizando refeições com pão, laticínios, flocos de aveia, frutos secos, carne, peixe, arroz, batata, manteiga de amendoim, legumes e leguminosas, alimentos com boas doses de proteína. Por exemplo, uma posta de bacalhau contém quase 33 gramas de proteina. E 140 gramas de peito de frango, 19 gramas de proteína. Já 100 gramas de grão de bico têm 8,4 gramas de proteína. Fruta, verduras e temperos completam uma alimentação equilibrada, caminho para o necessário aporte proteico.
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A análise a 52 produtos enriquecidos em proteína permitiu concluir que a maioria contém 10 gramas de proteína por 100 gramas. Os skyr, os únicos naturalmente ricos em proteína, ficam-se, em média, por 9 gramas, e os iogurtes líquidos, por oito.
Qual o melhor produto proteico?
Os produtos proteicos, na maioria, recorrem a edulcorantes. O acessulfame K e a sucralose são os preferidos dos fabricantes, seguidos pelo aspartame (E 951). O poder adoçante é, no mínimo, 200 vezes superior ao do açúcar. Na sucralose, é mesmo 600 vezes superior.
Skyr: único iogurte proteico sem edulcorantes
O lado B dos edulcorantes são os seus efeitos e, por essa razão, são pouco recomendáveis. O skyr é o único sem edulcorantes. O acessulfame K, por exemplo, não é metabolizado pelo organismo (é expelido sem alterar a sua estrutura), o que pode ser perigoso para quem sofre de insuficiência renal e de hipertensão. O desequilíbrio da flora intestinal é outro problema, detetado por alguns estudos. À sucralose identificaram-se efeitos idênticos e ainda doenças metabólicas, como a resistência à insulina, e efeitos tóxicos nas células. Mais estudos, porém, são precisos, pois a maioria realizou-se em animais. Náuseas, edema, dermatite, dores de cabeça e vómitos também podem estar ligados ao consumo de aspartame. E a sua relação com o aumento da obesidade e o risco de diabetes está a ser estudada. Embora nem todas as dúvidas estejam esclarecidas, a DECO PROteste não recomenda edulcorantes.
Encontram-se açúcares adicionados nalgumas listas de ingredientes, como é o caso dos iogurtes líquidos. Tanto nestes, como nas bebidas lácteas, junta-se-lhes os açúcares do leite, da fruta ou do chocolate, a contabilizar nos açúcares totais. Os iogurtes líquidos e as bebidas lácteas são maioritariamente aceitáveis (C, no Nutri-Score).
Nos pudins, mousses, skyrs e iogurtes sólidos nada a assinalar, quanto a açúcares, gorduras saturadas e sal.
