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Doença celíaca: sintomas, diagnóstico e benefícios da dieta sem glúten

A dieta sem glúten é o único tratamento eficaz para celíacos. Ainda não é possível indicar os efeitos desta dieta em quem não tem a doença celíaca. Contudo, há dados que sugerem que faz mais mal do que bem.

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04 junho 2025
Homem num supermercado analisa a rótulos de frascos para procurar produtos sem glúten

iStock

As dietas sem glúten, por vezes, são recomendadas com o intuito de emagrecer ou de prevenir doenças do coração. Atenção: pode ser má ideia. Apenas as pessoas que sofrem de doença celíaca devem segui-las.

Tratamento de doença celíaca

O único tratamento para celíacos é a dieta isenta de glúten, que implica excluir da alimentação os cereais proibidos e todos os seus derivados. A dieta deverá ser rigorosa, sem comprometer o equilíbrio nutricional. Quando comprar produtos processados, consulte o rótulo e tenha em conta a lista de alimentos que podem representar perigo.

Alimentos a evitar numa dieta sem glúten

No grupo dos cereais, farinhas e derivados, os celíacos devem banir o trigo, seja qual for a variedade (espelta, kamut, khorasan, triticale...), o centeio, a cevada, o malte e o extrato de malte, bem como todos os produtos que contenham estes ingredientes: massas, pão, produtos de pastelaria, bolachas, biscoitos, cereais de pequeno-almoço e batatas fritas de pacote com sabores (por causa dos aditivos).

Alguns celíacos podem incluir aveia na dieta sem sofrer efeitos adversos. Antes de se aventurar por estes caminhos, convém aconselhar-se com o seu médico. Caso o consumo de aveia seja uma opção, tenha em atenção a sua pureza: esta pode ser facilmente contaminada quando tratada industrialmente nas mesmas instalações ou com o mesmo material usado noutros cereais.

Os produtos processados, congelados, ultracongelados e pré-cozinhados à base de carne ou peixe também podem conter glúten. Este conjunto inclui lasanhas, cachorros, canelones, hambúrgueres, patés, almôndegas, panados salgados (croquetes, rissóis, etc.), enchidos (farinheira e alheira), delícias do mar e produtos idênticos, salsichas e enlatados.

Nos doces, evite açúcar e cacau em pó, pasta de cacau, chocolate em tablete, sobremesas instantâneas, preparados para sobremesas, gelados e granizados, gelatinas e compotas comerciais. O mesmo sucede com o leite achocolatado ou aromatizado, iogurtes cremosos – com pedaços, cereais ou bolachas – e queijos industriais, como os queijos para fundir ou barrar.

A fruta em calda e cristalizada, os frutos secos com farinha, como o figo, a manteiga e a margarina vegetal, a banha industrial e as natas de longa duração também podem representar perigo. Fermento químico em pó, preparados para sopa, caldos diversos (carne, galinha, legumes, marisco e peixe, entre outros) e molhos, como bechamel, maionese, ketchup e mostarda, são outros produtos de risco.

No grupo das bebidas, risque o café solúvel com cevada ou malte de cevada, cerveja, preparados em pó, sumos concentrados e chás com extrato de cevada.

Ingredientes perigosos

Os celíacos não devem ingerir alimentos com amido, amido modificado ou amiláceos, proteína vegetal e hidrolisada, fibras alimentares, xarope de glucose ou malte que não indiquem a respetiva origem. O malte, o extrato de malte e os espessantes também são proibidos. Devem ainda rejeitar produtos com os seguintes aditivos:

  • E1404 amido oxidado;
  • E1410 fosfato de monoamido;
  • E1412 fosfato de diamido;
  • E1413 fosfato de diamido fosfatado;
  • E1414 fosfato de diamido acetilado;
  • E1420 amido acetilado;
  • E1422 adipato de diamido acetilado;
  • E1440 hidroxipropilamido;
  • E1442 fosfato de diamido hidroxipropilado;
  • E1450 sal de sódio de octenilsucinato de amido;
  • E1451 amido oxidado acetilado.

Principais sintomas de doença celíaca

Glúten é a proteína encontrada em cereais como o trigo, o centeio e a cevada. As manifestações clínicas da doença variam com a idade, o grau de sensibilidade e a quantidade de glúten ingerida. 

Sintomas nas crianças

Na infância, os sintomas de doença celíaca são essencialmente gastrointestinais:

  • diarreia crónica ou obstipação;
  • fezes "gordurosas" (devido à má absorção), fétidas, volumosas e pouco consistentes;
  • flatulência;
  • distensão e cólicas abdominais;
  • vómitos;
  • diminuição de apetite;
  • atraso no crescimento;
  • perda de peso;
  • alterações de humor, como aumento da irritabilidade.

Sintomas nos adultos

Nos adultos, a doença celíaca exibe sinais menos específicos:

  • obstipação ou diarreia;
  • cansaço crónico;
  • problemas na pele (dermatite herpetiforme);
  • alterações na tiroide;
  • dores e debilidade óssea;
  • cãibras;
  • artrite;
  • alterações no funcionamento do fígado;
  • anemia por carência de ferro;
  • aftas recorrentes;
  • alterações no ciclo menstrual;
  • infertilidade e abortos recorrentes;
  • alterações do comportamento (depressão, irritabilidade);
  • enfraquecimento do esmalte dentário.

Como se faz o diagnóstico da doença celíaca

O diagnóstico da doença celíaca baseia-se em análises sanguíneas que incluem marcadores genéticos (HLADQ2 e DQ8) e testes de anticorpos (tTG IgA, péptido gliadina desaminada IgG). Segue-se a endoscopia digestiva alta e a biopsia do intestino delgado.

As análises ao sangue permitem identificar os casos. Depois, será necessário efetuar uma biopsia para confirmar o diagnóstico. Estes exames devem ser realizados antes de o doente alterar a sua dieta, para que possam fornecer resultados fidedignos.

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