Millet, quinoa, bulgur e outros acompanhamentos para renovar pratos
Está farto de massa e de arroz? Conheça alguns acompanhamentos menos tradicionais, que podem ajudar a ser mais saudável, pela sua riqueza nutricional.

Se até há uns anos os acompanhamentos dos pratos dos portugueses se resumiam quase exclusivamente ao arroz, à batata ou à massa, hoje temos à nossa disposição em muitos restaurantes e supermercados um leque cada vez maior de opções. Fique a conhecer as características nutricionais de seis acompanhamentos que estão a conquistar a mesa dos portugueses: bulgur, cuscuz, millet, quinoa, teff e trigo-sarraceno. Comparamos os "novos" acompanhamentos com os mais tradicionais, como arroz, batata e esparguete, em termos nutricionais e de preço.
Bulgur
O bulgur é um alimento muito usado na cozinha sírio-libanesa e é um dos ingredientes principais do tabuleh e do kibbeh. É obtido através de uma cozedura muito rápida dos grãos de trigo, que são depois secos e partidos até ficarem em pedaços pequenos. Pode encontrar bulgur feito apenas de trigo duro (mais comum) ou de misturas de trigo. É ainda possível encontrar bulgur de outros cereais (arroz, espelta e cevada, entre outros). Para este artigo, analisámos apenas o bulgur de trigo duro.
O bulgur é rico em vitamina B6 e ferro. Por ser derivado do trigo, na sua composição tem glúten e não é apto para celíacos.
Costuma ser consumido como acompanhamento do prato principal.

Cuscuz
O cuscuz é um prato originário do Norte de África, da zona do Magrebe.
Por ser obtido a partir de sêmola de trigo duro, o cuscuz tem glúten na sua composição, não sendo, por isso, apto para celíacos.
É uma boa fonte de proteínas, de fibras e de hidratos de carbono. Além disso, tem muito pouca gordura e é isento de sal. Destaca-se pela sua riqueza em vitaminas do complexo B e em minerais, como fósforo, magnésio e manganésio.
É muito versátil, fácil e rápido de preparar, podendo ser utilizado em pratos salgados e doces ou, simplesmente, como acompanhamento. Tanto pode ser consumido quente, com ou sem molho, como frio, incorporado em saladas, por exemplo. Mais uma forma interessante de incluir proteínas numa dieta vegetariana.

Millet
Millet corresponde a um conjunto de plantas da família das Poecae com grande variedade, usadas tanto na alimentação humana como na de animais. O millet, também conhecido como milho painço ou milho-miúdo, é normalmente utilizado para consumo humano. É rico em ferro, vitaminas B1 e B2. O seu teor em fibra é um fator a ter em conta, uma vez que é importante para o bom funcionamento do trânsito intestinal e na manutenção da saciedade.
É um cereal isento de glúten, sendo assim apto para celíacos.
É muito versátil, podendo ser utilizado em pratos salgados ou doces. É normalmente utilizado como acompanhamento do prato principal.

Quinoa
A quinoa é uma planta proveniente da região dos Andes, do Peru e da Bolívia. É um alimento interessante pela quantidade e qualidade de proteína, que reúne os oito aminoácidos essenciais. A quinoa é rica em ácidos gordos essenciais como o ácido linoleico (ómega 6) e linolénico (ómega 3). Ainda importante é ressalvar o teor em minerais, já que a quinoa é rica em ferro, magnésio e zinco. É também rica em vitamina B1 e ácido fólico.
Por não ter glúten, é indicada para celíacos. Deve, no entanto, confirmar na embalagem a menção de isenção de glúten.
É indicada para desportistas pelo seu teor em proteína, mas também para idosos, crianças, adultos, grávidas e vegetarianos. Pode ser utilizada como acompanhamento do prato principal, adicionada a sopas, utilizada para fazer sobremesas ou triturada até obter farinha.

Teff
O teff é um cereal consumido há mais de cinco mil anos na Etiópia, país de onde é originário e onde constitui um alimento de base. A sua farinha é o principal ingrediente na elaboração de injera, uma espécie de pão ligeiramente ácido que acompanha todo o tipo de pratos etíopes. Este cereal é cultivado sobretudo na Etiópia e na Eritreia, mas tem vindo a generalizar-se noutros países, por se adaptar facilmente a terrenos áridos, por crescer depressa, ser muito resistente a pragas e por haver, hoje, um interesse crescente por cereais sem glúten.
A semente de teff é a mais pequena do mundo, não ultrapassando 1,7 milímetros de altura e um milímetro de largura. Três mil sementes de teff pesam apenas um grama. Consoante a variedade em causa, a cor da semente oscila entre o bege-claro, o castanho ou até o avermelhado.
Por ser de dimensões muito reduzidas, o teff é, geralmente, consumido na sua forma integral, o que aumenta o seu valor nutricional. É especialmente rico em vitaminas do grupo B e minerais, sendo uma fonte interessante de cálcio, ferro, magnésio, fósforo, zinco e manganésio. A versão castanha apresenta, segundo alguns estudos, um teor mais elevado de ferro e zinco.
A composição nutricional do teff é semelhante à de outros cereais, sendo os hidratos de carbono os componentes mais importantes. Apresenta, igualmente, um teor interessante de proteínas e de lisina (um aminoácido), com níveis superiores face ao trigo ou à cevada, e um pouco mais baixos do que o arroz ou a aveia.
O teff não contém glúten, pelo que constitui uma alternativa interessante para os celíacos. Tem um teor em gordura baixo, semelhante ao do trigo e ao do centeio, e não inclui praticamente sal.
A sua farinha pode ser usada na confeção de pão e bolos, mas também pode incorporar teff em sopas e guisados e, assim, aumentar o valor proteico de uma dieta vegetariana. Como bom espessante que é, pode igualmente ser utilizado em molhos e sobremesas. Encontra-o à venda sob diversas formas, nomeadamente, em farinha, flocos ou em grão.
Trigo-sarraceno
O trigo-sarraceno, ou trigo-mourisco, é uma semente de uma planta da família do ruibarbo e, ao contrário do que o nome indica, não tem familiaridade próxima ao trigo comum. Tem conhecido um maior interesse devido ao seu teor de antioxidantes e minerais, mas também pela sua qualidade proteica: o trigo-sarraceno tem todos os aminoácidos essenciais – aminoácidos que o nosso organismo não consegue produzir e que precisamos de obter através da dieta.
É ainda rico em magnésio, fósforo e potássio.
Por não ter glúten, pode ser utilizado em dietas isentas de glúten. Pode ser usado como substituto da farinha de trigo na preparação de pães, bolos e panquecas, e adicionado a sopas, refogados de legumes e saladas. É uma forma de aumentar os teores proteicos, nomeadamente, em dietas vegetarianas.

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Exclusivo
Para continuar, deve entrar no site ou criar uma conta .Quase todos os hidratos de carbono apresentam um valor energético semelhante para 100 gramas de produto em cru (entre 338 e 367 quilocalorias), sendo a quinoa o que apresenta o valor mais elevado e o teff o valor mais baixo. A única exceção é a batata, que apresenta um valor consideravelmente mais baixo por 100 gramas (90 quilocalorias).
Informação nutricional média dos acompanhamentos
Acompanhamentos | |||||||||
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Tradicionais | |||||||||
Arroz integral | |||||||||
Esparguete | |||||||||
Arroz carolino | |||||||||
Batata | |||||||||
"Novos" | |||||||||
Quinoa | |||||||||
Millet | |||||||||
Cuscuz | |||||||||
Teff | |||||||||
Trigo-sarraceno | |||||||||
Bulgur |
Acompanhamentos | Preço/quilo (€) | Valor energético (kcal/100 g) | Proteína (g) | Hidratos de carbono (g) | dos quais açúcares (g) | Lípidos (g) | dos quais saturados (g) | Fibra (g) | Sal (g) |
---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
Tradicionais | |||||||||
Arroz integral | 1,19 - 4,8 | 357 | 7,7 | 74 | 1,1 | 2,6 | 0,8 | 2,8 | <0,03 |
Esparguete | 1,5 -2,54 | 355 | 12 | 71 | 5 | 1,8 | 0,4 | 3,05 | 0,03 |
Arroz carolino | 1,19 - 2,16 | 351 | 6,1 | 78,8 | 0,2 | 0,95 | 0,5 | 1,6 | 0,07 |
Batata | 0,99 - 1,69 | 90 | 2,5 | 19,2 | 1,2 | 0 | 0 | 1,6 | 0 |
"Novos" | |||||||||
Quinoa | 5,49 - 13,96 | 367 | 12,2 | 60,1 | 4,2 | 7,4 | 0,8 | 6,7 | <0,1 |
Millet | 4,78 - 13,27 | 357 | 11,3 | 64,4 | 0,8 | 4,2 | 0,7 | 8,5 | 0,02 |
Cuscuz | 2,06 - 5,64 | 355 | 12,5 | 71 | 2,5 | 1,9 | 0,7 | 2 | 0 |
Teff | 8,56 - 10,88 | 338 | 11 | 67 | 3 | 2,5 | 0,7 | 6,7 | 0,01 |
Trigo-sarraceno | 5,98 - 8,78 | 355 | 13,3 | 66,5 | 3,5 | 3,4 | 0,7 | 10 | 0,03 |
Bulgur | 3,18 - 4,68 | 349 | 12 | 65 | 2,4 | 1,8 | 0,3 | 12,5 | 0,03 |
Preços muito diferentes
Indicamos, no quadro, os preços mínimos e máximos por quilo, considerando as versões tradicionais e as opções de agricultura biológica.

Proteínas: a qualidade é importante
Em relação ao teor proteico, os “novos” acompanhamentos analisados apresentam valores de proteína superiores ao arroz carolino e à batata, tendo uma quantidade semelhante ao esparguete. O trigo-sarraceno é o que apresenta em média uma maior quantidade de proteína e a batata, a menor. Em relação às proteínas, devemos ter em atenção que não é apenas relevante a quantidade, mas também a qualidade do alimento: a quinoa, o teff e o trigo-sarraceno são opções que têm todos os aminoácidos essenciais e são, por isso, alimentos com importantes benefícios para a saúde.
Arroz carolino com menor quantidade de açúcares
No caso dos hidratos de carbono, o arroz carolino é o que apresenta uma maior quantidade, no extremo oposto à batata, que apresenta, de longe, o teor de hidratos de carbono mais baixo de todos os alimentos analisados. No entanto, o alimento que tem menos açúcares por 100 gramas é o arroz carolino, e o esparguete o que tem maior quantidade de açúcares. Ainda assim, o esparguete tem uma quantidade de açúcares baixa.
Pouca gordura em todos os alimentos analisados
A quinoa é o alimento que apresenta maior teor total de lípidos (7,4 por 100 gramas), sendo considerado um alimento com teor médio de lípidos. Por contraste, a batata não tem lípidos na sua composição. No caso dos ácidos gordos saturados, o arroz integral e a quinoa apresentam o maior valor (sendo ainda assim muito baixo), e a batata é o alimento com menos ácidos gordos saturados.
Trigo-sarraceno e bulgur muito ricos em fibra
O teor em fibra é bastante elevado no bulgur. No entanto, é ainda de destacar o elevado teor em fibra do trigo-sarraceno. A fibra tem um papel muito importante na regulação do trânsito intestinal e na manutenção da saciedade (a recomendação da Organização Mundial da Saúde é de 30 gramas por dia).
Controlar o sal
O teor de sal em todos os alimentos analisados é muito baixo, especialmente no cuscuz e no teff, onde é quase inexistente. Deve ter-se em atenção, no entanto, ao sal adicionado na confeção destes alimentos: a recomendação da Organização Mundial da Saúde é que a ingestão diária de sal seja inferior a cinco gramas.