Telemóveis recondicionados: o que são e como escolher

Comprar um telemóvel recondicionado pode ser uma solução para conseguir um aparelho em bom estado a um preço mais baixo.

O que são?

Os telemóveis recondicionados são aparelhos que estiveram em exposição ou foram devolvidos aos fabricantes, revendedores ou lojas, por diferentes razões: pequenos defeitos, avarias ou retomas de campanhas e de contratos empresariais. Após serem inspecionados, reparados (se necessário) e limpos, são vendidos a um preço mais baixo. É ainda reposto o software e as definições de origem e, por vezes, atualizado o sistema operativo.

Em 2021, pusemo-nos na pele dos consumidores e comprámos um destes aparelhos em dez lojas diferentes. O escolhido foi o iPhone 8 (64 GB), por ser um dos modelos recondicionados mais vendido. O objetivo não foi avaliar as lojas, mas descobrir se vale a pena optar por estes aparelhos e alertar para os aspetos a ter em atenção na compra, para que corra tudo bem.

Qual o principal problema dos telefones recondicionados?

O principal problema detetado na nossa análise foi a categoria (ou grade, como referem muitas lojas) anunciada, relativa à condição estética. Em regra, a categoria é mais otimista do que a real, embora também tivéssemos encontrado o contrário.

Verifique os aparelhos antes de comprar

A proveniência dos aparelhos recondicionados varia muito. Tanto pode tratar-se de um modelo que saiu da caixa para a mesa de exposição e está imaculado, como ter passado por uma utilização real, durante algum tempo. Por esta razão, podem apresentar sinais de desgaste, como pequenas falhas de tinta, arranhões, mossas ou riscos de vários tamanhos e profundidades.

Classificação dos telemóveis recondicionados

Para determinar a condição estética dos aparelhos, as lojas recorrem a uma escala de classificação que pode ter quatro categorias (A+, A, B e C), embora tendam a variar de um local para outro.

• A categoria A+ aplica-se a smartphones em excelente estado, com riscos muito ligeiros e difíceis de ver. A maioria das lojas não contempla esta categoria.
• Na categoria A, figuram aparelhos em muito bom estado, com marcas mínimas e riscos muito leves e finos.
• Na categoria B, ficam aqueles em bom estado, que apresentam ligeiros sinais de uso, como riscos mais visíveis e pequenas falhas de tinta.
• A categoria C reúne os modelos em estado razoável, com sinais de uso acentuado, como vários riscos, falhas de tinta e mossas.

Para confirmar a categoria anunciada dos dez aparelhos comprados para o nosso teste, verificámos cuidadosamente o corpo, a moldura e o ecrã de cada um. Registámos e fotografámos todos os danos encontrados, como riscos, arranhões, falhas de tinta, mossas e sujidade excessiva, que se acumula nas microgrelhas dos altifalantes, por exemplo. Encontrámos vários aparelhos que nos foram vendidos na categoria errada.

 Teste ao iPhone 8 (64 GB) recondicionado

Como as compras foram feitas online, escolhemos a categoria e, só quando recebemos o aparelho, pudemos verificar se a condição estética correspondia à da categoria pedida. Há vendedores com uma interpretação diferente da classificação mais usada.

 

 

 

 

Acessórios

Além do lado estético, verificámos os acessórios que acompanhavam os aparelhos e o estado do software. Com exceção do iPhone comprado na Worten — loja que informa não disponibilizar acessórios —, todos traziam, pelo menos, o cabo USB para o iPhone. A maioria vinha com carregador e três tinham auriculares, embora nem sempre originais da marca. Todos os equipamentos testados estavam desbloqueados a redes e à iCloud. O software também tinha sido reposto à sua condição inicial em todos os aparelhos.

Sistema operativo

Quanto ao sistema operativo, três lojas optaram por não o atualizar, e mantiveram o iOS 13. Os restantes tinham versões do iOS 14. Embora o consumidor tenha a possibilidade de atualizar o sistema operativo, a empresa que o faz logo à partida presta um bom serviço. Para podermos testar os aparelhos nas mesmas condições, instalámos a versão mais recente do iOS (na altura, a 14.3) nos que não a tinham.

Bateria

Em laboratório, sujeitámos os iPhones a alguns testes, para aferir o desempenho. Começámos por um carregamento completo da bateria, e medimos o tempo até esta se esgotar, em duas situações: a reproduzir vídeo e em standby. Apenas três aparelhos tinham as baterias com uma capacidade de 100 por cento e foram os que permitiram maior tempo de utilização. Nos restantes, a capacidade da bateria estava entre 84% e 90% e revelaram algumas dezenas de minutos a menos de autonomia. Também testámos o tempo de carregamento e verificámos que, na maioria dos equipamentos, os resultados eram muito semelhantes, tendo em conta a capacidade disponível das baterias.

Ecrã

Testámos os ecrãs da mesma forma que o fazemos quando analisamos telemóveis novos, para determinar o seu estado e verificar se eram originais da marca. Medimos brilho máximo, taxa de contraste e legibilidade lateral, com condições de pouca luz e com luz solar intensa. Também avaliámos a capacidade de resposta da funcionalidade tátil. A maioria dos ecrãs demonstraram um funcionamento muito similar ao de um aparelho novo.

Câmaras

Para avaliar as câmaras, fizemos fotografias e gravações de vídeos e comparámos as imagens com as obtidas por um equipamento novo. Tanto as câmaras traseiras como as frontais dos dez aparelhos se encontravam em perfeito estado de funcionamento.

Som

Avaliámos a qualidade do som dos altifalantes e com auriculares, usando um modelo de referência. Mais uma vez, todos os aparelhos em exame estavam em boas condições.

Funcionamento geral

Por fim, analisámos o funcionamento geral dos smartphones e comparámos os resultados com os obtidos por um modelo novo. Não encontrámos diferenças significativas em nenhum dos equipamentos.

Como escolher um telemóvel recondicionado?

Um aspeto importante quando se compra um aparelho recondicionado é a garantia. Embora não estejamos a falar de aparelhos novos, o consumidor beneficia de proteção legal. Por esta razão, aplica-se o mesmo prazo de garantia que se aplica para os produtos novos: três anos. Contudo, o consumidor deve estar ciente de que está a comprar um bem recondicionado, sendo a menção obrigatória na fatura.

Vale a pena comprar recondicionado?

E valerá a pena investir num aparelho recondicionado? Tendo em conta que em fevereiro de 2021 o iPhone 8 de 64 GB, em novo, custava cerca de 550 euros, os preços a que comprámos (entre 209 e 439,90 euros) sempre permitem alguma poupança. Tudo depende do estado em que o aparelho se encontra.

8 cuidados a ter

• Opte por lojas de confiança e de referência na venda de smartphones recondicionados.
• Verifique e compare os preços em vários estabelecimentos. Os valores variam bastante. Se a diferença para o modelo novo for superior a 50%, confirme com atenção o estado do aparelho.
• Podem existir diferenças de preço entre lojas, para uma mesma categoria, ao ponto de um equipamento B ou mesmo C em determinado local ser mais caro do que um da categoria A noutro estabelecimento.
• Nem todas as lojas usam os mesmos critérios para determinar a categoria. Para evitar desilusões, prefira comprar presencialmente em vez de online, de modo a verificar a condição estética do aparelho.
• Peça para confirmarem a capacidade disponível da bateria e prefira um aparelho com o máximo possível. Rejeite-o se tiver menos de 84 por cento.
• Atente ainda ao período e às condições da garantia.
• Nem todas fornecem carregador e auriculares e, quando o fazem, podem não ser originais da marca.
• Por fim, confirme com a loja se o aparelho está desbloqueado, ou seja, se pode ser utilizado com cartões SIM de qualquer operador, e se não existem bloqueios ao iCloud.

Se preferir comprar um telemóvel novo, consulte o nosso comparador de telemóveis e compare dezenas de modelos testados em laboratório.

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