Agorafobia: como tratar o medo de não conseguir escapar
Tem medo exagerado ou ansiedade de andar em transportes públicos? Ou de estar em mercados ou pontes? Estas situações afetam a sua vida quotidiana, às vezes de forma tão intensa, que fica impedido de sair de casa? Trata-se de uma doença chamada agorafobia, mas pode ser tratada.
- Especialista
- Susana Santos
- Editor
- Ricardo Nabais e Alda Mota

A agorafobia é uma ansiedade intensa, desencadeada pela exposição real ou antecipada a determinadas situações. O diagnóstico requer que os sintomas ocorram em pelo menos duas das cinco situações seguintes:
- utilização de transportes públicos (por exemplo, automóveis, autocarros, comboios, aviões);
- estar em espaços abertos (por exemplo, parques de estacionamento, mercados, pontes):
- estar em espaços fechados, como lojas ou cinemas;
- estar em filas ou em multidões;
- e estar fora de casa sem mais ninguém.
A agorafobia só deve ser diagnosticada se o medo, a ansiedade ou o evitamento persistir no tempo (mais de seis meses) e se causar angústia ou incapacidade clinicamente significativa em áreas sociais, ocupacionais, ou outras áreas importantes de funcionamento.
As pessoas com agorafobia têm, tipicamente, pensamentos de que algo terrível pode acontecer quando sentem o medo e a ansiedade associados às situações acima descritas. Ao mesmo tempo, acreditam que escapar de tais situações pode ser difícil. Ou que não haverá forma de receber ajuda quando ocorrem sintomas de pânico ou outros sintomas incapacitantes ou considerados embaraçosos (vómitos, cair). Por isso, quem padece de agorafobia tenta evitar estas situações. Mas, ao tentar evitá-las, altera o seu comportamento de uma forma por vezes tão radical que chega a evitar sair de casa. Normalmente, estas pessoas são mais capazes de enfrentar a situação temida quando acompanhadas por outra pessoa.
Quem sofre de agorafobia?
Uma percentagem considerável de pessoas (30-50%) reporta ter ataques de pânico ou uma perturbação de pânico antes do início de sintomas de agorafobia, sendo a idade média de início os 17 anos. Para quem nunca experienciou sintomas prévios de pânico, a idade média apontada passa a ser de 25 a 29 anos. Existe um risco elevado de a perturbação se desenvolver no final da adolescência e no início da idade adulta, com outra fase de risco de incidência após os 40 anos. O início na infância é raro.
Ao longo do tempo, a agorafobia é tipicamente persistente e crónica. A remissão completa é rara (10%), a menos que a perturbação seja tratada. À medida que a condição se agrava, a probabilidade de remissão completa diminui, enquanto as taxas de recidiva e de cronicidade aumentam.
Não confundir com fobia específica
A fobia específica situacional (como o medo de andar de avião, por exemplo) e a agorafobia partilham vários critérios e sintomas característicos. No entanto, a fobia específica situacional existe se o medo, a ansiedade ou o evitamento se limitar apenas a uma das situações agorafóbicas. A exigência de medo de duas ou mais situações agorafóbicas é a forma de diferenciar agorafobia de fobias especificas. Como características diferenciadoras adicionais inclui-se o pensamento associado. Assim, se a situação é temida por outras razões além dos sintomas do tipo pânico ou outros sintomas constrangedores, por exemplo tem medo de voar porque receia que o avião caia, o diagnostico mais apropriado é de fobia especifica.
Tratamento passa por psicoterapia e medicação
O tratamento da agorafobia, passa muitas vezes, por uma combinação de psicoterapia e medicação. A terapia cognitivo-comportamental passa por sessões de conversa que podem ajudar os pacientes a pensar, reagir e a comportar-se de outra forma em relação às situações que originam o medo. Ensina os pacientes a reconhecer e a controlar os seus pensamentos distorcidos e as suas crenças falsas, o que permite que se sintam menos ansiosos quando têm de sair de casa.
Também pode ser utilizada a terapia de exposição, um tipo específico de terapia cognitivo-comportamental. Com estrutura e suporte de um profissional que prescreve tarefas de exposição, os pacientes procuram, confrontam e mantêm-se em contacto com o que temem e evitam até que a ansiedade gradualmente diminua por um processo chamado habituação.
Em termos de medicação, são usados antidepressivos e ansiolíticos, que ajudam a minorar os sintomas.
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