Cuidados a ter com o Nolotil e outros analgésicos com metamizol
O metamizol é uma substância presente em medicamentos como o Nolotil que pode causar alterações no sangue. Siga as recomendações para uma toma segura.
- Especialista
- Susana Santos e Ana Ventura
- Editor
- Sofia Frazoa , Filipa Nunes e Alda Mota

Utilizado para o tratamento da dor e da febre, o metamizol encontra-se nos medicamentos sujeitos a receita médica Nolotil, Dolocalma e Metamizol Vitória. A utilização de medicamentos contendo esta substância pode causar uma reação adversa – a agranulocitose –, que, apesar de ser grave, é muito rara.
O que é a agranulocitose?
A agranulocitose é uma doença aguda do sangue que se caracteriza pela redução ou ausência de leucócitos granulosos, um tipo de glóbulos brancos, que são as principais células na primeira linha de defesa imunitária, especialmente no combate às bactérias e fungos.
Em comunicado, o Infarmed, Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, refere que, em Portugal, entre 2008 e 2018, “foram notificados ao sistema de farmacovigilância 11 casos de agranulocitose potencialmente associados à utilização de metamizol". Registou-se uma frequência de um a dois casos por ano, o que se encontra dentro da frequência expectável de uma reação muito rara.
Prevenir riscos associados ao uso de metamizol
O metamizol deve ser utilizado por um curto período (no máximo, sete dias). Em caso de utilização mais prolongada, os valores do hemograma devem ser monitorizados.
Os doentes com reações hematológicas prévias ao metamizol ou em tratamento com imunossupressores não devem utilizar medicamentos que contenham a substância.
A prescrição destes medicamentos em doentes idosos deve ser feita com especial atenção.
Os doentes a quem foi prescrito metamizol não devem interromper o tratamento. Deverão consultar imediatamente o médico se surgirem sinais e sintomas de discrasia sanguínea, tais como:
- mal-estar geral;
- infeção;
- febre persistente;
- hematomas;
- hemorragias;
- ou palidez.
Foram ainda reportados casos de lesão hepática induzida por fármacos associados ao uso de metamizol. A revisão de segurança contemplou dados provenientes de ensaios clínicos, artigos publicados, séries de casos e notificações espontâneas. Foi identificada causalidade admitida como provável e uma de recorrência com a reintrodução do medicamento. O número reduzido de casos em relação à elevada exposição de doentes a este fármaco, comercializado desde há quase cem anos, sugere uma ocorrência muito rara.
Ainda assim, esta reação adversa medicamentosa (RAM) não pode ser desvalorizada, uma vez que é potencialmente grave, podendo inclusivamente evoluir para insuficiência hepática aguda com necessidade de transplante hepático. É fundamental o reconhecimento dos sinais e sintomas como:
- náuseas;
- vómitos;
- febre;
- fadiga;
- perda de apetite;
- urina de cor escura;
- fezes de cor clara;
- icterícia;
- prurido;
- erupção cutânea;
- dor abdominal.
Deve-se também evitar uma reexposição inadvertida ao fármaco em caso de episódio anterior suspeito ou confirmado desta RAM.
De acordo com o Infarmed, estes medicamentos mantêm uma relação benefício-risco positiva desde que cumpridas todas as indicações de uso do metamizol e as precauções referidas.
Cuidados a ter com medicamentos
Não tome medicamentos sujeitos a receita médica que não tenham sido prescritos para si. Deve tomar apenas o que é aconselhado pelo médico e seguir as indicações. Se sobrarem medicamentos de uma prescrição anterior, não os utilize, a não ser que sejam novamente recomendados pelo médico.
No caso de suspeita de reação adversa medicamentosa a este ou a outro medicamento, esta deverá ser reportada no site do Infarmed.
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