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Cuidados a ter com o Nolotil e outros analgésicos com metamizol

O metamizol é uma substância presente em medicamentos como o Nolotil que pode causar alterações no sangue. A Agência Europeia do Medicamento (EMA) recomenda a atualização dos folhetos informativos. Saiba porquê.

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12 setembro 2024
caixa de comprimidos

iStock

A Agência Europeia do Medicamento (EMA) finalizou uma revisão de segurança dos medicamentos com metamizol (onde se inclui o Nolotil, o Dolocalma, o Metamizol Vitória e o Metamizol Magnésico Tolife) e concluiu que os seus benefícios continuam a ser superiores aos riscos. A utilização de medicamentos que contenham metamizol pode causar uma reação adversa – a agranulocitose –, que, apesar de grave, é muito rara. A revisão da segurança dos medicamentos com metamizol foi levada a cabo devido a preocupações sobre a eventual falta de eficácia das medidas até agora existentes para minimizar o risco conhecido desta reação. Agora, os resumos das características do medicamento (RCM) e os folhetos informativos destes medicamentos serão atualizados para incluir recomendações que aumentem a sensibilização para o risco de agranulocitose e facilitem a sua deteção e o seu diagnóstico precoces. 

Para que serve o metamizol?

O metamizol é uma substância utilizada no tratamento de dor moderada a grave e de febre alta resistente a outros antipiréticos.

O que é a agranulocitose?

A agranulocitose é uma doença aguda do sangue que se caracteriza pela diminuição súbita e acentuada de granulócitos, um tipo de glóbulos brancos, que são as principais células na primeira linha de defesa imunitária, especialmente no combate às bactérias e fungos. Pode levar a infeções graves ou mesmo fatais.

Num comunicado de 2018, o Infarmed, Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, já havia referido que, em Portugal, entre 2008 e 2018, “foram notificados ao sistema de farmacovigilância 11 casos de agranulocitose potencialmente associados à utilização de metamizol, com uma frequência de um a dois casos por ano (o que se encontra dentro da frequência expectável de uma reação muito rara)".

Atenção aos sinais de granulocitose com o uso de metamizol

A agranulocitose pode ocorrer em qualquer altura durante o tratamento, ou pouco depois da interrupção do medicamento que contenha metamizol. Pode ocorrer mesmo em pessoas que tenham utilizado metamizol anteriormente sem problemas. Não está relacionado com a dose utilizada.

Deve manter-se alerta para o aparecimento de sintomas de agranulocitose, incluindo:

  • febre;
  • arrepios;
  • dores de garganta;
  • feridas dolorosas nas superfícies húmidas e internas do corpo (mucosa), especialmente na boca, no nariz e na garganta ou nas regiões genitais ou anais.

Se o metamizol for tomado para a febre, alguns dos primeiros sintomas de agranulocitose podem passar despercebidos. Do mesmo modo, os sintomas podem também ser mascarados se o metamizol for tomado ao mesmo tempo que um antibiótico.

Se desenvolver estes sintomas, pare de tomar o medicamento e procure assistência médica urgente. O seu profissional de saúde deverá fazer imediatamente uma análise ao sangue para verificar os níveis de células sanguíneas.

Não deve tomar estes medicamentos se já teve agranulocitose causada por metamizol ou medicamentos semelhantes conhecidos como pirazolonas ou pirazolidinas, se tem problemas na medula óssea ou se tem uma doença que afete a forma como as células sanguíneas são produzidas ou funcionam.

Casos de insuficiência hepática causada por metamizol são raros

O uso de medicamentos com metamizol está também associado a casos de lesão hepática, que já são reportados no folheto informativo. A revisão de segurança contemplou dados provenientes de ensaios clínicos, artigos publicados, séries de casos e notificações espontâneas. Foi identificada causalidade admitida como provável e uma de recorrência com a reintrodução do medicamento. O número reduzido de casos em relação à elevada exposição de doentes a este fármaco, comercializado desde há quase cem anos, sugere uma ocorrência muito rara

Ainda assim, esta reação adversa medicamentosa (RAM) não pode ser desvalorizada, uma vez que é potencialmente grave, podendo inclusivamente evoluir para insuficiência hepática aguda com necessidade de transplante hepático. É fundamental o reconhecimento dos sinais e sintomas como:

  • náuseas;
  • vómitos;
  • febre;
  • fadiga;
  • perda de apetite;
  • urina de cor escura;
  • fezes de cor clara;
  • icterícia;
  • prurido;
  • erupção cutânea;
  • dor abdominal.

Deve-se também evitar uma reexposição inadvertida ao fármaco em caso de episódio anterior suspeito ou confirmado desta RAM.

Cuidados a ter com medicamentos

Não tome medicamentos sujeitos a receita médica que não tenham sido prescritos para si. Deve tomar apenas o que é aconselhado pelo médico e seguir as indicações. Se sobrarem medicamentos de uma prescrição anterior, não os utilize, a não ser que sejam novamente recomendados pelo médico.

No caso de suspeita de reação adversa medicamentosa a este ou a outro medicamento, esta deverá ser reportada no site do Infarmed.

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