Dia 25 de setembro de 2024, cheguei com bastante antecedência à Estação do Oriente para apanhar o autocarro da FlixBus, número 1014, com destino à Covilhã. O meu lugar era o 2A, e a viagem estava prevista para começar às 13h, com chegada às 16h10. O autocarro partiu à hora marcada, e tudo parecia correr dentro da normalidade.
Por volta das 13h40, comecei a sentir fortes dores de barriga, mas tentei aguentar, controlando o desconforto o melhor que podia. Às 14h20, a situação tornou-se insustentável e senti que já não conseguiria travar o impulso. Dirigi-me então ao WC do autocarro, mas a porta estava trancada. Fui até ao motorista pedir-lhe a chave, explicando que precisava urgentemente de utilizar a casa de banho. Para minha surpresa, o motorista recusou-se a entregar a chave, argumentando que estávamos próximos de Castelo Branco, onde poderia usar um WC nas instalações públicas. Voltei para o meu lugar, tentando manter o controlo, mas a dor intensificou-se.
Às 14h50, a situação era insuportável, e fui novamente ao motorista, implorando que me deixasse utilizar o WC do autocarro. Cheguei ao ponto de oferecer pagar pelo uso da casa de banho, mas ele voltou a recusar, dizendo que já estávamos a apenas 20 minutos de Castelo Branco. Desesperado, tentei novamente controlar-me até às 15h21, quando finalmente chegámos a Castelo Branco.
Assim que o autocarro parou, desci de imediato e perguntei ao motorista se poderia, finalmente, usar o WC. Ele disse apenas que poderia ir, e quando lhe perguntei quanto tempo tinha, respondeu "podes ir", sem mais detalhes. Apressei-me para a casa de banho e consegui aliviar-me em cerca de 3 minutos. Quando voltei ao local onde o autocarro estava, fiquei chocado ao perceber que o motorista partira, levando consigo as minhas coisas.
Devo realçar que me senti completamente desamparado e humilhado. Além de ter passado por uma situação desesperante, o motorista partiu com os meus pertences, apesar de ter indicado que aquele seria o local onde poderia utilizar o WC. Sem outra alternativa, fui obrigado a apanhar um táxi (nem quero imaginar se não tivesse dinheiro para apanhar o táxi, corria o risco de passar a noite na estação com frio e fome) para tentar apanhar o autocarro. O táxi levou-me até à Covilhã, mas quando lá chegámos, informaram-me que o motorista já tinha partido em direção à Guarda. Sem outra escolha, continuei até à Guarda, onde, ao chegar, tive ainda de enfrentar resistência por parte do motorista para que me devolvesse os meus pertences.
Esta experiência foi profundamente frustrante e desagradável, culminando num gasto de 161,55€ apenas em táxi. Além disso, perdi uma tarde de trabalho, uma vez que estava previsto começar às 16h30. Não apenas perdi 55€ do meu dia de trabalho diretamente, como fiquei impossibilitado de entregar trabalhos para alguns dos meus clientes, colocando em risco a relação de confiança que tinha construído com eles.
Sinto-me profundamente lesado com esta situação. Não só fui tratado de forma injusta e desumana por parte do motorista, como também considero que a atitude dele foi claramente discriminatória. O comportamento deste motorista não só demonstra falta de profissionalismo como foi, na minha perspetiva, uma manifestação de racismo e maldade.
Venho, assim, solicitar a restituição dos prejuízos causados neste dia, tanto pelo valor do táxi como pelo trabalho perdido. No entanto, peço que o o motorista em questão seja sancionado de acordo com as disposições legais, pois o que aconteceu não pode ser considerado aceitável em nenhum serviço de transporte.
Violação dos meus Direitos como Consumidor:
1- Proibição de acesso a instalações básicas (WC) durante a viagem e recusa de assistência essencial.
2- Abandono de passageiro: o motorista deixou-me para trás num local intermediário, colocando-me em risco e sem os meus pertences.
3- Dano moral e material: prejuízo financeiro com o custo do táxi e perda de rendimento de trabalho, além de sofrimento e humilhação.
4- Abuso de confiança: partida do autocarro com os meus pertences pessoais, impedindo o acesso temporário aos meus bens.
5- Crime de discriminação/racismo: o motorista não dirigiu-se bem para mim e proibiu-me de entrar no WC do autocarro e foi mais além a me abandonar num lugar que não conheço , o que poderia resultar em dormir na rua ou algo mais grave se não tivesse recursos financeiros naquele exato momento.