Exmo. Senhor Diretor Clínico do Hospital da Luz Lisboa,
Venho, por este meio, apresentar uma reclamação formal relativamente à consulta de dermatologia que realizei no dia 27 de fevereiro com a Exma. Dra. Ana Macedo Ferreira, nas instalações do Hospital da Luz, em Lisboa.
Sempre associei a vossa instituição a um atendimento de excelência, caracterizado por rigor, humanismo, empatia e profissionalismo. No entanto, a experiência que tive nesta consulta foi exatamente o oposto do que se espera de um serviço de saúde de qualidade.
Desde o início da consulta, fui tratada com desconsideração e desrespeito. A médica recusou-se a ouvir o meu histórico clínico, afirmando que “não queria ouvir a minha história”, e rejeitou de imediato qualquer possibilidade de tratamento para as marcas de acne que motivaram a minha consulta, sem apresentar alternativas viáveis.
Durante a consulta, a médica sugeriu que eu procurasse tratamento na clínica onde já tinha realizado dois laseres CO2 fracionados, afirmando que, se ganhasse comissão, até aconselharia um procedimento, mas como não lucrava com isso, eu teria que aceitar que teria acne e marcas para o resto da vida. Considero esta afirmação inadmissível, principalmente vinda de um profissional de saúde que deveria atuar com base no melhor interesse do paciente e não em critérios financeiros.
Ressalto que a minha reclamação não se deve ao facto de a médica não querer realizar o tratamento que inicialmente pretendia, mas sim por não me ter oferecido qualquer outra opção e por não respeitar as minhas escolhas. A única solução que me foi apresentada foi um medicamento para o acne — e não para as marcas, que era o motivo da consulta. No entanto, quando manifestei que não queria tomar esse medicamento, assim como a pílula como método contraceptivo, fui tratada com desdém, como se a minha decisão pessoal fosse um obstáculo à consulta.
Além disso, a médica fez comentários inapropriados sobre procedimentos estéticos anteriores que realizei, afirmando: “deixe de colocar ácido nos lábios” e “acha que este medicamento é invasivo, mas continua a colocar ácido nos lábios, e nao acha invasivo pois não ?”. Estes comentários não só foram desnecessários como também demonstraram uma postura pouco ética e desrespeitosa.
Para piorar a situação, a médica esteve constantemente a apressar-me a sair do consultório, repetindo frases como “vá-se embora, vá ter com os seus amigos”, transmitindo a ideia de que o meu problema não tinha solução e que a consulta não tinha qualquer propósito.
O que deveria ter sido uma consulta esclarecedora e profissional tornou-se um momento de humilhação e desconforto. Para além da frustração de sair do consultório sem qualquer resposta objetiva ou encaminhamento adequado, esta experiência teve um impacto negativo no meu bem-estar nos dias que se seguiram.
Saliento ainda que, após relatar este episódio, tive conhecimento de que não fui a única paciente a ser tratada desta forma pela referida médica. Assim, considero essencial que esta situação seja analisada com seriedade e que sejam tomadas medidas adequadas para garantir que nenhum outro utente passe pela mesma experiência.
Aguardo um posicionamento formal por parte do Hospital da Luz relativamente a esta reclamação e às medidas que serão implementadas para prevenir situações semelhantes no futuro.
Atenciosamente,
Mariana Araújo