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Inflação: situação económica agravou-se para 60% dos portugueses

Que impacto teve a inflação e a subida de preços dos produtos e serviços na vida dos consumidores? Um inquérito da DECO PROTESTE revela que as dificuldades económicas aumentaram entre abril e dezembro. E cerca de nove em cada dez inquiridos pensam que as empresas estão a aproveitar-se do aumento do custo de vida para obterem lucros. 

27 janeiro 2023 Exclusivo
preços a subir no carrinho de compras

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Desde o início da guerra, sobretudo, que a "tempestade" se anunciava perfeita para os portugueses e para a generalidade dos europeus. O aumento dos preços dos produtos e serviços, bem como da inflação, veio agravar as condições de vida. Em dezembro de 2022, segundo um questionário realizado pela DECO PROTESTE, a situação financeira de 60% dos portugueses piorou. Comparativamente aos mesmos dados recolhidos em abril do mesmo ano, verificou-se que, em oito meses, a sua situação piorou: passou de 41%, em abril, para 60%, em dezembro. O recurso às poupanças e ao empréstimo financeiro por parte de familiares e amigos foi admitido por cerca de um terço dos que se encontram a viver financeiramente tempos mais difíceis. Toda a conjuntura, com o aumento da inflação – que, neste momento, se situa nos 9,59%  –, colaborou para a escalada do custo de vida e para a quebra do poder de compra. Uma grande maioria dos inquiridos acredita que as empresas se aproveitaram do presente contexto para encarecer os bens.

O questionário online, realizado em dezembro de 2022, teve como base uma amostra representativa da população entre os 25 e os 74 anos. No total, a DECO PROTESTE recolheu o testemunho de 1311 portugueses.

 

Maioria corta nas despesas energéticas e de alimentação

Para fazer face às circunstâncias menos favoráveis, muitas famílias viram-se forçadas, nos últimos 12 meses, a cortar num conjunto de despesas mais ou menos essenciais do dia-a-dia. A mais referida pelos inquiridos foi o maior cuidado com os gastos energéticos, reajustando os comportamentos com eles relacionados. Logo a seguir, as despesas com alimentação e com atividades de lazer e sociais, como a ida a restaurante e a bares, foram visadas pelos consumidores. Outras despesas também incluídas na lista de reduções: roupa e acessórios, atividades culturais (idas a concertos, teatro e a museus, por exemplo) e desportivas, férias grandes e viagens de fim de semana e deslocações de automóvel. Os cuidados de saúde e a educação, embora menos, também acabaram por ser incluídos nas supressões de despesas.

 

Enfrentar os gastos com a energia revelou-se um peso enorme para 43% dos inquiridos, que afirmam viver uma situação económica difícil. Aliás, apenas 15% referem que as contas relacionadas com a energia não tiveram qualquer impacto na capacidade de as pagar.

 

Poupanças mexidas, poupanças reduzidas

Os cortes nas despesas, porém, não foram suficientes nos casos dos agregados familiares com maior precariedade económica. Mais de um terço recorreu às poupanças e número semelhante viu-se forçado a pedir dinheiro emprestado a familiares e a amigos. Sem admiração, os inquiridos que relatam maior precariedade financeira reportam maiores impactos negativos na sua qualidade de vida global. 

 

 

Portugueses desconfiam das empresas e das instituições europeias

Atingidas por circunstâncias alheias à sua vontade, as famílias portuguesas interpretam a situação em várias frentes. A crítica mais contundente atinge as empresas: acreditam que estão a aproveitar-se da inflação elevada para proveito próprio, aumentando, de uma só vez, os preços e os seus lucros. A desconfiança dirige-se igualmente às instituições da União Europeia (UE) e aos governos nacionais, que deveriam evitar os aumentos injustificados dos preços dos produtos e dos serviços. 

Mais de metade dos inquiridos alinha com sanções económicas da UE contra a Rússia, mesmo que afete as economias dos Estados-membros.

Por outro lado, os portugueses não veem outra saída senão continuar a poupar energia, até de forma preventiva, mesmo se os preços vierem a baixar. A maior consciência das opções existentes para reduzir a dependência dos combustíveis fósseis é também consequência da subida do custo energético.

 

 

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