Alergias a animais de estimação: sintomas e tratamento
A alergia aos animais de estimação advém da reação a uma proteína presente na sua saliva, urina ou "caspa". Saiba quais são os sintomas mais frequentes e como pode tratar as reações alérgicas ao seu amigo patudo.
- Especialista
- Susana Santos
- Editor
- Rita Santos Ferreira e Alda Mota

Adotou recentemente um amigo de quatro patas e os espirros não lhe dão descanso? Os dados indicam que cerca de um em cada cinco adultos, em todo o mundo, sofrem de alergias a gatos e 5% a 10% da população adulta mundial são afetados por asma e rinite alérgica resultantes de alergias a cães.
Quando se tem alergia a um animal de estimação, não se é alérgico ao pelo ou às penas do animal, mas, sim, à proteína que se encontra na "caspa" (células mortas da pele), na saliva e na urina. O pelo e as penas apenas recolhem essa "caspa", podendo transportar também outros alergénios como ácaros, fungos e pólen. Estas proteínas, ao entrarem nas vias respiratórias, nos olhos, no nariz, na boca ou na pele de pessoas com sensibilidade, tendem a desencadear sintomas de alergia.
Quais os sintomas?
Podem ser ligeiros, moderados ou graves, consoante a sensibilidade da pessoa e o nível de exposição ao alergénio. Os sintomas podem manifestar-se poucos minutos após a exposição ou ser retardados. Os sintomas mais frequentes são:
- espirros;
- tosse;
- dificuldades respiratórias;
- pieira;
- olhos lacrimejantes, vermelhos e com comichão;
- erupção cutânea;
- eczema;
- choque anafilático.
A pessoa alérgica, quando exposta a um agente alergénio, desencadeia uma resposta de anticorpos (imunoglobulinas E). Estes anticorpos ligam-se a células do sistema imunitário (glóbulos brancos) que, ao estarem ativadas, libertam histamina e outros mediadores que, por sua vez, produzem edema ou inflamação nos tecidos circundantes. Essas substâncias iniciam uma sucessão de reações que continuam a irritar e a lesionar os tecidos, sendo, assim, responsáveis pelos sintomas acima apresentados.
Como sei se sou alérgico ao meu animal de estimação?
Primeiro, para diagnosticar a causa da alergia, é importante dar a conhecer a sua história clínica ao médico. Se esta não for suficiente, um teste cutâneo ou uma análise ao sangue podem conter a resposta que procura.
O teste da picada é o teste cutâneo mais frequentemente utilizado para diagnosticar sensibilidades a animais domésticos. Para tal, uma amostra de um alergénio do animal de estimação é colocada na superfície da pele. Posteriormente, é então picada, para permitir que o alergénio se infiltre na epiderme. De seguida, são monitorizados os sintomas e as irritações locais no paciente, que podem então apontar para uma reação alérgica. Os resultados tornam-se evidentes, regra geral, entre os 15 e os 20 minutos seguintes.
Se não realizar o teste, e tiver quase a certeza de que a sintomatologia é causada por um animal de estimação, deve, ainda assim, despistar outros alergénios, tais como ácaros, fungos e pólenes, pois todos eles podem ser encontrados no interior das habitações.
Como tratar?
A melhor forma de gerir a alergia a um animal de estimação é minimizar a exposição e evitar o contacto. Se não puder evitar estar perto do seu patudo, pode adotar várias medidas que atenuam a dissipação do pelo do animal. Duas regras básicas: garanta que todos os móveis, tapetes e roupas estão limpos imediatamente após contactar com o animal e lave sempre as mãos depois desse contacto. Mas há mais estratégias:
- crie uma divisão livre de alergénios. O quarto é normalmente a hipótese mais prática. Ao impedir que o animal doméstico entre nesta divisão, pode assegurar, pelo menos, oito horas de menor exposição;
- limite a utilização de elementos estáticos feitos de tecido. Os alergénios acumulam-se nos tapetes, cortinados e estofos, pelo que o seu uso deve ser limitado ou eliminado. Se for imprescindível manter alguns elementos, deve lavá-los regularmente. Mobiliário revestido a algodão e estores laváveis são boas alternativas;
- aspire frequentemente a casa com um aspirador equipado com um filtro HEPA, que é mais eficiente na remoção das pequenas partículas;
- limpe regularmente a caixa de areia dos gatos. Deve ser utilizada areia antialérgica e sem perfume. Saiba que areia aglomerante também é uma boa escolha;
- limpe o pó regularmente. Limpar as paredes também ajuda a reduzir a concentração de alergénios;
- invista em camas e gaiolas laváveis para que as possa lavar com facilidade e várias vezes;
- dê banho ao seu animal de estimação. O veterinário pode recomendar um champô que não seque a pele e que evite a acumulação de pelo caído. O banho serve para lavar os alergénios que se acumulam na pele;
- esteja atento ao desenvolvimento de dermatite no animal de estimação. A dermatite, normalmente, aumenta o ritmo da queda de pelo e pele, o que vai aumentar a exposição a alergénios;
- escove ou penteie o animal frequentemente, de preferência no exterior ou longe da pessoa que tem alergia.
Quando estas medidas não são suficientes, pode recorrer também à medicação prescrita pelo seu médico. Os anti-histamínicos, para tomar oralmente ou aplicar no nariz e nos olhos, aliviam a comichão e o corrimento nasal.
Há, ainda, outro tratamento eficaz contra as alergias: a imunoterapia específica (vacinas antialérgicas). Este procedimento, à medida que se aumentam as doses do alergénio injetado, cria tolerância a longo prazo. No entanto, pode não funcionar com todas as pessoas, e um ciclo completo de tratamento pode demorar algum tempo. É mais recomendado para pessoas com alergia primária a animais de estimação, nomeadamente aos gatos.
Animais com pelos e penas podem provocar alergias
Todos os cães e gatos podem causar sintomas de alergia. As pessoas alérgicas podem tolerar mais algumas raças do que outras, mas isso não significa que existam raças hipoalergénicas, ou seja, que provocam menos reações alérgicas. Não há, por exemplo, um cão ou um gato totalmente isentos de provocar alergias nas pessoas. O tipo de pelo ou o seu comprimento não diminui ou aumenta a sintomatologia alérgica.
Tenha atenção que, por vezes, as pessoas alérgicas à "caspa", à saliva e à urina de cães e gatos também podem sê-lo a estes alergénios de cavalos, porcos, galinhas, ovelhas, cabras, porquinhos-da-índia, coelhos e hamsters.
Sempre que possível, antes de adotar um animal de estimação, contacte com ele algumas vezes, para tentar perceber se o seu organismo faz alguma reação alérgica. Outra opção é escolher animais de estimação sem pelos ou penas. Por exemplo, peixes, cobras ou tartarugas são algumas opções.
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