Euro digital: consumidores querem simples, seguro e sem custos
O Banco Central Europeu está a projetar a emissão do euro digital, válido em qualquer país da zona euro. Descubra como vai funcionar, quando poderá usá-lo e quais são os anseios dos consumidores portugueses.
Caso se torne uma realidade, o euro digital será uma versão eletrónica do euro, emitida pelo Banco Central Europeu (BCE), com o mesmo valor e validade que as notas e moedas físicas. Servirá para pagamentos digitais seguros nos países onde o euro é a moeda oficial.
Um inquérito europeu a que a DECO PROteste se associou revela que a esmagadora maioria dos portugueses ainda não sabe o que é o euro digital. Mas, a vir um novo meio de pagamento digital, que seja simples, seguro, universal e gratuito.
Só 10% dos adultos portugueses sabem o que é o euro digital
Foi feito um estudo em dez países europeus ao mesmo tempo, incluindo Portugal. Os inquéritos foram feitos entre maio e junho, tendo sido recolhidas perto de mil respostas válidas no nosso país, de adolescentes (entre 14 e 17 anos) e adultos (entre 18 e 74 anos).
Destes consumidores, apenas um em cada dez adultos estava informado sobre o tema, proporção que reduz para metade no caso dos adolescentes.
O euro digital em 5 tópicos
Eis alguns factos para conhecer melhor o euro digital.
- Emissor: Banco Central Europeu.
- Distribuição: bancos centrais e instituições financeiras da zona euro.
- Utilização: pagamentos digitais online e offline.
- Conversão: 1 euro digital será igual a 1 euro físico.
- Disponibilidade: nos 20 países da zona euro (Alemanha, Áustria, Bélgica, Chipre, Croácia, Eslováquia, Eslovénia, Espanha, Estónia, Finlândia, França, Grécia, Irlanda, Itália, Letónia, Lituânia, Luxemburgo, Malta, Países Baixos e Portugal).
Consumidores querem que pagamentos do futuro sejam simples e seguros
No mesmo inquérito, os consumidores foram questionados acerca dos aspetos que mais valorizariam num novo meio de pagamento digital, como o euro digital.
Os adultos portugueses colocaram no topo das preferências a facilidade de utilização do sistema (59 por cento).
É compreensível esta expectativa, quando metade dos utilizadores relatou ter encontrado problemas ao pagar digitalmente. Quase um quarto viu o pagamento ser recusado. O método de pagamento não ser aceite e dificuldades no acesso ao site foram outras falhas apontadas. Tal leva a que metade dos inquiridos já tenham tido de ajudar alguém próximo a realizar um pagamento digital.
Outro aspeto importante para os inquiridos é a segurança. Seria fundamental poder recuperar o dinheiro perdido em caso de fraude (52%), manter a privacidade dos dados pessoais (52%) e contar com um sistema seguro e fiável (50 por cento).
Nos últimos cinco anos, 15% dos utilizadores adultos foram vítimas de fraude ou falha de segurança relacionada com a conta bancária e/ou o cartão de débito ou de crédito. Quase um em cada dez inquiridos que utilizam estes meios teve também problemas deste tipo com uma aplicação de pagamentos (por exemplo, o MB Way).
Nestes casos, acontecem com maior frequência os esquemas de phishing, smishing ou vishing, levados a cabo com o objetivo de obter informações confidenciais através de e-mail, mensagens de texto ou chamadas de voz, respetivamente. Foi também reportada a clonagem de cartões.
Finalmente, os utilizadores defendem que um novo meio de pagamento digital deveria ser aceite universalmente (45 por cento). De preferência, deveria também ser gratuito (40 por cento).
O inquérito foi realizado em resposta à solicitação do Banco Central Europeu (BCE) para fornecer um estudo independente sobre o euro digital. As opiniões, conclusões e recomendações expressas não representam as opiniões ou posições do BCE, que financiou a realização do estudo nos 10 países: Alemanha, Áustria, Bélgica, Eslovénia, Espanha, França, Grécia, Itália, Países Baixos e Portugal.
Questões frequentes
Poucos portugueses estão a par do que é, ou poderá vir a ser, o euro digital. A DECO PROteste esclarece.
Euro digital: para quê?
O objetivo é assegurar a soberania monetária europeia e reduzir a dependência de sistemas de pagamento externos, como as aplicações norte-americanas PayPal, Apple Pay ou Carteira do Google, ou a britânica Revolut (cujo centro de operações para o Espaço Económico Europeu é na Lituânia).
O Banco Central Europeu pretende garantir independência, oferecer uma alternativa pública, melhorar a segurança e promover inclusão financeira.
Como vai funcionar o euro digital?
O projeto do Banco Central Europeu prevê a criação de uma versão oficial eletrónica da moeda única. Não se trata, por isso, de uma nova plataforma de pagamento, nem de uma criptomoeda.
O que está contemplado é a emissão de dinheiro digital, que correrá em simultâneo com as notas e as moedas.
Vai ser seguro usar o euro digital?
O Eurosistema, que é a autoridade monetária da zona euro, garante que sim. O euro digital será emitido e supervisionado pelo Banco Central Europeu, pelo que o respetivo valor estará assegurado.
Também é garantida a privacidade nas transações, especialmente em pagamentos offline.
A DECO PROteste defende que deve ser assegurada uma política forte de prevenção e proteção contra a fraude, incluindo procedimentos de reembolso simples. Se, e quando, o euro digital vir a luz do dia, tem de ser garantido que todos os consumidores são bem informados do funcionamento, para que não exista aproveitamento desse desconhecimento para esquemas fraudulentos e burlas.
Onde e como poderei usar o euro digital?
O Banco Central Europeu prevê que o euro digital possa ser usado em:
- pagamentos online;
- compras em lojas;
- transferências diretas (tipo MB Way);
- serviços públicos.
Poderá funcionar também offline, em transações entre utilizadores próximos.
A forma de utilização será igual em todos os locais, para facilitar os pagamentos, mas o formato ainda está em estudo.
A DECO PROteste recomenda que, caso se torne uma realidade, o euro digital seja seguro e fácil de utilizar. Deve ser inclusivo, eliminando barreiras relacionadas com processos complexos. Os serviços digitais deverão ser livres de comissões e um cartão gratuito deverá garantir o acesso alargado à moeda.
Em que ponto está o euro digital?
O euro digital já passou por várias fases. Atualmente, encontra-se em fase de preparação, que inclui duas partes:
- a primeira envolveu a criação de um manual de regras e procedimentos, bem como o estudo de aspetos técnicos;
- a segunda, aprovada em setembro de 2025 pelo Banco Central Europeu, é dirigida à experimentação das potencialidades do projeto, incluindo o desenvolvimento de pilotos.
Quando irá ser lançado? Ainda não existe data oficial. Em comunicado, o Banco Central Europeu informou que mais detalhes serão divulgados durante o primeiro semestre de 2026.
O euro digital vai substituir o dinheiro físico?
Não está previsto que a moeda física deixe de existir. O euro digital será mais uma versão do dinheiro, complementar às moedas e notas.
Para a DECO PROteste, é fundamental manter o dinheiro físico. Deve também ser adotada uma comunicação que torne claro que o euro digital irá complementar as notas e moedas, e nunca substituí-las.
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