Pagamentos: metade dos consumidores preferem meios digitais
Num momento em que a União Europeia se prepara para ter uma moeda digital, mais de metade dos adultos portugueses manifestam preferência pelos pagamentos digitais em detrimento da utilização de dinheiro. Conheça os resultados de um estudo realizado entre cerca de mil consumidores.
Cinquenta e três por cento dos consumidores adultos preferem fazer pagamentos com meios digitais ao invés de utilizarem moedas e notas, sempre que tal seja possível. Cerca de 30% já deixaram mesmo de fazer uma compra porque a loja não aceitava este tipo de pagamentos.
Esta é uma das conclusões do estudo sobre meios de pagamento digitais realizado pela DECO PROteste em parceria com organizações de consumidores de outros nove países europeus (Alemanha, Áustria, Bélgica, Eslovénia, Espanha, França, Grécia, Itália e Países Baixos). Responderam ao inquérito em Portugal 995 consumidores: 821 adultos entre os 18 e os 74 anos, e 174 adolescentes entre os 14 e os 17 anos.
O inquérito foi realizado, entre maio e junho deste ano, em resposta à solicitação do Banco Central Europeu (BCE) para fornecer um estudo independente sobre o euro digital. Esta entidade encontra-se a estudar a possibilidade de implementar a moeda única em formato digital nos 20 países onde o euro é a moeda oficial. É possível que, em 2026, se conheça a decisão do BCE relativamente a esta possibilidade.
Pagamentos digitais, sim, mas dinheiro é para manter
Do lado dos adolescentes, 44% também manifestaram preferir os pagamentos digitais, e 23% referiram ter deixado de fazer compras em locais onde não os podem fazer.
Contudo, 83% dos consumidores adultos consideram que o dinheiro físico deve continuar a poder ser utilizado em qualquer lugar, sem custos adicionais; o que, aliás, um número semelhante de adolescentes também defende.
O grosso das compras continua a ser feito em lojas físicas. Ainda assim, 21% dos adultos fazem pelo menos uma compra por semana pela internet; destes, 5% compram três vezes ou mais por semana em lojas online.
Vinte e seis por cento utilizam regularmente meios digitais para enviar ou receber dinheiro de outras pessoas. A carteira digital mais usada pelos inquiridos é a MB Way, seguida da PayPal e da Revolut.
Adultos e adolescentes que fizeram pelo menos um pagamento digital nos últimos 12 meses têm um perfil semelhante de utilização dos meios de pagamento. Veja abaixo alguns resultados do estudo realizado entre 995 consumidores portugueses.
Portugueses (ainda) desconfiam dos meios de pagamento digitais
A situação que mais preocupa os utilizadores de meios de pagamento digitais que participaram no inquérito é não conseguirem recuperar o dinheiro caso sejam vítimas de burla (51%) ou de o produto ou serviço não ser entregue (46 por cento).
Mais de um terço destes consumidores temem os riscos de segurança associados aos pagamentos online, como ataques de piratas informáticos e esquemas fraudulentos, bem como violação de privacidade (utilização indevida de dados pessoais ou financeiros, investigação policial, etc.).
Estes receios não se refletem muito na satisfação geral com os meios de pagamento, uma vez que dois em cada três utilizadores adultos manifestaram-se muito satisfeitos. O aspeto que reuniu mais consenso, com 56% de utilizadores muito satisfeitos, foi a facilidade de utilização.
Estudo quis ouvir adolescentes com mais atenção
O estudo promovido pelo BCE, com o qual a DECO PROteste colaborou, pretendeu trazer mais luz à utilização que a próxima geração digital, que se encontra entre os 14 e os 17 anos, faz dos meios de pagamento. As especificidades deste grupo ainda não tinham sido estudadas em profundidade, apesar de a maioria (96% dos inquiridos em Portugal) ter dinheiro próprio, proveniente sobretudo de mesadas e presentes de amigos e familiares.
Os adolescentes têm uma forte componente digital, utilizando, em média, mais de dois aparelhos para acederem à internet. Muitos já fazem pagamentos digitais, mas o dinheiro físico ainda está presente na maioria das transações destes consumidores.
Trinta e oito por cento dos adolescentes portugueses não fizeram um único pagamento com meios digitais nos últimos 12 meses, comparado com apenas 2% nos adultos. A principal razão, no conjunto dos 10 países europeus, é por não serem autorizados a tal pelos pais (42 por cento). Cerca de um em cada cinco não tinha uma conta bancária.
Esta população é muito sensível a comissões e perdas financeiras. A esmagadora maioria (91%) considera que os pagamentos deveriam ser gratuitos para os consumidores, que todos deveriam ter acesso a uma conta bancária básica, livre de encargos, e a um cartão de pagamento sem custos acrescidos (89 por cento).
Nove em cada dez defendem também que os utilizadores de carteiras digitais devem ser ressarcidos em caso de fraudes. A grande maioria tem igualmente alguma preocupação relacionada com os riscos dos pagamentos em ambiente digital, incluindo não conseguirem recuperar o dinheiro em caso de fraude (65%) ou de o produto/serviço não ser entregue (59 por cento).
As opiniões, conclusões e recomendações expressas não representam as opiniões ou posições do BCE, que financiou a realização do estudo nos 10 países.
Gostou deste conteúdo? Junte-se à nossa missão!
Subscreva já e faça parte da mudança. Saber é poder!
|
O conteúdo deste artigo pode ser reproduzido para fins não-comerciais com o consentimento expresso da DECO PROTeste, com indicação da fonte e ligação para esta página. Ver Termos e Condições. |
