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Cartões de fidelização: prós e contras

Descontos no combustível ou nos produtos da marca: o cartão de fidelização tem muitas vantagens, mas também inspira alguns cuidados. Veja como usar os cartões de fidelização.

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31 julho 2023
cartões de fidelização das marcas

iStock

A DECO PROTESTE selecionou 30 cartões de fidelização com componente de crédito que permitissem a adesão naquele momento. Encontrou dezenas de opções, em todo o tipo de atividades, dos hipermercados ao comércio local, passando pelo setor automóvel e até clubes de futebol. Para comparar este verdadeiro universo de cartões de forma mais eficaz, ficaram de fora aqueles ligados a marcas ou a estabelecimentos locais ou de âmbito menos abrangente em termos geográficos. A análise foi delimitada, não às vantagens específicas ligadas ao programa de fidelização da marca em questão – essas serão interessantes essencialmente para quem é cliente – , mas às vantagens associadas a uma utilização mais generalizada como cartão de crédito. Um exemplo desse uso é o que se ganha com os cartões ao nível do cashback, ou seja, a devolução ao consumidor de parte do valor gasto com o cartão.

Vantagens dos cartões de fidelização 

  • Anuidade gratuita, pelo menos, para o primeiro titular. Exceções: companhias aéreas e ACP.
  • Convertem o valor gasto com o cartão em descontos, ou pontos que podem ser utilizados para trocar por produtos ou serviços.
  • Alguns atribuem descontos mais elevados em compras, promoções exclusivas ou a possibilidade de parcelar os pagamentos em várias mensalidades sem juros.

Desvantagens dos cartões de fidelização

  • A TAEG aplicada é alta, e, se usar componente de crédito, pode ter surpresas. Existem alternativas mais baratas. Seja responsável, use-os com moderação: este slogan, de um anúncio sobre o consumo de determinadas substâncias, também se aplica aqui.
  • Alguns cartões só atribuem descontos ou vantagens a quem não pagar a totalidade do extrato todos os meses. Assim, o consumidor paga para ter descontos, devido à incidência das taxas de juro nas mensalidades. E dificilmente compensa.
  • Muitos consumidores têm mais do que um cartão de fidelização na carteira. Por isso, a tentação de solicitar também um cartão de crédito de cada uma das marcas preferidas é grande. Mas atenção: como se trata de um financiamento, o montante que for disponibilizado em cada cartão irá contar como um risco potencial de crédito e será registado na Central de Responsabilidades de Crédito do Banco de Portugal. No limite, pode impedi-lo de solicitar um crédito à habitação, por exemplo.

4 cuidados a ter com o uso dos cartões de desconto

1. Se não os usar, perde dinheiro

Se não usar o cartão, algumas marcas vão cobrar por isso. É a chamada comissão de inatividade. A regra, porém, não se aplica a todos. A DECO PROTESTE encontrou este custo nos produtos comercializados pela Oney: cartões Auchan, Norauto +, Leroy Merlin, Ikea e Must. O detentor é penalizado com um valor de 10,40 euros, se não usar o cartão de fidelização durante um ano.

Estes cartões podem ser subscritos independentemente da entidade que os emite e do banco onde se tenha a conta. Para não limitar os potenciais clientes, os débitos podem ser feitos numa conta qualquer. Não é necessário abrir uma específica, o que facilita a adesão. Todos eles têm uma página de homebanking ou uma aplicação para telemóvel que permite efetuar consulta de movimentos, pagamentos e outras operações. Mas, no acesso a alguns cartões, poderá ser necessário tornar-se cliente da associação que representam. É o caso dos cartões DECO PROTESTE e ACP. Ou ter acesso a benefícios maiores se for sócio do clube, como nos cartões do Benfica e do FC Porto. 

2. Atenção às taxas de juro

É preciso não esquecer a questão das taxas de juro. Trata-se de siameses dos cartões de crédito tradicionais: a falta de anuidade é compensada com taxas de juro mais altas quando se recorre ao crédito, e os extratos mensais não são pagos na totalidade. Daí que a taxa anual de encargos efetiva global (TAEG) se encontre, quase sempre, colada ao máximo definido pelo Banco de Portugal para este tipo de crédito ao consumo. O valor é de 17,4% para o terceiro trimestre de 2023. Por isso, em geral, não são boa opção para quem pretenda utilizar o crédito sem fazer pagamentos a 100 por cento. Ou seja, para quem não tem a dívida no cartão a zeros. Uma missão difícil quando há pouco dinheiro para pagar na totalidade, e ainda mais quando as marcas incentivam os pagamentos faseados. Este cenário poderá traduzir-se num encargo significativo para o consumidor.

Mas os cartões são mais conhecidos, evidentemente, pelos descontos e pelo acesso a promoções ou formas de pagamento exclusivas. Nos cartões das marcas, o valor das compras é transformado, no geral, em vales que só podem ser utilizados em compras na marca representada ou em parceiros. A exceção é o cartão DECO PROTESTE. Em alternativa, são disponibilizados no cartão de fidelização da marca, como no caso do cartão Universo, cujos descontos são carregados no cartão Continente, ao qual está associado, e só podem ser gastos nas lojas da marca. Mas foi identificado um problema: alguns cartões só atribuem o desconto se o cliente não pagar a totalidade do extrato todos os meses. É o caso dos cartões Mapfre, FC Porto, Media Markt, Decathlon, Jom, RP On e Fnac. Na prática, o consumidor só recebe o desconto anunciado se deixar uma parte das compras por pagar, quando recebe o extrato mensal. E assim, como explicámos, fica sujeito ao pagamento de juros. Ou seja, o desconto acaba por ser pago com os juros a suportar no final do mês, pela utilização do cartão. Dificilmente será compensador. 

Vejamos um exemplo. Num determinado cartão de fidelização, anuncia-se um desconto de 1% em todas as compras, só disponível a quem não pagar os extratos a 100 por cento. Vamos supor que o utilizador opta pelo pagamento de 10% do extrato mensal, suportando uma taxa de juro anual (TAN) de 14,3%, e que gasta 500 euros em compras todos os meses. No final do ano, obteve um cashback total de 60 euros (resultante dos 6000 euros gastos). Só que, em juros e impostos, no fim do ano, pagou 394,76 euros... Ou seja, gastou quase 335 euros a mais do que se não usufruísse do desconto. Além de acumular uma dívida no cartão de quase 3300 euros. Uma verdadeira armadilha para o consumidor mais distraído. 

3. Escolha cartões sem anuidade e pague os extratos na íntegra

Por mais tentador que seja, não podemos esquecer-nos de que este tipo de financiamento é responsável por mais de 40% dos incumprimentos no que ao crédito diz respeito. E, com o contexto económico e social que vivemos, os riscos aumentam. Existem alternativas para não gastar grandes somas de uma vez, como o crédito pessoal e os descobertos bancários, com custos mais reduzidos. Por isso, deve escolher, de preferência, um cartão sem anuidade, e fazer os pagamentos dos extratos mensais na sua totalidade. Pode ver qual a melhor opção para si, entre os cartões tradicionais, no simulador da DECO PROTESTE.

4. Não acumule cartões

Há outro cuidado a ter com estes cartões. Todos os consumidores são clientes habituais de diversas marcas, e muitos têm mais do que um cartão de fidelização na carteira. Mas, muitas vezes, nem sequer os utilizam. Se optar por um cartão com a vertente de crédito, como se trata de um financiamento, o montante que for disponibilizado em cada cartão irá contar como um risco potencial de crédito e será registado na Central de Responsabilidades de Crédito do Banco de Portugal. E é somado a outros créditos que o consumidor eventualmente tenha contratado. E contam: se for, por exemplo, solicitar um empréstimo para compra de casa, todos os montantes disponibilizados nos cartões servirão para calcular a sua disponibilidade de crédito. Se for titular de muitos destes cartões, em caso extremo, pode não conseguir financiar a compra de casa, por estar demasiado exposto ao risco...

 

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