Cartões de fidelização: prós e contras
Descontos no combustível ou nos produtos da marca: o cartão de fidelização tem muitas vantagens, mas também inspira alguns cuidados. Veja como usar os cartões de fidelização.

A DECO PROTESTE selecionou 30 cartões de fidelização com componente de crédito que permitissem a adesão naquele momento. Encontrou dezenas de opções, em todo o tipo de atividades, dos hipermercados ao comércio local, passando pelo setor automóvel e até clubes de futebol. Para comparar este verdadeiro universo de cartões de forma mais eficaz, ficaram de fora aqueles ligados a marcas ou a estabelecimentos locais ou de âmbito menos abrangente em termos geográficos. A análise foi delimitada, não às vantagens específicas ligadas ao programa de fidelização da marca em questão – essas serão interessantes essencialmente para quem é cliente – , mas às vantagens associadas a uma utilização mais generalizada como cartão de crédito. Um exemplo desse uso é o que se ganha com os cartões ao nível do cashback, ou seja, a devolução ao consumidor de parte do valor gasto com o cartão.
Vantagens dos cartões de fidelização
- Anuidade gratuita, pelo menos, para o primeiro titular. Exceções: companhias aéreas e ACP.
- Convertem o valor gasto com o cartão em descontos, ou pontos que podem ser utilizados para trocar por produtos ou serviços.
- Alguns atribuem descontos mais elevados em compras, promoções exclusivas ou a possibilidade de parcelar os pagamentos em várias mensalidades sem juros.
Desvantagens dos cartões de fidelização
- A TAEG aplicada é alta, e, se usar componente de crédito, pode ter surpresas. Existem alternativas mais baratas. Seja responsável, use-os com moderação: este slogan, de um anúncio sobre o consumo de determinadas substâncias, também se aplica aqui.
- Alguns cartões só atribuem descontos ou vantagens a quem não pagar a totalidade do extrato todos os meses. Assim, o consumidor paga para ter descontos, devido à incidência das taxas de juro nas mensalidades. E dificilmente compensa.
- Muitos consumidores têm mais do que um cartão de fidelização na carteira. Por isso, a tentação de solicitar também um cartão de crédito de cada uma das marcas preferidas é grande. Mas atenção: como se trata de um financiamento, o montante que for disponibilizado em cada cartão irá contar como um risco potencial de crédito e será registado na Central de Responsabilidades de Crédito do Banco de Portugal. No limite, pode impedi-lo de solicitar um crédito à habitação, por exemplo.
4 cuidados a ter com o uso dos cartões de desconto
1. Se não os usar, perde dinheiro
Se não usar o cartão, algumas marcas vão cobrar por isso. É a chamada comissão de inatividade. A regra, porém, não se aplica a todos. A DECO PROTESTE encontrou este custo nos produtos comercializados pela Oney: cartões Auchan, Norauto +, Leroy Merlin, Ikea e Must. O detentor é penalizado com um valor de 10,40 euros, se não usar o cartão de fidelização durante um ano.
Estes cartões podem ser subscritos independentemente da entidade que os emite e do banco onde se tenha a conta. Para não limitar os potenciais clientes, os débitos podem ser feitos numa conta qualquer. Não é necessário abrir uma específica, o que facilita a adesão. Todos eles têm uma página de homebanking ou uma aplicação para telemóvel que permite efetuar consulta de movimentos, pagamentos e outras operações. Mas, no acesso a alguns cartões, poderá ser necessário tornar-se cliente da associação que representam. É o caso dos cartões DECO PROTESTE e ACP. Ou ter acesso a benefícios maiores se for sócio do clube, como nos cartões do Benfica e do FC Porto.
2. Atenção às taxas de juro
É preciso não esquecer a questão das taxas de juro. Trata-se de siameses dos cartões de crédito tradicionais: a falta de anuidade é compensada com taxas de juro mais altas quando se recorre ao crédito, e os extratos mensais não são pagos na totalidade. Daí que a taxa anual de encargos efetiva global (TAEG) se encontre, quase sempre, colada ao máximo definido pelo Banco de Portugal para este tipo de crédito ao consumo. O valor é de 17,4% para o terceiro trimestre de 2023. Por isso, em geral, não são boa opção para quem pretenda utilizar o crédito sem fazer pagamentos a 100 por cento. Ou seja, para quem não tem a dívida no cartão a zeros. Uma missão difícil quando há pouco dinheiro para pagar na totalidade, e ainda mais quando as marcas incentivam os pagamentos faseados. Este cenário poderá traduzir-se num encargo significativo para o consumidor.
Mas os cartões são mais conhecidos, evidentemente, pelos descontos e pelo acesso a promoções ou formas de pagamento exclusivas. Nos cartões das marcas, o valor das compras é transformado, no geral, em vales que só podem ser utilizados em compras na marca representada ou em parceiros. A exceção é o cartão DECO PROTESTE. Em alternativa, são disponibilizados no cartão de fidelização da marca, como no caso do cartão Universo, cujos descontos são carregados no cartão Continente, ao qual está associado, e só podem ser gastos nas lojas da marca. Mas foi identificado um problema: alguns cartões só atribuem o desconto se o cliente não pagar a totalidade do extrato todos os meses. É o caso dos cartões Mapfre, FC Porto, Media Markt, Decathlon, Jom, RP On e Fnac. Na prática, o consumidor só recebe o desconto anunciado se deixar uma parte das compras por pagar, quando recebe o extrato mensal. E assim, como explicámos, fica sujeito ao pagamento de juros. Ou seja, o desconto acaba por ser pago com os juros a suportar no final do mês, pela utilização do cartão. Dificilmente será compensador.
Vejamos um exemplo. Num determinado cartão de fidelização, anuncia-se um desconto de 1% em todas as compras, só disponível a quem não pagar os extratos a 100 por cento. Vamos supor que o utilizador opta pelo pagamento de 10% do extrato mensal, suportando uma taxa de juro anual (TAN) de 14,3%, e que gasta 500 euros em compras todos os meses. No final do ano, obteve um cashback total de 60 euros (resultante dos 6000 euros gastos). Só que, em juros e impostos, no fim do ano, pagou 394,76 euros... Ou seja, gastou quase 335 euros a mais do que se não usufruísse do desconto. Além de acumular uma dívida no cartão de quase 3300 euros. Uma verdadeira armadilha para o consumidor mais distraído.
3. Escolha cartões sem anuidade e pague os extratos na íntegra
Por mais tentador que seja, não podemos esquecer-nos de que este tipo de financiamento é responsável por mais de 40% dos incumprimentos no que ao crédito diz respeito. E, com o contexto económico e social que vivemos, os riscos aumentam. Existem alternativas para não gastar grandes somas de uma vez, como o crédito pessoal e os descobertos bancários, com custos mais reduzidos. Por isso, deve escolher, de preferência, um cartão sem anuidade, e fazer os pagamentos dos extratos mensais na sua totalidade. Pode ver qual a melhor opção para si, entre os cartões tradicionais, no simulador da DECO PROTESTE.
4. Não acumule cartões
Há outro cuidado a ter com estes cartões. Todos os consumidores são clientes habituais de diversas marcas, e muitos têm mais do que um cartão de fidelização na carteira. Mas, muitas vezes, nem sequer os utilizam. Se optar por um cartão com a vertente de crédito, como se trata de um financiamento, o montante que for disponibilizado em cada cartão irá contar como um risco potencial de crédito e será registado na Central de Responsabilidades de Crédito do Banco de Portugal. E é somado a outros créditos que o consumidor eventualmente tenha contratado. E contam: se for, por exemplo, solicitar um empréstimo para compra de casa, todos os montantes disponibilizados nos cartões servirão para calcular a sua disponibilidade de crédito. Se for titular de muitos destes cartões, em caso extremo, pode não conseguir financiar a compra de casa, por estar demasiado exposto ao risco...
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Automóveis
BP PowerPlus
- Sem anuidade;
- TAEG de 17,4%;
- 6% de desconto em combustível BP em vales de desconto de 5 euros;
- 1 euro = 1 ponto em todas as compras;
- 1 litro = 1 ponto em combustível;
- isenção da taxa de combustível na BP;
- seguro de proteção financeira.
ACP Master
- 24,96 euros de anuidade;
- TAEG de 12,5%;
- 4% de desconto em combustíveis BP (máximo de 350 euros por mês), a que acrescem descontos imediatos entre 6 e 15 cêntimos por litro, dependendo do dia do mês;
- 1% de desconto em todas as compras;
- descontos convertidos em vales BP no valor unitário de 5 euros;
- isenção da taxa de combustível nos postos BP.
Caetano Retail
- Sem anuidade;
- TAEG de 17,4%;
- possibilidade de pagar compras na rede Caetano Go em três ou seis vezes sem juros;
- 1,5% de desconto em todas as compras;
- 2% adicionais em compras na Galp;
- limite anual de desconto de 160 euros com validade de dois anos;
- campanhas exclusivas;
- isenção da taxa de combustíveis.
Norauto +
- Sem anuidade;
- TAEG de 17,3%;
- utilização exclusiva em compras na Norauto e parceiros aderentes;
- desconto de 5 cêntimos em combustíveis Repsol;
- programa de pontos;
- acesso a campanhas exclusivas e descontos em parceiros;
- comissão de inatividade, de 10 euros, ao fim de 12 meses.
Companhias de aviação
TAP Fly +
- 41,60 euros de anuidade;
- TAEG de 14,5%;
- pagamentos fracionados três vezes em viagens TAP;
- 1 euro = 1 milha em todas as compras;
- seguro de assistência em viagem e bagagem e de responsabilidade civil no estrangeiro;
- isenção da taxa de combustível.
TAP Classic/Gold/Platinum
- 41,60 a 312 euros de anuidade;
- TAEG de 17,4%;
- programa de milhas da TAP em todas as compras;
- milhas adicionais em função do valor de compras anuais;
- pacote de seguros.
Miles&More Classic/Gold
- 26 a 62,40 euros de anuidade;
- TAEG de 17,3 a 17,4%;
- programa de milhas da Lufthansa e parceiros Star Alliance;
- 5 euros = 5 milhas em todas as compras;
- 100 milhas adicionais por cada 500 milhas mensais;
- seguro contra gastos abusivos, roubo e acidentes pessoais no estrangeiro.
Seguros
Mapfre
- Sem anuidade;
- TAEG de 17,4%;
- devolve 3% das compras pagas parcialmente para descontar em prémios de seguro Mapfre;
- limite de 5 euros mensais e 60 euros por ano;
- seguro de acidentes pessoais.
Clubes desportivos
Benfica
- Sem anuidade;
- TAEG de 17,4%;
- devolve 2% das compras para sócios do SL Benfica;
- devolve 1% das compras para adeptos do SL Benfica;
- limite anual de 156 euros, valor creditado na carteira virtual Benfica;
- seguro contra furto, roubo, perda ou apropriação abusiva.
FC Porto
- Sem anuidade;
- TAEG de 17,4%;
- devolve 2% das compras pagas parcialmente;
- limite de 5 euros mensais;
- oferta de voucher de camisola do clube;
- descontos na loja do clube;
- seguro de acidentes pessoais.
Comunicações
Vodafone
- Sem anuidade;
- TAEG de 17,4%;
- devolve 10% das compras em fatura Vodafone;
- limite de 4 euros mensais e 36 meses, desde que efetue uma compra por mês com o cartão de crédito;
- seguro de acidentes pessoais.
Lojas e grandes superfícies
Conforama
- Sem anuidade;
- TAEG de 17,4%;
- 5% de desconto em vale de compras Conforama;
- descontos exclusivos.
Euronics
- Sem anuidade;
- TAEG de 17,4%;
- programa de pontos que podem ser trocados por vales de compras.
Media Markt
- Sem anuidade;
- TAEG de 17,4%;
- possibilidade de pagar compras na Media Markt em três vezes sem juros;
- 1% de desconto na opção de reembolso de pagamento mínimo;
- limite anual de desconto de 160 euros com validade de dois anos.
Decathlon
- Sem anuidade;
- TAEG de 17,4%;
- acesso a condições de pagamento promocionais;
- 1% de desconto na opção de reembolso de pagamento mínimo;
- limite anual de desconto de 160 euros com validade de um ano.
Jom
- Sem anuidade;
- TAEG de 17,4%;
- possibilidade de pagar compras na Jom entre dez e 24 meses sem juros;
- 1,5% de desconto na opção de reembolso de pagamento mínimo;
- limite anual de desconto de 160 euros com validade de dois anos.
RP On Radio Popular
- Sem anuidade;
- TAEG de 17,4%;
- acesso a campanhas exclusivas;
- 1% de desconto na opção de reembolso de pagamento mínimo;
- limite anual de desconto de 160 euros com validade de dois anos.
Ikea
- Sem anuidade;
- TAEG de 17,3%;
- possibilidade de pagar compras no Ikea de 3 a 36 vezes sem juros;
- comissão de inatividade, de 10 euros, ao fim de 12 meses.
Fnac
- Sem anuidade;
- TAEG de 17,4%;
- 5% de desconto em cartão em compras na Fnac e na Clínica Fnac;
- 10% de desconto direto em livros e no Fnac Café;
- 2% de cashback em compras fora da loja, modalidade com juros, convertido no cartão Fidelidade. Limite anual de desconto de 160 euros com validade de um ano;
- oferta de portes de envio e de comissão de bilheteira; descontos em serviços Fnac e parceiros.
Leroy Merlin
- Sem anuidade;
- TAEG de 17,3%;
- utilização exclusiva em compras na Leroy Merlin e parceiros aderentes;
- acesso a campanhas exclusivas e descontos em parceiros;
- comissão de inatividade, de 10 euros, ao fim de 12 meses.
Must
- Sem anuidade;
- TAEG de 17,3%;
- exclusivo para compras nas lojas aderentes no Freeport Lisboa Fashion Outlet e no Vila do Conde Porto Fashion Outlet;
- possibilidade de pagamento entre três e dez vezes sem juros;
- acesso a descontos em parceiros;
- comissão de inatividade, de 10 euros, ao fim de 12 meses.
El Corte Inglés
- Sem anuidade;
- TAEG de 17,4%;
- utilização exclusiva em compras nas loja El Corte Inglés ou aderentes à rede Solred;
- 10% de desconto em livros;
- possibilidade de pagamento em três vezes sem juros;
- oferta de uma hora de estacionamento.
Universo
- Sem anuidade;
- TAEG de 17,4%;
- 1% de desconto em cartão Continente;
- desconto de 0,04 euros a 0,06 euros em combustíveis Galp;
- acesso a campanhas e formas de pagamento exclusivas.
Auchan
- Sem anuidade;
- TAEG de 17,3%;
- utilização exclusiva em compras na Auchan e parceiros aderentes;
- possibilidade de pagar em três vezes sem juros;
- 10% de desconto em produtos exclusivos e descontos em parceiros;
- comissão de inatividade, de 10 euros, ao fim de 12 meses.
Associações de consumidores
DECO PROTESTE/DECO PROTESTE Base
- Sem anuidade;
- TAEG de 8,9 a 17,4%;
- 1% de cashback em todas as compras em território nacional, exceto na versão Base;
- valor creditado trimestralmente com um mínimo de 500 euros em compras;
- isenção da taxa de combustíveis;
- acesso a descontos exclusivos em parceiros.