Fim do ADSL: quem vai perder o acesso à internet?
A internet fixa conhecida por ADSL vai em breve ser totalmente substituída por conexões mais modernas como a fibra ótica e as redes 4G ou 5G. Saiba o que isto significa para os consumidores que ainda dependem do ADSL para aceder à net.

As telecomunicações em Portugal estão em transformação. Tecnologias como o 3G deram lugar a soluções mais modernas como o 4G ou o 5G e, em breve, também o ADSL, a internet fixa a partir da antiga rede de cobre, deverá ser descontinuada para dar lugar a conexões de internet mais avançadas e com maior velocidade e estabilidade, como a fibra ótica. O objetivo é modernizar a infraestrutura de internet do País. Contudo, em vários locais de Portugal, ainda há muitos consumidores que dependem do ADSL para aceder à internet.
De acordo com os dados mais recentes da entidade reguladora do setor, a Anacom, no segundo trimestre de 2024, dos 4,7 milhões de acessos à internet fixa contabilizados no País, 68% usavam fibra ótica, ou seja, cerca de 3,1 milhões de acessos. Já 24,9% dos acessos à internet eram feitos a partir do cabo, o que corresponde a 1,2 milhões de acessos, e 5,1%, ou 237 mil acessos, dependiam de redes móveis em local fixo. Da velhinha rede telefónica de cobre, o ADSL, dependem ainda cerca de 2,5% das pessoas com acesso à internet, o que corresponde a cerca de 100 mil consumidores.
A DECO PROteste questionou os três maiores operadores de telecomunicações — MEO, NOS e Vodafone — sobre as alternativas que existem para os consumidores que, em breve, deixarão de ter acesso às conexões de internet por ADSL, mas, até à data de publicação deste artigo, não obteve resposta.
Saiba o que está, afinal, em causa com o fim da internet por ADSL.
Porque vai acabar o ADSL em Portugal?
Nos últimos 20 anos, o ADSL foi uma das principais tecnologias de acesso à internet. No entanto, nos últimos anos, esta tecnologia tornou-se obsoleta para as necessidades de velocidade e estabilidade da internet atuais. A internet fixa a partir do ADSL permite velocidades de até 24 Mbps, o que é insuficiente para suportar as necessidades de utilização atuais, nomeadamente streaming de vídeo em HD, videoconferências ou vários dispositivos conectados numa única casa.
A fibra ótica, tecnologia mais moderna e que tem vindo a substituir o ADSL, oferece velocidades que podem ultrapassar 1 Gbps e uma maior estabilidade de conexão. Já o 4G permite velocidades de até 100 Mbps ou mais, dependendo das condições da rede, e o 5G oferece velocidades que, em alguns casos, excedem os 300 Mbps.
Quantas pessoas ainda acedem à internet a partir do ADSL em Portugal?
Segundo dados da Anacom, cerca de 2,5% das conexões de internet fixa em Portugal ainda utilizam ADSL, ou seja, cerca de 100 mil pessoas.
Embora este número possa parecer reduzido, o ADSL é uma alternativa em áreas territoriais onde a expansão da fibra ótica ou das redes móveis de última geração ainda não chegou por motivos logísticos ou pelos custos elevados. Estas são, frequentemente, zonas onde também existe carência de redes móveis de qualidade, o que pode deixar muitas pessoas sem forma de aceder à internet caso o ADSL acabe.
A DECO PROteste lembra que a desativação gradual do ADSL impacta diretamente estas residências e alguns consumidores podem ficar com o satélite como única opção para acesso à internet fixa até que alternativas mais viáveis sejam implementadas.
Que alternativas existem para quem perder o acesso ao ADSL?
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Para continuar, deve entrar no site ou criar uma conta .Para quem reside em áreas onde a fibra ótica já está disponível, esta é a alternativa mais recomendada, tanto pela velocidade quanto pela estabilidade. No entanto, nas zonas onde a fibra ótica ainda não chegou, muitos consumidores podem optar pelo 4G ou 5G, que são cada vez mais oferecidos como internet móvel pelos principais operadores de telecomunicações. Estes pacotes permitem o uso da rede móvel através de um dispositivo de hotspot, que fornece acesso à internet em casa sem a necessidade de instalação de cabos.
Outra das opções pode ser a instalação de internet fixa por satélite, que em centros urbanos é pouco comum. Contudo, em zonas rurais ou mais remotas pode ser a melhor opção. Esta solução é disponibilizada por operadores como a NOS e a MEO, que têm ofertas de satélite para o serviço de televisão para pacotes com internet incluída, e por operadores como a Starlink, a Tooway, a SkuDSL e a VIvasat, que oferecem o serviço de internet fixa por satélite em Portugal.
Ainda existem zonas onde a fibra ótica e o 4G ou o 5G não chegam?
Sim, ainda há zonas em Portugal onde a cobertura de fibra ótica e de 4G ou 5G é muito limitada ou inexistente. Em alguns casos, a cobertura é parcial, mas a qualidade do serviço pode não ser satisfatória, especialmente para quem depende da internet para trabalhar ou estudar remotamente.
Para identificar as opções de cobertura disponíveis na sua área de residência, os consumidores podem utilizar a aplicação QualRede, da DECO PROteste, que permite verificar qual o operador de telecomunicações que oferece a melhor cobertura móvel em determinada área. Já para escolher um tarifário adequado às suas necessidades, use o simulador e compare com várias ofertas.
O que fazer se não tiver cobertura de fibra ou de redes móveis na minha zona?
Se ainda usa a internet fixa por ADSL, contacte o seu operador de telecomunicações e tente encontrar uma alterantiva. Algumas empresas estão a considerar a expansão de redes para áreas com maior procura e um contacto dos consumidores pode influenciar as suas prioridades de investimento em infraestrutura. Além disso, as entidades reguladoras têm incentivado os operadores a ampliar a sua cobertura, embora a implementação de novas redes seja um processo que pode levar tempo. O acesso por satélite é sempre possível, independentemente da localização.
A DECO PROteste sublinha que, embora a substituição por tecnologias mais modernas seja inevitável, é essencial que todos os consumidores possam aceder a uma ligação de internet fixa estável e rápida. Se já contactou o seu operador de telecomunicações e não lhe foi dada nenhuma alterantiva após a desativação da conexão por ADSL, apresente uma queixa através do portal Reclamar.