Canos com mais de 25 anos? Pode ter de os trocar
Se os seus canos de água já são antigos, pode estar na altura de os substituir. Conheça os sinais de alerta e saiba o que fazer se os detetar.
No século passado, os materiais utilizados nas canalizações das habitações portuguesas eram à base de chumbo e aço galvanizado. Quando começam a deteriorar-se, aqueles materiais podem contaminar a água e ser prejudiciais para a saúde. Hoje em dia, nas instalações mais recentes, já são utilizados outros materiais à base de plástico (PVC e PEX, por exemplo).
Mas ainda existem muitas casas abastecidas por água através de canos de chumbo ou aço galvanizado, muitos deles em mau estado de conservação. Se os seus canos tiverem mais de 25 anos, pode ser necessário trocá-los, para evitar que se deteriorem.
Trocar os canos: a que sinais deve estar atento?
Se a sua canalização ainda for de chumbo, é difícil perceber se a sua água está contaminada. Quando dissolvido na água, o chumbo não tem cor, cheiro, nem sabor. Mesmo em elevadas concentrações, não é percetível. Não devemos ingerir ou inalar chumbo, pois é muito prejudicial para a saúde. Por estes e outros motivos, foi proibida a instalação de canalizações com chumbo.
Caso os seus canos sejam de aço galvanizado, ou seja, canos de aço com revestimento protetor de zinco, já consegue detetar anomalias. A velocidade de circulação da água, a temperatura e alguns fatores de natureza química (pH, alcalinidade ou dureza, por exemplo) podem levar à corrosão da proteção de zinco. Quando esta proteção corrói, o aço começa a ser afetado e, ao danificar-se, transforma-se em óxido de ferro (a famosa ferrugem). Pode ter de trocar a sua canalização se detetar:
- água escura e com pouca pressão;
- infiltrações nas paredes (manchas escuras que não sejam provocadas pela humidade);
- tubagem com manchas amarelas perto do contador.
O que fazer se suspeitar da qualidade da água da torneira?
Nestas situações, pode pedir, a empresas especializadas, análises microbiológicas e microquímicas à água. Se viver num prédio, pode ser o condomínio a pedir, e o montante a pagar ser dividido pelos condóminos, se todos concordarem. O consumidor (ou o condomínio) pode contactar um laboratório que seja acreditado segundo a norma NP EN ISO/IEC 17025, para solicitar um orçamento para averiguar a qualidade da água. Poderá não ser necessária uma análise a todos os parâmetros de qualidade, focando-se essencialmente nos problemas que estão relacionados com sua canalização.
Caso se verifique que as canalizações da sua habitação, ou do prédio onde mora, estão deterioradas, devem ser substituídas.
Remodelações parciais podem provocar danos nas zonas que não sofreram reparação. Por exemplo, num prédio onde apenas se mudou a estrutura central da canalização, as instalações de cada casa podem entrar em rutura, uma vez que os canos novos ficam com maior capacidade, aumentando assim o caudal de água. Como há mais água a circular na canalização, as instalações antigas não conseguem suportar a pressão. Se não remodelar toda a instalação, é essencial colocar válvulas de pressão, que regulam o caudal da água e evitam as ruturas.
Muitas vezes, quando compra casa, ninguém lhe diz quantos anos tem a canalização. Assim, se a casa que lhe interessa for antiga, e ainda antes de adquirir o imóvel, considere contratar um serviço de inspeção da casa, que lhe ajuda a verificar o estado dos canos.
Efeitos do chumbo na saúde
Os sintomas de intoxicação aguda por chumbo variam de indivíduo para indivíduo e podem ocorrer após dias ou semanas de elevada exposição. Os sinais e sintomas da intoxicação são, frequentemente, não específicos, mas pode provocar fadiga, anorexia, cefaleias, dor abdominal, obstipação, distúrbios de sono, dificuldade de concentração e memória, depressão e/ou ansiedade, anemia (geralmente ligeira), entre outros.
A exposição crónica ao chumbo, ainda que a níveis baixos (a partir de 5 a 10 µg/dL), pode não provocar sintomas imediatos, mas ter efeitos a longo prazo ao nível renal (nefropatia por chumbo), cardiovascular (hipertensão), neuropsiquiátrico (declínio das funções cognitivas, neuropatia motora distal, sintomas psiquiátricos) ou reprodutivo (alterações ao nível do esperma).
A exposição crónica ao chumbo tem sido associada também ao aumento do risco de doenças relacionadas com a idade, como é o caso de cataratas, doença periodontal e gota.
Alguns dos efeitos tóxicos do chumbo (como a dor abdominal e a anemia) são reversíveis se a fonte da exposição for atempadamente identificada e controlada. No entanto, altos níveis de chumbo ou níveis moderados por longos períodos podem resultar em danos irreversíveis no sistema nervoso central e periférico, nos rins e outros órgãos.
Ferrugem não é prejudicial para a saúde
De acordo com a Organização Mundial de Saúde, não existe risco para a saúde se ingerir água com ferro ou ferrugem.
Para que não haja depósito excessivo de ferro no corpo, não deve ingerir mais de 0,8 mg/kg de ferro por dia (de origens variadas, exceto a terapêutica). Assim, se 10% do ferro ingerido na água estiver uma concentração de até 2 mg/l, não existirá risco para a saúde. É provável que não deixe atingir esse valor, pois tal concentração de ferro na água faz com que o sabor da mesma fique insuportável e com aparência alterada negativamente.
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