Mais de 1300 condutores avaliam estradas
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O estado do piso é o aspeto que mais influencia a satisfação dos condutores com as vias onde circulam.
- Especialista
- Ana Almeida
- Editor
- Isabel Vasconcelos

Perguntámos a opinião dos portugueses sobre as autoestradas e sobre as vias que cruzam as localidades. Constatámos que as últimas desiludem muitos portugueses, sobretudo no que toca às condições do piso, aspeto com um índice de satisfação de 4,6 em 10 pontos.
As autoestradas são mais do agrado dos condutores, mas nem todas. Das 14 para as quais obtivemos resultados suficientes, a A17 (entre Marinha Grande e Aveiro) e a A6 (da Marateca a Elvas) são as que mais agradam. As concessionárias das autoestradas, responsáveis pela exploração e pela manutenção das mesmas, devem fazer tudo para garantir a máxima segurança.
Como fizemos o estudo
Quisemos conhecer os hábitos de condução, os acidentes, as opiniões e a satisfação dos portugueses com as estradas e autoestradas nacionais. Para tal, enviámos, em junho e julho de 2021, um questionário a uma amostra da população portuguesa, com idades entre os 18 e os 79 anos. Recebemos 1373 respostas válidas de pessoas com carta de condução.
Os dados foram ponderados para se ajustarem às características demográficas dos condutores nacionais no que respeita a género, idade, região e nível educacional. Os resultados refletem a experiência e a opinião dos inquiridos.
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Começámos por pedir aos inquiridos que avaliassem vários aspetos relacionados com as estradas das localidades onde vivem e que podem afetar a segurança durante a condução. Os resultados revelam uma satisfação global baixa: 5,6 em 10. O desagrado com vários pontos é elevado, sobretudo com as condições do piso. Aliás, este é o aspeto que mais influencia a satisfação dos portugueses com as estradas das localidades.
A coexistência de automóveis, transportes públicos, bicicletas, trotinetes e peões no mesmo espaço nem sempre é pacífica e do agrado de todos. Na verdade, há que procurar o melhor equilíbrio entre quem usa as estradas, para que a segurança esteja garantida. Contudo, este é outro ponto que desagrada a quem respondeu ao nosso questionário. Cerca de um terço dos inquiridos revelou descontentamento com a coexistência de vários tipos de utilizadores nas vias das localidades. Foi entre os que vivem em zonas suburbanas que detetámos maior percentagem de insatisfação.
Das 36 autoestradas do País, incluímos no questionário as 15 com maior extensão (mais de 50 quilómetros) e que não fossem apenas suburbanas, como as circulares regionais. A A1, entre Lisboa e Porto, foi a autoestrada (ou sublanço da mesma) que os inquiridos usaram com mais frequência nos últimos dois anos: foi referida por quase um terço. Seguem-se a A8, que vai de Lisboa a Leiria, e a A2, que permite viajar entre a capital e Albufeira, no Algarve, ambas utilizadas por 12% dos participantes no estudo.
A quantidade de zonas de descanso é o aspeto com pior apreciação: 18% dos inquiridos revelaram insatisfação. As obras nas vias são outro ponto que suscita crítica, apontadas por 15 por cento. Em termos globais, descobrimos que os critérios que mais influenciam a satisfação com as autoestradas são as condições do piso e o fluxo do tráfego.
Das 15 autoestradas estudadas no inquérito, reunimos dados suficientes para conhecer o nível de satisfação com 14. A A17, entre Marinha Grande e Aveiro, e a A6, que vai da Marateca a Elvas, são as mais apreciadas, embora a A17 seja a única a conseguir uma apreciação de 8 num máximo de 10. A sinalização e a largura da via foram os aspetos que mais agradaram aos utilizadores da A17. A segurança das curvas, as barreiras laterais e o desenho das entradas e saídas foram critérios também apreciados. Já a quantidade de zonas de descanso foi o que menos agradou.
Por sua vez, na A6, a largura da via foi o aspeto mais valorizado, seguido da segurança das curvas, das condições do piso (trata-se da autoestrada com a apreciação mais elevada neste critério) e das barreiras laterais.
No outro extremo da classificação, a autoestrada que menos agrada é a A22, também conhecida como Via do Infante. As condições do piso não convenceram, o que justifica a apreciação mais baixa entre as 14 autoestradas analisadas: 6 em 10 pontos. O número de zonas de descanso e as obras na estrada, no que toca à velocidade de execução e ao impacto no trânsito, também mereceram uma avaliação baixa.
As concessionárias das autoestradas são responsáveis pela exploração e pela manutenção das mesmas. Como tal, têm de manter as vias em bom estado de conservação e de utilização, realizando, sempre que necessário, os trabalhos necessários para garantir a segurança.
A A22 está concessionada à Via do Infante, daí o nome pela qual também é conhecida. Esperamos que o desagrado demonstrado pelos condutores com as condições do piso desta via seja um sinal de alerta para que sejam tomadas medidas com vista à sua melhoria. Um piso em más condições pode pôr em causa a segurança dos utilizadores.
Os utilizadores atribuíram a outras duas autoestradas uma apreciação inferior a 7 na avaliação das condições do piso: à A8, entre Lisboa e Leiria, e à A25, que une Aveiro a Vilar Formoso. As respetivas concessionárias são a Autoestradas do Atlântico (A8) e a Ascendi (A25), a quem sublinhamos os resultados do nosso inquérito.
Verificámos a quantidade de acidentes com vítimas ocorridos nestas três autoestradas, e constatámos um aumento entre 2018 e 2019, de acordo com dados da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR). Resta saber se as condições do piso tiveram alguma influência.