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Alface iceberg: teste alerta para problemas de armazenamento e conservação

Para ajudar a escolher a melhor alface iceberg pronta a comer, a DECO PROteste avaliou nove marcas. Armazenamento pouco cuidado, com oscilações de temperatura, e prazos demasiado largos podem ser os culpados do mau aspeto em algumas marcas.

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31 maio 2024
Exclusivo
Alface cortada com faca em cima de uma tábua

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A inspeção visual foi o critério que obteve os piores resultados: um terço das nove amostras revelaram-se pouco frescas no último dia do prazo de validade, perdendo um dos principais objetivos da escolha de produtos embalados e prontos a consumir: serem práticos, sem que o consumidor tenha de selecionar as folhas. 

Entre os defeitos apontados pelos especialistas às quatro alfaces com piores apreciações estão o odor pouco fresco com notas a "velho" – e folhas de aspeto pouco fresco, com sinais de deterioração e textura murcha ou acastanhadas, inclusive com água no saco. A pior alface iceberg do teste é francamente má, por não cumprir os requisitos mínimos. Revelou má Qualidade Global.

Preços e resultados do teste a 9 marcas de alface

Má figura em frescura e odor

Tendo em conta que o principal objetivo dos legumes prontos a consumir é serem práticos, e terem boa qualidade dentro do prazo de validade, perante estes resultados, a DECO PROteste alerta para a necessidade de as marcas em causa os reverem. O excesso de confiança dos fabricantes no prazo de validade está entre as possíveis causas das falhas na frescura. Porém, como nenhuma marca apresenta a data de embalamento, é impossível saber a durabilidade atribuída ao legume.

Outro alerta refere-se às condições de armazenamento. Vários fatores podem contribuir para oscilações de temperatura, como diferenças entre a zona de armazenamento e o local de exposição. Além disso, estes produtos podem ficar algum tempo fora do frio, por estarem, por exemplo, nos corredores à espera de serem repostos nos expositores. Ou os consumidores podem desistir da compra, deixando-os fora do frio. Daí pode resultar o aparecimento de condensação no interior das embalagens, que contribui para uma mais rápida degradação dos produtos e pode ajudar a explicar estes maus resultados.

Alface embalada com prazos de validade mais curtos 

Quanto à higiene, os consumidores podem estar descansados. A maioria das amostras revelou boa higiene. Com duas exceções, que tiveram contagens mais elevadas de enterobactérias, e receberam apenas três estrelas cada.

As enterobactérias fazem parte da flora natural no trato gastrointestinal do ser humano e de animais de sangue quente e em matérias-primas de origem vegetal, como é o caso dos legumes. Algumas estão também disseminadas no meio ambiente, por exemplo, no solo, na água e em ambientes marinhos. 

Apesar de a lavagem e a desinfeção reduzirem estas contagens nos legumes, mesmo à temperatura de refrigeração a que são armazenados os produtos, continua a haver multiplicação, o que pode ser mais um motivo para rever prazos de validade.

A melhor forma de garantir que leva o produto mais fresco é escolher o que estiver mais longe do final do prazo de validade. Em casa, opte por consumi-lo rapidamente.

Nenhuma das amostras de alface do tipo iceberg tinha micro-organismos patogénicos que ponham em risco a saúde, como a Salmonella.

Sem contaminantes 

Outro bom resultado diz respeito aos nitratos, que têm teores máximos fixados por lei. Podem tornar-se perigosos caso se convertam em nitritos, pela ação de bactérias durante a digestão ou devido à formação de nitrosaminas. Ambos podem ser prejudiciais para saúde. Felizmente, todos os valores de nitratos encontrados no teste estavam longe dos limites legais.

Com o objetivo de proteger a saúde pública, também há boas notícias em matéria de contaminantes. Neste parâmetro, a grande maioria das marcas conseguiu pontuação máxima. Apenas uma alface iceberg revelou presença de resíduos de pesticidas, mas abaixo do limite legal.

Pede-se mais informação no rótulo

A avaliação da DECO PROteste revelou uma boa rotulagem, com todas as marcas a fornecerem a informação obrigatória. Há, porém, alguns conselhos no que diz respeito a informações opcionais e importantes. É o caso da rotulagem nutricional, do número de porções contidas na embalagem, da data de embalamento, das condições de conservação e de um contacto rápido com o fabricante.

Muitas marcas já apostam na apresentação do valor nutricional, mas, muitas vezes, esta não é dada também por dose e não inclui o teor em fibra. Além disso, somente metade das amostras tinha o número de porções ou doses contidas na embalagem.

Todas as marcas apresentam conselhos de conservação, mas quatro apenas indicam a temperatura a que a salada deve ser mantida: entre 1ºC e 4ºC. Seria uma mais-valia as marcas acrescentarem conselhos após a abertura da embalagem, nomeadamente sobre a importância do consumo imediato.

Truques na loja para escolher alface

A alface é a hortaliça preferida dos portugueses para saladas frescas com sabor de verão: é rica em água e em vitaminas, em especial a A, e sais minerais como potássio, cálcio e ferro. Além da facilidade de digestão, a alface é refrescante, bastante diurética e pouco calórica: tem apenas 15 calorias por 100 gramas.

Além de integrar facilmente qualquer salada e ser uma agradável forma de ingerir os nutrientes necessários ao bom funcionamento do organismo, nos últimos anos, tornou-se muito fácil e prático comer alface, sobretudo na versão chamada de quarta gama, ou seja, embalada, lavada e pronta a consumir. Há alface para todos os gostos. Os tipos distinguem-se pela forma e coloração, desde a alface francesa ou bola-de-manteiga, à batavia ou frisada e à repolhuda ou do tipo iceberg. A última, muito procurada pelos consumidores na versão embalada, foi a escolhida para o teste.

Na hora de escolher a embalagem no supermercado, alguns cuidados podem fazer toda a diferença.

  • Escolher. Prefira a alface que estiver mais longe do final da validade: a alface iceberg deve ter folhas frescas e viçosas, brilhantes e lisas, e é mais clara do que a tradicional. Deve estar a uma temperatura inferior a 4ºC. Escolha embalagens sem perfurações e rejeite as que estiverem "inchadas", com sinais de condensação ou que incluam folhas apodrecidas.
  • Acondicionar. Transporte num saco isotérmico e guarde no frigorífico até consumir. Se sentir um odor estranho, rejeite. O mesmo se aplica a sinais de podridão ou alteração da cor. Guarde o que sobrar na embalagem ou numa caixa bem fechada. Conserve no frio, no máximo, durante 24 horas.

Na preparação, a salada de alface deve ser temperada imediatamente antes de servir, para as folhas não perderem consistência. A higiene é fundamental: lave sempre as mãos quando manipular alimentos e depois de ir à casa de banho.

 

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