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Smart monitors: versatilidade e economia de espaço são pontos fortes

Custam desde 160 euros e são um híbrido entre monitor de computador e televisor inteligente. A DECO PROTESTE analisou a nova tendência e comparou-a com as alternativas. Veredicto: a possibilidade de alternar entre as duas funções de modo cómodo é um argumento de peso.

05 maio 2023
Monitor smart

SPC

Depois de telemóveis, relógios e televisores, mais ecrãs alcançaram o nirvana da inteligência. Alguns monitores externos para computador também já se dizem smart. A nova tendência integra uma plataforma de smartTV, idêntica às que se encontram na esmagadora maioria dos televisores mais recentes. Mas não é tudo. Ligações wi-fi, comando remoto e opções de conectividade, como entradas USB e HDMI, fazem parte do enxoval inteligente. Alguns, mais prendados, aproximam-se de certos monitores clássicos avançados, ao incluírem a funcionalidade HUB USB-C, que permite conectá-los, por exemplo, a um cabo de rede e a periféricos USB, como teclado, rato e câmara. A ligação ao computador é completada por meio de uma ficha USB-C, também usada para carregar o computador.

O hibridismo destes equipamentos é uma proposta relativamente recente – são ainda poucos os fabricantes que aderiram aos novos ventos. Numa pesquisa pelo mercado, a DECO PROTESTE encontrou diversos modelos da Samsung, que usam o sistema operativo Tizen, o mesmo dos seus televisores inteligentes: têm diferentes séries e diagonais que varrem desde as 27 até às 43 polegadas, e custam a partir de 160 euros. Concorrente direta da Samsung, também a LG lançou a sua cartada, com modelos que recorrem ao WebOS, com várias séries e diagonais que oscilam entre as 24 e as 32 polegadas. O preço é um pouco superior, e começa nos 170 euros. Outra marca, a SPC, que faz uso do sistema operativo Google TV, juntou-se à corrida com modelos cujas diagonais vão de 24 a 27 polegadas. O investimento é mais elevado: arranca nos 199 euros.

Será que estes equipamentos valem a pena, quando já é possível usar um televisor como monitor do computador? A DECO PROTESTE aponta as vantagens e os inconvenientes de ambas as soluções, que devem ser ponderadas na escolha. A decisão é sua.

Um televisor não pode evitar o smart monitor?

Sim, pode. No entanto, há muitas questões a considerar. Alguns televisores dizem-se adequados para as funções de monitor de computador e, em regra, têm diagonal até 32 polegadas. Há exceções, como qualquer boa regra exige. É o caso do televisor OLED de 42 polegadas da LG, que também anuncia um uso como monitor. Mas, mesmo quando não fazem alegações específicas, podem ser utilizados para esse efeito, até porque as ligações são muito simples. A grande maioria dos computadores portáteis tem saída HDMI, perfeita para ligar a um televisor LCD ou a um monitor.

A diferença entre um televisor e um monitor está na função principal. Num televisor, trata-se, como é evidente, da visualização de conteúdos de vídeo e de emissões televisivas. Assim, os modos de imagem predefinidos, como o “padrão” ou o “vívido”, implicam um grande volume de processamento de vídeo, por exemplo, para melhorar a fluidez das imagens, definir os contornos e reduzir o ruído. Este tipo de processamento é indesejável num monitor de computador, visto que cria um significativo input lag, ou seja, um atraso na representação das imagens, o que, para os jogos, é ruinoso. Já para não falar que, na utilização como monitor, muito do referido processamento é mesmo desnecessário.

Logo, uma regra importante para quem pretende usar um televisor como monitor de computador é alterar o modo de imagem para “jogo” ou “PC” – os nomes podem diferir consoante o fabricante. Ao fazê-lo, desativa uma parte do processamento e reduz, de forma muito significativa, o tal input lag.

Há ainda que ter em atenção a dimensão e a resolução do televisor. Diagonais acima das 32 polegadas, num ecrã com formato 16:9, são complicadas de acomodar, tendo em conta as distâncias de visionamento viáveis numa mesa de trabalho. Para esta dimensão, a distância mínima deve andar nos 60 centímetros, e a resolução do televisor deve, idealmente, permitir a resolução full-HD ou até 4K.

Outro aspeto tão-pouco deve ser descurado: o índice de reflexão direta, que, no geral, é mais elevado nos televisores. Dito de outra forma, o normal é o monitor do computador ter um ecrã com acabamento mate, que reduz os reflexos. Estes ficam difusos numa área maior do ecrã, sendo, como tal, menos percetíveis. O acabamento mate reduz a refletividade, mas sacrifica os níveis de contraste: por exemplo, a luz que incide e se difunde no ecrã torna os negros mais próximos dos cinzentos. Ao usar um televisor nas funções de monitor, os reflexos vão estar mais presentes, mas, claro, se serão incómodos ou não, vai depender muito do local onde é instalado (por exemplo, perto de uma janela, podem ficar mais evidentes).

A solução de converter o televisor em monitor não serve, contudo, aos adeptos dos jogos, que precisam de funcionalidades ausentes nos ecrãs mais modestos em tamanho, até 32 polegadas. Para este uso, há vantagem em optar por um painel que tenha frequência de 100 a 120 Hz, com nível de brilho máximo elevado, para tirar partido do modo HDR (otimização de contrastes), e com funcionalidades como VRR, FreeSync ou G-Sync. Este trio trabalha de modo semelhante: promove a comunicação entre a placa gráfica da consola de jogos ou do computador, e o televisor, para que o último ajuste a frequência, em hertz, de acordo com a fluidez das imagens. Vamos a um exemplo. Num jogo com um cenário muito detalhado e movimentado, a placa gráfica da consola pode não conseguir manter a fluidez máxima e, por isso, é obrigada a reduzi-la. Quando consola e televisor têm taxas de fluidez diferentes, podem ocorrer quebras nas imagens .

Não quer dizer, evidentemente, que não existam televisores com excelentes características para jogar, pensados para a utilização conjunta com consolas de última geração (veja a análise da DECO PROTESTE). Mas esses não são, em regra, os televisores principais que temos na sala, cuja diagonal, mais generosa, implica uma distância de visionamento de vários metros.

Quando pode fazer sentido um smart monitor?

A principal vantagem dos smart monitors é a versatilidade do equipamento, que permite a cómoda alternância entre o uso associado ao computador e como televisor, inclusive com o auxílio de um comando remoto.

Configuração do monitor smart

Tal como um televisor inteligente, um smart monitor envolve sempre um processo de configuração inicial.

E, como televisor, praticamente nada lhe está vedado. As apps dos serviços de streaming de vídeo, como YouTube, Netflix, Amazon Prime Vídeo ou HBO Max, correm sem problemas num smart monitor. Nos equipamentos da Samsung e da LG, por exemplo, vêm também, de origem, listas de canais IPTV, ou seja, canais de televisão transmitidos via protocolo IP.

Apps no monitor smart

Uma vez concluída a configuração, pode aceder à plataforma de smartTV e à loja de apps. Nos modelos da Samsung, vem de origem o serviço Samsung TV Plus, que contém um grande número de canais de televisão pela internet (IPTV).

Outro importante ponto a favor dos smart monitors é o espaço. Estes aparelhos fazem todo o sentido para quem pretende os dois tipos de uso e não vive num palácio, ou não pretende um exército de ecrãs na mesma divisão. Podemos juntar aqui o sempre importante argumento da poupança: um aparelho dois-em-um pode ficar mais em conta do que dois em separado.

Existem outras justificações que podem apoiar o investimento num smart monitor. É o caso de algumas possibilidades ausentes em monitores convencionais, como a monitorização de aparelhos conectados (internet of things), o uso de assistentes de voz ou a partilha de conteúdos a partir de dispositivos móveis (cast). Todas estas funcionalidades estavam, até agora, restritas aos televisores inteligentes.

O hibridismo envolve, contudo, compromissos. Uma vez que, na essência, se trata de monitores, a utilização como televisor não está à altura do que podemos obter com um aparelho dedicado. As perdas refletem-se sobretudo na qualidade da imagem dos vídeos originários de serviços de streaming. Além disso, não estão equipados com um sintonizador de televisão, pelo que não podem ser ligados a um cabo de antena. Há uma forma de contornar o obstáculo: conectar o monitor à caixa descodificadora do serviço de televisão, por cabo HDMI.

Como escolher um smart monitor?

A oferta ainda não é vasta. De momento, existem apenas monitores com três sistemas operativos: Samsung Tizen, LG WebOS e Google TV. Mas nem por isso há que ficar hesitante. Estes são também os mais interessantes sistemas operativos de smartTV, compatíveis com as principais aplicações de streaming e com funcionalidades úteis, como a partilha de conteúdos a partir de dispositivos móveis, o uso de assistentes de voz ou a monitorização de equipamentos conectados.

Preste também atenção às ligações. Recordemos que um HUB USB-C permite ligar ao monitor, por exemplo, o cabo de rede e os periféricos USB (teclados, ratos e câmaras). A ligação ao computador requer depois uma ficha USB-C. O monitor pode ser igualmente conectado à caixa descodificadora do serviço de televisão ou a uma consola de jogos. Para isso, precisará de uma ligação HDMI.

O brilho e o contraste são outras especificações do monitor. O brilho corresponde à intensidade máxima da luz emitida pelo ecrã. Por norma, os valores variam entre 200 e 400 candelas por metro quadrado (cd/m²). Um valor alto ajudará a manter uma imagem legível, mesmo numa sala muito luminosa ou com alguma incidência direta de luz. Já o contraste expressa-se pela relação entre as zonas escuras e claras. Sendo baixo, a imagem adquire um aspeto esbatido. Com o brilho máximo, esse rácio varia entre 200:1 e 800:1 na maioria dos modelos.

Se pretender usar o smart monitor para jogar, o tempo de resposta será mais um aspeto a considerar na lista de compras. Trata-se do tempo, medido em milissegundos, que um píxel leva a ir do preto ao branco, e a regressar ao preto. Quanto mais baixo for o valor, mais rápida será a resposta do ecrã, característica essencial, claro, para os gamers. Se pretender o monitor para trabalho de escritório, como enviar correio eletrónico, navegar na net ou produzir ficheiros em Word ou Excel, relaxe: o tempo de resposta não é importante.

Também vital para os jogadores é a taxa de atualização, que corresponde ao número de imagens exibidas num segundo. Os valores típicos são de 60 ou 75 . Nos convencionais monitores LCD, estes níveis são mais do que suficientes para garantir uma imagem estável. Mas, em videojogos, tornam-se muito escassos.

Por fim, não descure a ergonomia. Convém-lhe um modelo com base ajustável em altura e inclinação do ecrã, o que permite adequar o posicionamento do ecrã às suas necessidades.

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