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Protetor solar 50+ com fator de proteção abaixo do anunciado retirado das lojas

A DECO PROteste testou loções e sprays com fator de proteção solar 30, 50 e 50+ e são todos eficazes, exceto um produto infantil da marca Cien. Apesar de este anunciar um fator de proteção 50+, nos testes laboratoriais o resultado foi inferior. O Lidl Portugal reagiu retirando o produto das lojas. Descubra os melhores protetores solares e os que são imbatíveis no preço.

08 julho 2025
Protetor solar a formar a figura de um guarda-sol

iStock

A organização de consumidores testou 39 protetores solares para o corpo, 19 dos quais destinados especificamente a crianças. Estes têm um fator de proteção solar (FPS) anunciado de 50 ou 50+, aconselhado para esta faixa etária mais vulnerável, mas que também podem ser usados por adultos.

Cien Sun Cream kids SPF 50+, loção disponível em bisnaga de 200 ml no Lidl, não atinge o fator de proteção anunciado, mas há bons protetores solares com FPS 30 – o mínimo recomendado pela Direção-Geral da Saúde –, 50 ou 50+, em spray ou loção, para descobrir no comparador.

OS MELHORES PROTETORES SOLARES

Protetores eficazes contra radiações, menos um

Na infância, a pele está especialmente sujeita aos efeitos da radiação solar. Para minimizar as queimaduras e o risco de cancro de pele, as crianças devem utilizar protetor solar com FPS 50 ou 50+ quando estão ao ar livre.

Dos 19 produtos solares infantis testados, o Cien Sun Cream Kids SPF 50+ (loção em bisnaga de 200 ml), vendido no Lidl , não cumpre o fator de proteção anunciado. Tal como todos os outros, este produto foi sujeito aos testes laboratoriais realizados pela DECO PROteste, que utiliza um método híbrido (ISO 23698:2024 Cosmetics — Measurement of the sunscreen efficacy by diffuse reflectance spectroscop). Este permite manter a fiabilidade dos resultados ao mesmo tempo que elimina o risco de queimaduras solares na pele dos voluntários, tornando-se mais ético. Após falhar neste primeiro teste, o produto foi submetido a nova análise com as normas de referência mais antigas, mas os resultados só confirmaram o veredito: o FPS real é de 30, abaixo do FPS 50+ indicado na embalagem.

Este produto falha também na proteção contra os raios UVA, cujo fator deve corresponder a, pelo menos, um terço do valor de FPS. Um produto mal rotulado pode induzir uma falsa sensação de segurança nos consumidores. Como sempre faz nestas situações, a DECO PROteste reportou os resultados dos testes ao Infarmed, ao qual cabe fiscalizar e garantir a eficácia e a segurança dos produtos cosméticos.

A DECO PROteste informou o Lidl e o Infarmed dos resultados dos testes. Em reação, a marca informou de que retirou "preventivamente todos os lotes" deste produto das lojas, "com o intuito de realizar novas análises". A DECO PROteste congratula-se com a decisão da marca, considerando que serve os interesses dos consumidores.

Todos os outros protetores solares testados cumprem o fator de proteção anunciado. Também cumprem, no mínimo, com o valor de proteção contra os raios UVA.

O FPS visa proteger a pele da radiação solar do tipo UVB, na origem de queimaduras solares. Os filtros UVA destinam-se a prevenir o envelhecimento da pele, que se manifesta por danos como rugas, manchas escuras e outro tipo de pigmentação. Ambos contribuem para lesões e, mais grave, para vários tipos de cancro cutâneo.

O impacto ambiental continua a ser um aspeto a melhorar por todos os fabricantes. Os melhores neste critério não passaram da mediania. Entre os principais problemas está o desperdício. Na maioria dos casos, não se consegue aproveitar o produto até ao fim.

A DECO PROteste também detetou substâncias com impacto negativo na saúde, como octocrileno – um tipo de filtro solar, presente em dois produtos infantis – ou como o limoneno, uma fragrância alergénica.

Alguns protetores para crianças incluem perfumes, e dois dos testados apresentam fragrâncias com elevado potencial alergénico.

Em spray ou loção, qual é o melhor protetor?

Além dos testes laboratoriais, cada produto foi avaliado por 30 consumidores. Sem ver a marca, pronunciaram-se sobre aspetos como odor, textura, facilidade de aplicar, absorção e aspeto na pele. Todos foram do seu agrado. Em spray ou loção, tem total liberdade de escolha, pois as formulações são igualmente eficazes.

As loções são mais espessas e cremosas, enquanto os sprays são mais leves e transparentes na pele. Ambos são escudos eficazes contra as radiações e apreciados pelos consumidores. E são adequados para o corpo e o rosto. Caso prefira um protetor solar para o rosto, a DECO PROteste também os testou e não recomenda cinco produtos. Mas há um que é simultaneamente bom e barato. 

Se optar por versões em spray, cuidado para não pulverizar na direção dos olhos. Como com os restantes protetores em loção, aplique o produto nas mãos e espalhe depois no rosto. Evite o contorno dos olhos, para que o produto não derrame quando for à água ou se transpirar. Embora não seja perigoso, causa irritação ocular. Numa situação deste tipo, passe os olhos por água e seque bem. Use óculos de sol para proteger os olhos. 

Protetores bons não precisam de ser caros 

Pode proteger as suas crianças com a Escolha Acertada da DECO PROteste, um bom protetor solar de marca de supermercado que custa menos cerca de 19 euros por 200 ml do que a média dos restantes produtos testados. Comparativamente ao produto mais caro do teste, este nomeado permite poupar mais de 100 euros por 200 ml, com uma qualidade semelhante.

Se optar pelo Melhor do Teste, ainda assim poupa cerca de 86 euros por 200 ml face à marca mais cara para crianças. Utilize o comparador para poupar dezenas de euros neste produto indispensável nos meses de maior exposição solar.

Mas não basta comprar um bom protetor solar para se precaver. É preciso usá-lo e na dose certa, equivalente a sete colheres de chá no corpo e a uma colher cheia só para o rosto. E voltar a pôr a cada duas horas, e sempre depois dos mergulhos, mesmo que o produto diga ser à prova de água.

Habitue-se a ver o índice ultravioleta (IUV) todos os dias, no site do Instituto Português do Mar e da Atmosfera ou em qualquer aplicação de meteorologia. Pode não notar logo, mas os efeitos nefastos das radiações poderão chegar alguns anos mais tarde. Este índice mede a intensidade da radiação ultravioleta do sol num local. Varia entre zero (à noite, quando não há luz solar) e o nível extremo de 11, em que a exposição solar deve ser evitada a todo o custo. Quanto mais elevado for o IUV, maior será o potencial de danos para a pele e para os olhos, e menor o tempo de exposição necessário para que estes ocorram.

Estima-se que 80% dos cancros de pele sejam originados pela exposição solar intensa, principalmente quando ocorrem escaldões. Episódios repetidos durante a infância e a adolescência aumentam o risco, pelo que a proteção deve começar desde a mais tenra idade.

Descubra abaixo um quiz para fazer com os mais novos, à sombra do guarda-sol. Uma forma lúdica de lhes ensinar os cuidados a ter com o sol. 

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1. Os protetores solares de farmácia são caros, mas mais seguros e eficazes.

FALSO. Os testes da DECO PROteste provam que há protetores de cadeias de supermercado muito mais baratos de boa qualidade e até melhores do que alguns à venda em farmácias e perfumarias.

2. As pessoas morenas ou com a pele bronzeada não precisam de proteção solar.

FALSO. Embora as pessoas de pele clara corram maior risco de queimaduras solares, por terem menos melanina, todos os tipos de pele, mesmo os tons negros, estão sujeitos aos efeitos da radiação UV, como manchas, rugas e, pior, lesões que podem degenerar em cancro de pele.

3. Nos dias nublados ou mais frescos, não é preciso proteção solar.

FALSO. Mesmo que esteja um pouco enevoado, use T-shirt, abrigue-se sob um guarda-sol e aplique protetor solar nas zonas expostas. Uma parte dos raios solares consegue atravessar estas barreiras e é refletida pela areia, a água, a neve e até a relva. Bastam 10 a 15 minutos de exposição solar para poderem ocorrer alterações no ADN responsáveis por cancros de pele. É, por isso, tão importante que todos se protejam dos raios UV, em especial os jovens, que passam mais tempo no exterior com os amigos ou em atividades desportivas. Devem usar protetor solar e procurar sombras quando o índice UV é elevado.

4. Quanto mais calor está, maior é o índice UV e o risco de queimaduras.

FALSO. O índice UV é mais elevado no verão e por volta da hora de almoço, altura em que, geralmente, está mais calor, é certo. Mas, em dias ventosos ou no cimo das montanhas, pode estar frio e o índice UV estar igualmente elevado. Consulte o boletim meteorológico, para conhecer o índice UV. Acima de 6, é elevado e já requer proteção. Evite exposições solares prolongadas, use protetor solar, chapéu e óculos de sol em atividades ao ar livre.

5. A radiação solar pode causar doenças nos olhos.

VERDADEIRO. A exposição a níveis elevados de radiações solares está associada a fotoqueratite (queimadura solar da córnea) e há forte evidência de que a exposição regular e prolongada é um fator de risco para desenvolver catarata, pterígio e cancro da córnea e conjuntiva. Use óculos de sol na praia e no exterior.

6. Os protetores solares impedem a absorção de vitamina D pela pele.

FALSO. Os comprimentos de onda UVB que fazem o corpo sintetizar vitamina D, essencial para a saúde dos ossos e dos dentes, são os mesmos que causam queimaduras solares e mutações no ADN das células na origem de cancro de pele. Mas, para a produção de vitamina D, só precisamos de 10 a 15 minutos de exposição solar por dia. Os protetores não são 100% estanques e permitem a absorção suficiente de luz solar para produzir vitamina D.

7. Os protetores solares para crianças também são bons para adultos.

VERDADEIRO. As formulações solares infantis têm, por norma, um FPS elevado de 50 ou 50+ e estão, geralmente, isentas de fragrâncias alergénicas. São perfeitamente adequadas para toda a família, em particular para adultos com pele clara, sensível e propensa a alergias.

8. Os protetores em loção são mais espessos e protegem melhor do que em spray.

FALSO. Conferem o mesmo nível de proteção, pelo que a escolha depende do gosto pessoal. Opte por um bom produto FPS 30 ou superior e aplique-o 15 a 30 minutos antes da exposição. Renove de duas em duas horas, mesmo com o céu nublado. Proteja também os lábios, as orelhas e o dorso das mãos, locais onde surgem mais lesões pré-malignas e malignas, segundo a Direção-Geral da Saúde.

9. Os protetores solares são contraindicados para bebés até 6 meses.

VERDADEIRO. Até aos seis meses, a pele é muito sensível para usar protetor solar. Especialmente vulnerável aos efeitos nocivos dos raios UV, por ter pouca melanina (pigmento que dá cor à pele e que fornece alguma proteção solar), não deve expor o bebé ao sol. A partir dos seis meses, já pode, e deve, aplicar protetor solar para as saídas. Este cuidado é válido para todos os tipos de pele, mesmo para os tons mais escuros.

10. Gelo, manteiga e pasta de dentes são soluções eficazes para escaldões.

FALSO. Atenção às inúmeras mezinhas aconselhadas para escaldões. Corre o risco de irritar e até queimar mais a pele e agravar a situação. Os escaldões são uma resposta inflamatória da pele causada pela radiação solar. Os efeitos nem sempre são imediatos. Podem surgir três a cinco horas após a exposição. A pele fica quente, vermelha e sensível ao toque.

Para aliviar os sintomas, tome um duche frio (mas não gelado) ou aplique compressas frias na zona afetada. Beba muitos líquidos para arrefecer e hidratar o corpo. Aplique um creme hidratante – não precisa de ser after sun – ou vaselina para manter a pele fria e húmida. Evite produtos com álcool ou perfume na composição. Se causar dor, pode tomar um analgésico, como paracetamol ou ibuprofeno. E não se exponha ao sol enquanto a pele não recuperar.

As queimaduras solares em bebés requerem consulta médica. Evitar escaldões na infância e na adolescência é importante, pois aumentam o risco de cancro de pele anos mais tarde.

 

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