Protetores solares: como testamos

O protetor solar protege a pele das radiações, quando anda ao ar livre. A Direção-Geral da Saúde recomenda o uso de um produto com, no mínimo, fator de proteção solar (FPS) 30 para os adultos. Para crianças são recomendados fatores mais elevados. Nos testes em laboratório verificam-se vários parâmetros para escolher os melhores protetores solares.
Eficácia da proteção
Verificou-se o fator de proteção solar (FPS ou SPF), que define a capacidade de o produto bloquear os raios ultravioleta do tipo B, e também a proteção contra a radiação ultravioleta do tipo A (UVA).
Para testar o fator de proteção contra os raios UVB, aplicaram-se os produtos nas costas de voluntários. Simulou-se a exposição à radiação em zonas da pele com e sem protetor, através de uma máquina que simula a luz solar. Observaram-se os resultados 24 horas depois da exposição.
Para o teste de proteção contra os raios UVA, espalharam-se os produtos numa placa, que era exposta a uma quantidade controlada de radiação.
Ambos os testes foram realizados de acordo com as normas da Organização Internacional de Normalização (ISO): ISO 24444:2019 – Sun protection test methods – In vivo determination of the sun protection factor (SPF) e ISO 24443:2012 Determination of sunscreen UVA photoprotection in vitro.
O novo método de testes
Todos os novos produtos submetidos a teste e publicados em 2023 foram testados de acordo com a espetroscopia de refletância difusa híbrida (Hybrid Diffuse Reflectance Spectroscopy ou HDRS).
Com o HDRS é possível determinar o valor de proteção UVA e FPS. É um método híbrido sem necessidade de provocar uma reação cutânea eritematosa por radiação UV, mas mantendo a avaliação in vivo, ou seja, na pele de voluntários.
Os valores de proteção UVA e FPS têm uma boa correlação com os valores de UVA in vitro, norma ISO 24443, e com o golden standard do FPS, a norma ISO 24444.
Cada produto é testado com um mínimo de 10 e um máximo de 20 voluntários com resultados válidos, consoante as necessidades estatísticas. No laboratório, em adultos com diferentes tipos de pele, a mesma quantidade de protetor solar (36 mg/cm2) é aplicada uniformemente numa área de pele das costas de igual dimensão (2 cm2). Depois de deixar o protetor solar atuar durante 15 minutos, a pele é irradiada por um dispositivo que imita a luz solar e determina-se como a pele interage com ela.
A medição in vitro é realizada numa placa de polimetilmetacrilato (PMMA) de 25cm2 onde foram aplicados uniformemente 1,3 mg/cm2 de protetor solar. Após 30 minutos, medimos a permeabilidade aos raios UV da placa antes e depois da exposição a uma dose controlada de radiação. O resultado é comparado com uma placa de referência sem filtros UV para determinar a eficácia do protetor solar.
Ao combinar estas medições in vivo e in vitro, obtemos um espetro completo de absorção UVB e UVA dos produtos testados e podemos calcular o SPF e proteção UVA.
Esta nova forma de testar é uma alternativa mais ética ao antigo método ISO (ISO 24444:2019). É provável que este novo protocolo de teste seja aprovado como um método ISO em 2025. A Cosmetic Europe é a favor, e a DECO PROTESTE já mudou por razões éticas.
Os produtos que não obtiverem resultados positivos com o novo método HDRS são novamente testados de acordo com as normas ISO reconhecidas. Fazemo-lo até que o novo método seja aprovado como norma ISO.
Teste de utilização dos protetores
Completam-se os resultados do laboratório com um teste de utilização em sala de provas.
Todos os produtos são descaracterizados e mantidos nas embalagens originais, de modo que os utilizadores não possam identificar a marca. Cada produto é testado por 30 voluntários. Consistência, odor, aplicação e absorção são alguns dos aspetos analisados.
Análise aos rótulos
Verifica-se também se os fabricantes incluem na embalagem informações obrigatórias, como o contacto do fabricante, importador ou distribuidor, a durabilidade, a lista de ingredientes e precauções no uso. Além disso, examinam-se as alegações. Indicar, por exemplo, a ausência de parabenos corresponde a uma alegação interdita.
Impacto ambiental dos protetores solares
Quanto ao impacto ambiental, a análise é abrangente. Verifica-se a quantidade de protetor que fica na garrafa ou bisnaga (ou seja, a quantidade de produto que é desperdiçado), o tamanho da embalagem primária para o volume de produto, o eventual uso de uma (inútil) caixa de cartão e o impacto negativo no ambiente dos ingredientes utilizados na formulação, nomeadamente a presença de microplásticos.
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