Notícias

Resistência aos antibióticos: novos tratamentos podem salvar vidas

A investigação e o desenvolvimento de novos antibióticos, vacinas e tratamentos alternativos são armas imprescindíveis contra as resistências bacterianas, uma guerra que não está ganha. A DECO PROteste faz o ponto da situação quanto a alguns tratamentos.

Especialista:
Editor:
18 novembro 2024
Mulher num ambiente de laboratório, com uma cápsula azul entre os dedos

iStock

Bactérias, vírus e fungos há muitos, e com o dom da omnipresença nos ecossistemas, incluindo o organismo de seres humanos e animais. Alguns contribuem, por exemplo, para digerir os alimentos, tornar os nutrientes disponíveis e neutralizar as toxinas, sendo condição obrigatória para a vida; outros favorecem infeções, doenças e até a morte.

Como distinguir as bactérias boas das más? Nem sempre é fácil. Por vezes, os antibióticos funcionam como armas de destruição maciça, eliminando simultaneamente as bactérias prejudiciais, causadoras de infeções, e as benéficas, que protegem o organismo. Exercem, assim, uma pressão geradora de resistências, ao eliminarem as mais sensíveis à sua ação e propiciarem a proliferação das mais resistentes. Daí a importância de um tiro preciso.

O tiro tem também de ser letal. Quando as bactérias causadoras de doenças não são eliminadas, podem sofrer mutações e deixar de responder aos antibióticos habituais. Num caso extremo, a consequência é a morte. Estima-se que, na Europa, todos os anos, um tal cenário leve à morte de mais de 35 mil pessoas, ou seja, quase cem vidas perdidas por dia.

Ainda assim, as farmacêuticas não estão grandemente interessadas na pesquisa e no desenvolvimento de antibióticos mais potentes, observando-se até um declínio na investigação. Produzir novos antibióticos pode ser um processo longo, com um consumo imprevisível de recursos financeiros, que não sabem quando irão recuperar. Mesmo que alcancem o sucesso, os fármacos terão de passar por um longo período de testes até chegarem ao mercado.

E, se escasseiam novos antibióticos, é fundamental apostar na pesquisa e no desenvolvimento de tratamentos antibacterianos alternativos: neste cenário, terapêuticas que não apenas os antibióticos estão a ser investigadas, como o recurso a vírus bacteriófagos. Algumas opções dão esperança de sucesso, mas ainda não têm provas inequívocas de eficácia. A DECO PROteste faz o ponto da situação quanto a três destas estratégias terapêuticas.

Voltar ao topo

Anticorpos monoclonais: proteção variável

Uma das técnicas em desenvolvimento é o recurso aos anticorpos monoclonais. Os anticorpos são proteínas que o sistema imunitário produz em resposta a uma infeção. Em certas circunstâncias, podem ser colhidos e usados em tratamentos.

Enquanto as vacinas levam semanas a estimular a produção de anticorpos, estes tratamentos reforçam a imunidade de imediato. Porém, as vacinas conferem proteção de longo prazo, enquanto os anticorpos monoclonais fazem efeito por um período variável de pessoa para pessoa.

Voltar ao topo

Bacteriófagos: eficácia instável

O uso de bacteriófagos tem sido apontado como mais um possível futuro. Bacteriófagos são vírus que só podem multiplicar-se e crescer dentro de uma bactéria: infetam-na com o seu material genético, e fazem-na rebentar e libertar mais bacteriófagos, que vão atacar novas bactérias. Quando todas são eliminadas, estes devoradores deixam de se multiplicar, por já não possuírem hospedeiro.

Têm surgido casos de sucesso na manipulação de tais vírus, inclusive para descontaminar alimentos. Mas, apesar do entusiasmo, também há inconvenientes. Algumas bactérias podem tornar-se resistentes aos bacteriófagos e, se tal ocorrer, é possível que estes se comportem como veículos de disseminação de resistências. Há, assim, que continuar a investigar até que esta terapêutica possa ser usada com absoluta segurança.

Voltar ao topo

Microbiota: provas dadas contra algumas infeções

Outra técnica em estudo é o recurso à microbiota. Sabemos que, ao visarem os microrganismos patogénicos, os antibióticos podem destruir as bactérias benéficas e levar à multiplicação das resistentes.

O transplante de matéria fecal, onde residem bactérias boas, pode ajudar a recuperar o equilíbrio na flora do organismo. Trata-se de um tratamento eficaz, por exemplo, contra a bactéria Clostridium difficile, causadora de diarreia. Mais usos da microbiota estão em investigação: por exemplo, para prevenir infeções respiratórias e doenças sexualmente transmissíveis.

Além destas técnicas, estão a ser pesquisados meios de diagnóstico mais rápidos, para identificar bactérias em tempo útil, e aplicar o tratamento adequado. Rapidez é crucial na guerra contra as infeções. Para que uma simples ferida nunca mais volte a matar.

Voltar ao topo

Gostou deste conteúdo? Junte-se à nossa missão!

Na DECO PROteste, defendemos os consumidores desde 1991. A nossa independência é a chave para garantir a qualidade da informação que disponibilizamos gratuitamente. 
 
Adira ao plano Subscritor para aceder a conteúdos exclusivos e a todos os serviços. Com o seu apoio, conseguimos continuar a disponibilizar mais conteúdos de valor.

Subscreva já e faça parte da mudança. Saber é poder!
 

 

SUBSCREVER

 

O conteúdo deste artigo pode ser reproduzido para fins não-comerciais com o consentimento expresso da DECO PROTeste, com indicação da fonte e ligação para esta página. Ver Termos e Condições.

Temas que lhe podem interessar