Como testamos

Como testamos produtos de higiene oral

28 março 2025
Copo com elixir de cor verde ao lado de pasta e escova de dentes, em cima de uma mesa

28 março 2025

Em laboratório, vários produtos de higiene oral são submetidos a testes, sejam escovas de dentes elétricas, pastas de dentes ou elixires. Dependendo do produto, são vários os critérios avaliados. Conheça-os.

A DECO PROteste levou a laboratório 12 pastas de dentes, mas apenas duas revelaram boa Qualidade Global. A maioria falha na quantidade de flúor disponível, na eficácia contra manchas, na abrasão e, não menos importante, no impacto ambiental.

A organização de defesa dos consumidores testou também 12 elixires bucais, que complementam a higiene oral. Dependendo do produto, os benefícios passam pelo combate às cáries, a proteção das gengivas e a frescura do hálito.

Outro dos testes feitos pela DECO PROteste foi a 11 escovas de dentes elétricas, peça indispensável na limpeza da boca. A maioria é eficaz a remover a placa bacteriana, mas demora a carregar totalmente.

Pastas de dentes

A DECO PROteste começou por pesquisar, na rotulagem, a presença de dióxido de titânio, um elemento que confere cor branca às pastas de dentes e que está sob suspeita de perturbar o ADN, bem como de alergénios, substâncias capazes de suscitar reações em indivíduos mais sensíveis.

Mediu ainda o flúor total, um ingrediente-chave, que a lei obriga a indicar na embalagem: a regra diz que não pode superar os 1500 ppm. Mais importante do que isso, a organização de defesa dos consumidores quantificou o flúor disponível. Nem todo o flúor usado numa pasta está disponível para mineralizar os dentes. Parte pode ligar-se a outros ingredientes, como os abrasivos, o que impede que se dissolva na água e se associe ao esmalte dos dentes, acabando descartado na lavagem. Todas as pastas testadas falham, o que reforça a reivindicação da DECO PROteste: o flúor referido na embalagem deveria ser o disponível, e não o total.

Para aferir a abrasão, foi usado o protocolo de testes da agência americana Food and Drug Administration, que controla os alimentos e os medicamentos, já que este critério não é considerado na nossa lei. Uma pasta mais abrasiva tem utilidade em casos pontuais, mas pode provocar desgaste num uso diário. Os níveis de abrasão elevados ou prejudiciais, detetados em metade dos produtos examinados, mais do que justificam a reivindicação da DECO PROteste de que a abrasão seja indicada na rotulagem.

Outro critério avaliado foi a eficácia a remover manchas. As pastas mais abrasivas tendem a ser mais bem-sucedidas, mas à custa do esmalte, pelo que o ideal aponta para o equilíbrio. Até porque a eliminação de manchas depende ainda de uma boa escova, usada de modo correto.

As análises em laboratório foram complementadas com um teste de utilização. Um grupo de voluntários pronunciou-se sobre aspetos como a facilidade em retirar do tubo, a aparência, a textura, a quantidade de espuma, o sabor, a sensação de frescura e a perceção de eficácia.

Também a rotulagem foi alvo de atenção. A DECO PROteste verificou se continha as menções obrigatórias: nome e endereço do fabricante, importador ou distribuidor, lote, durabilidade, função do produto, ingredientes, flúor total e, em pastas para crianças, cuidados no uso, em caracteres legíveis e em português.

A rematar o estudo, foi analisado o impacto ambiental dos produtos. Qual o desperdício de pasta? Qual o rácio entre o peso da embalagem e o peso do conteúdo? Que materiais foram usados na embalagem primária? Existe caixa de cartão? Estão presentes substâncias nocivas para o ambiente?

Como parte da pasta de dentes é eliminada na lavagem, a DECO PROteste verificou igualmente, com base na rotulagem, a presença de substâncias agressivas para o ambiente, pela toxicidade, pela degradabilidade ou pela bioacumulação. A ausência de notas máximas no impacto ambiental global prova que é possível melhorar, e muito. E o mais fácil será começar por cortar a inútil caixa de cartão.

Escovas de dentes elétricas

Foram testadas 11 escovas de dentes elétricas. A eficácia de limpeza das escovas elétricas é testada em laboratório, e conta com a contribuição de um painel de voluntários, que têm de cumprir quatro critérios:

  • ser utilizadores habituais de escovas de dentes elétricas;
  • ter, no mínimo, 20 dentes próprios;
  • ter placa bacteriana visível;
  • ter uma boca saudável, sem cáries ou inflamações nas gengivas.

Para que os resultados sejam comparáveis, todos os voluntários têm de partir das mesmas condições e, como tal, não podem lavar os dentes, pelo menos, 12 horas antes do teste, nem comer, no mínimo, nas quatro horas anteriores ao mesmo.

Já em laboratório, com uma quantidade padronizada de pasta dentífrica com flúor, os consumidores escovam os dentes com os produtos testados, durante dois minutos, seguindo as instruções dos especialistas. A placa bacteriana é avaliada antes e após a escovagem, de forma a perceber‑se a eficácia de cada escova a limpar.

Depois de participarem no teste de eficácia, os consumidores responderam a um questionário, no qual avaliaram os modelos, tendo em conta a sua experiência.

Para avaliar as baterias, a DECO PROteste verificou a sua autonomia e o tempo de carga. Assim, no que à duração entre cargas diz respeito, para serem consideradas aceitáveis, as baterias têm de proporcionar, pelo menos, 20 utilizações, de dois minutos, antes de descarregar totalmente. Já nos tempos de carga, critério com oscilações de resultados maiores, o tempo aceitável para uma escova de dentes elétrica demorar a carregar totalmente é 13 horas, mais ou menos.

Um perito classifica a facilidade de utilização de todos os aspetos relacionados com a utilização e o carregamento da bateria. São penalizados os modelos que não têm certas informações ou elementos (falta de aviso de bateria fraca ou de base para carregamento, por exemplo). 

O ruído e a existência, ou não, de temporizador e sensores de pressão também são critérios a ter em conta. 

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