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Testes e autotestes à covid-19: conheça as diferenças e os preços

Já há autotestes que permitem detetar, numa só análise, a covid-19, o vírus da gripe e o vírus sincicial respiratório. Mas o IVA a 23% não permite que sejam deduzidos no IRS como despesa de saúde. Veja o que distingue os vários tipos de autotestes e descubra quanto custam.

Especialista:
Editor:
27 outubro 2023
Homem de meia-idade a fazer um autoteste à covid, em frente a um espelho

iStock

A chegada do outono e as novas variantes do SARS-CoV-2 em circulação levam muitas pessoas a procurarem os autotestes para perceberem se estão infetados. Atualmente, além dos autotestes de antigénio para detetar o vírus SARS-CoV-2, existem autotestes combinados, que permitem detetar não só o vírus da covid-19, mas também o vírus da gripe (influenza) A e B e o vírus sincicial respiratório (VSR).

Este tipo de produtos não estão à venda só em farmácias. Podem ser comercializados em parafarmácias e também em supermercados e hipermercados, desde que sejam mantidas as boas condições de armazenamento.

Para saber quanto custam os autotestes, entre os dias 16 e 19 de outubro, a DECO PROTeste recolheu preços em cadeias de supermercados e farmácias da Grande Lisboa e do Grande Porto. Foram visitados sete espaços de saúde de grandes superfícies (Well’s, espaços saúde do Pingo Doce e Auchan) e 11 farmácias (oito em Lisboa e três no Porto). Recolheram-se preços de dez diferentes marcas. Todos os autotestes encontrados pela equipa da DECO PROTeste procedem à análise através da recolha de exsudado nasofaríngeo, à exceção de um, que recorre à saliva.

Clique aqui para ver que autotestes entraram neste estudo de preços

Autotestes feitos por recolha de amostra nasofaríngea

  • Boiron TestCare Covid19 Autotes Nasal, da Anbio (Xiamen) Biotechnology
  • SARS-CoV-2 Antigen Rapid Test (Nasal Swab), da All Test
  • SARS-CoV-2 Antigen Rapid Test (Nasal Swab), da JusChek
  • SARS-CoV-2 Antigen Rapid Test (self-testing), da Flowflex
  • SARS-CoV-2 Antigen Rapid Test +, da Qingdao Hightop Biotech Co. Ltd.
  • SARS-CoV-2 Antigen Rapid Test Kit, da Labnovation
  • SARS-COV-2 Antigen Saliva Rapid Test Lollipop, da FlowFlex
  • Boiron Test&Care 2-in-1 Test COVID-19/Flu Nasal Self Test, da Suny Biotechnology
  • SARS-CoV-2 & Influenza A/B Ag – Combo Rapid Test, da FlowFlex
  • SARS-CoV-2 and Influenza A + B, da All Test

Autoteste feito por análise a amostra de saliva

  • Fluorecare kit teste combinado de Antigénio Sars-CoV-2 e Influenza A/B e VSR, da Schenzhen

Tanto em Lisboa como no Porto, a DECO PROTeste teve dificuldade em encontrar o autoteste que também inclui o vírus sincicial.

Autoteste 2 em 1 custa 3,57 euros

A análise da DECO PROTeste permite perceber que, em média, os autotestes são mais baratos fora das farmácias. O teste de antigénio para o autodiagnóstico da covid-19 custa, também em média, 2,33 euros. Por mais 1,24 euros, pode comprar um autoteste de antigénio combinado, que permite detetar covid-19 e a gripe A ou B, numa só análise.

Autotestes de antigénio à covid-19 e combinados
(covid-19 + gripe + vírus sincicial respiratório)
Preços SARS-CoV-2 SARS-CoV-2 e Influenza A/B SARS-CoV-2 e Influenza A/B
+
vírus sincicial respiratório
Média 2,33 € 3,57 € 2,96 €
Média nas farmácias 2,65 € 3,76 € 2,90 €
Média nas grandes superfícies 2,05 € 2,99 € 2,99 €

Atualmente, todos os autotestes têm IVA a 23%, à semelhança das máscaras e do álcool-gel. A DECO PROTeste discorda desta taxação e exige que seja reposta a taxa reduzida de IVA (6%) que esteve em vigor até ao final de 2022. A aplicação de IVA à taxa reduzida aos autotestes poderia permitir que, em alguns casos, estes gastos pudessem ser deduzidos no IRS, como despesa de saúde.

Que tipo de testes à covid-19 existem?

Os testes à covid-19 não são todos iguais e nem todos têm valor de diagnóstico. Uns são feitos em casa pelo próprio indivíduo, outros podem ser feitos em farmácias e laboratórios e outros só em laboratório, em ambiente controlado, e o custo de cada um pode variar consideravelmente. 

Há quatro tipos de testes disponíveis: testes moleculares de amplificação de ácidos nucleicos (TAAN); testes rápidos de antigénio (TRAg) de uso profissional; autotestes e testes serológicos. O seu desempenho depende muito do contexto clínico e epidemiológico em que são utilizados.  

Em traços largos, os testes à covid-19 podem dividir-se entre os que são projetados para diagnosticar uma infeção atual e os que têm como objetivo determinar se a pessoa já teve contacto com o SARS-CoV-2

Testes rápidos de antigénio de uso profissional

Os testes rápidos de antigénio (TRAg) de uso profissional desenvolvidos para o diagnóstico do SARS-CoV-2 visam detetar proteínas específicas do vírus produzidas no trato respiratório. São realizados através da colheita de amostras de exsudado (normalmente, da nasofaringe) com uma zaragatoa. Podem ser feitos em farmácias e laboratórios.

Devem ser utilizados nos primeiros cinco dias (inclusive) de doença, de modo a diminuir a probabilidade de obtenção de resultados falsos negativos. Estes testes têm melhor desempenho em doentes com cargas virais mais elevadas, o que acontece geralmente na fase pré-sintomática (um a três dias antes dos sintomas) ou nos primeiros cinco a sete dias de sintomas.

Regra geral, os resultados são obtidos 15 a 30 minutos depois da realização do teste. Os resultados positivos valem como diagnóstico da covid-19, ou seja, não é necessário realizar um RT-PCR.

Autotestes para a deteção de infeção por SARS-CoV-2

Os autotestes são testes rápidos de antigénio com execução técnica de baixa complexidade, que permitem a sua utilização pelo consumidor. Apresentam resultados mais fiáveis na fase aguda da infeção, o que coincide com o período até cinco a sete dias depois do início de sintomas. A sua utilização é útil quando existem sintomas sugestivos de covid-19, quando existe um contacto de risco com uma pessoa positiva ou presença em potenciais situações de risco.

Por regra, é necessária a recolha de uma amostra de saliva ou nasofaríngea com uma zaragatoa.

É importante seguir à risca todos os passos descritos no folheto, para que os resultados sejam fiáveis. Se comprou um teste e não planeia realizá-lo de imediato, guarde-o tendo em conta as instruções do fabricante. Se o teste estiver dentro do prazo de validade, terá a mesma capacidade de detetar novas variantes do vírus SARS-CoV-2 que um comprado na hora. Não utilize testes depois de ultrapassado o prazo de validade ou se o seu aspeto se tiver alterado relativamente à data de compra.

 

Resultado positivo para SARS-CoV-2

Se o autoteste apresentar dois tracinhos, é muito provável que haja infeção. Caso apresente sintomas ligeiros, devem ser adotadas medidas de prevenção e controlo da doença. Em caso de febre ou tosse persistente ou produtiva em pessoas com condições associadas a risco de doença grave, deve contactar o SNS24 (800 24 24 24) para ser reencaminhado para os cuidados de saúde primários. Também deve contactar a linha nas seguintes situações:

  • se sentir que não está a conseguir encher o peito de ar (dispneia) ou se tiver sinais de dificuldade respiratória;
  • em caso de febre alta que não cede a antipiréticos, cor azulada na pele (cianose), tensão baixa e vómitos frequentes;
  • em caso de imunossupressão grave.

Resultado negativo para SARS-CoV-2

O resultado negativo é apresentado sob a forma de um só tracinho junto à letra de controlo. Indica que é improvável que haja infeção. No entanto, um resultado negativo por si só não permite excluir a infeção.

As pessoas que apresentem um autoteste com resultado negativo – especialmente quem tenha sintomas persistentes ou crescentes – devem considerar fazer um novo teste, por exemplo, 24 a 48 horas mais tarde e/ou procurar testes para outros diagnósticos, inclusive para outras infeções respiratórias (como por exemplo, a gripe ou o vírus sincicial respiratório). O novo teste pode ser efetuado através de autotestagem ou por testagem profissional. Adicionalmente, pode ser obtida orientação junto do médico de família ou da linha de Saúde 24 (808 24 24 24) e devem ser mantidas as medidas básicas de prevenção e controlo de infeção, sobretudo enquanto persistirem sintomas de infeção respiratória.

Resultado inválido

Quando só a letra de teste (T) apresenta um tracinho ou não há quaisquer marcas no teste, o resultado não pode ser considerado e deve ser realizado novo teste.

Autotestes combinados para a covid-19, o vírus influenza e o vírus sincicial respiratório

A covid-19, a doença por vírus sincicial respiratório e a gripe são infeções respiratórias contagiosas que partilham vários sintomas em comum, como, por exemplo, os calafrios, a febre, a tosse e a prostração ou o cansaço). Nesse sentido, os autotestes combinados (que permitem a deteção combinada dos vírus SARS-CoV-2, influenza tipo A e influenza tipo B e/ou vírus sincicial respiratório) são úteis, já que podem ajudar a despistar de forma mais rápida o vírus envolvido. Permitem começar o tratamento mais cedo e fazer o tratamento da doença respiratória em causa.

Podem existir variações consoante o fabricante envolvido, mas o procedimento, por norma, é semelhante ao que foi descrito para os autotestes da covid-19. E há uma clara vantagem adicional: apenas uma amostra nasofaríngea (com esfregaço de ambas as narinas) é suficiente para detetar e despistar vários vírus respiratórios em simultâneo.

Note que é possível estar infetado ao mesmo tempo com o vírus SARS-CoV-2, o vírus influenza tipo A e B e/ou vírus sincicial respiratório (VSR).

A lógica da interpretação dos resultados é similar à dos autotestes da covid-19.

Resultado positivo para um autoteste combinado

Um resultado positivo significa que está sob suspeita de infeção causada por qualquer um dos vírus abrangidos pelo teste. Deve ser examinado por um médico, que confirme a infeção e lhe recomende o tratamento. Adicionalmente, mantenha as medidas básicas de higiene e etiqueta respiratória.

Resultado negativo para um autoteste combinado

À semelhança do teste à covid-19, um resultado negativo num teste combinado não descarta infeção. Devem ser mantidas as medidas básicas de prevenção e controlo de infeção, sobretudo enquanto existirem sintomas.

Caso tenha estado em contacto com uma pessoa infetada ou apresente sintomas de infeção respiratória, repita o teste passadas 24 a 48 horas para um diagnóstico mais fiável. Procure ter acompanhamento médico.

Testes moleculares ou testes de PCR

Os testes moleculares de amplificação de ácidos nucleicos (TAAN) desenvolvidos para o diagnóstico de infeção por SARS-CoV-2 são testes de pesquisa de RNA viral (o genoma do SARS-CoV-2) ou testes RT-PCR. Trata-se do método de referência para a deteção de RNA viral do SARS-CoV-2, que permite concluir que alguém está infetado com este vírus, ou seja, que tem covid-19.

No grupo dos testes moleculares de amplificação de ácidos nucleicos incluem-se os RT-PCR convencionais, feitos em tempo real, e os RT-PCR em circuito fechado, que são testes de amplificação de ácidos nucleicos, realizados geralmente em equipamentos portáteis, que permitem um resultado mais rápido quando comparados com os testes ditos "convencionais".

Para a realização destes testes moleculares, os profissionais habilitados recolhem, com o auxílio de uma zaragatoa, amostras de exsudado da nasofaringe e da orofaringe para a eventual deteção de RNA viral. A evidência científica atual mostra que o RNA de SARS-CoV-2 pode ser identificado um a dois dias antes do início dos sintomas, podendo persistir, nos casos moderados, até 8 a 12 dias depois do início da doença (embora existam casos reportados de deteção de RNA após o 28.º dia de infeção). Dependendo da capacidade do laboratório, os resultados do teste podem ser conhecidos no prazo de 24 horas após a sua requisição.

O teste de amplificação de ácidos nucleicos (TAAN) deve ser reservado para o contexto intra-hospitalar, na ausência ou incapacidade de utilização de TRAg. Também podem ser realizados em laboratórios.

Testes serológicos 

Os testes serológicos, feitos a partir de análise de amostra de sangue, detetam a presença de anticorpos (produzidos durante uma resposta imunitária à doença) e não estão recomendados para o diagnóstico de novos casos de covid-19. Os resultados destes testes ficam disponíveis nos 30 minutos seguintes depois da sua realização e visam perceber se a pessoa já teve contacto com o SARS-CoV-2.

Só é possível ter anticorpos se já tiver havido contacto com o vírus. Também é possível ter anticorpos e não estar com infeção aguda.

Para se verificar se existe ou não infeção com SARS-CoV-2, é preciso realizar outros tipos de testes, tais como os testes moleculares de amplificação de ácidos nucleicos (TAAN), os testes rápidos de antigénio (TRAg) e os autotestes.

As seguradoras ainda comparticipam os testes à covid-19?

A comparticipação do teste depende da seguradora e dos motivos que levarem o utente a fazê-lo. Por exemplo, se tiver de realizar um teste de diagnóstico à covid-19 do tipo RT-PCR devido à necessidade de ser submetido a uma intervenção cirúrgica ou a um tratamento oncológico, contacte a sua seguradora. Algumas podem comparticipar o teste nestas situações, e desde que o teste tenha sido prescrito por um médico.

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