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Herpes labial: como prevenir e produtos para tratar

Apesar de bastante comum e contagioso, o herpes labial, por regra, não tem complicações de maior. Saiba como prevenir a transmissão e conheça os produtos que ajudam a cicatrizar. 

07 fevereiro 2023
Herpes labial

iStock

O herpes labial é uma doença infecciosa causada pelo herpes simplex do tipo 1 (HSV-1), um vírus altamente transmissível, que, segundo as estimativas, atinge 66% da população mundial. A boa notícia é que, neste caso, estar infetado não é sinónimo de desenvolver sintomas. Há pessoas com o vírus que nunca tiveram, nem vão ter, herpes labial. Além disso, estima-se que “apenas” 25% a 50% dos infetados sofram recidivas.

A doença manifesta-se através de pequenas lesões, por norma, na superfície externa dos lábios, nas áreas à volta deles ou junto ao nariz. As lesões começam por surgir sob a forma de pequenas vesículas ou bolhas repletas de líquido, que se agrupam numa mesma área de aparência avermelhada e inchada. Posteriormente, tendem a romper-se, secar e formar uma crosta, que, por norma, cai sem deixar cicatriz. No total, o herpes labial costuma demorar entre cinco e dez dias a sarar completamente.

Em 80% dos casos, a primeira infeção (infeção primária) não desencadeia sintomas. Quando estes surgem, os adultos podem apresentar dor de garganta e inchaço dos gânglios linfáticos cervicais, lembrando a mononucleose infecciosa. Nas crianças pequenas, é possível surgir febre, dor de garganta, gengivas inchadas, bolhas na boca e mau hálito. Esta condição é a chamada gengivoestomatite herpética, que, no geral, dura uma a duas semanas.

Como se transmite o herpes labial?

A infeção transmite-se através do contacto direto com as lesões, a pele, as membranas mucosas ou a saliva da pessoa infetada - muitas vezes, por meio de beijos ou partilha de utensílios, como palhinhas, toalhas ou batom. Estima-se que o pico da replicação viral ocorra 24 a 48 horas após o aparecimento das vesículas. Depois, vai diminuindo até ao aparecimento da crosta. A transmissão a terceiros é mais provável quando a pessoa tem lesões típicas de herpes nos lábios. No entanto, sabe-se que 3,6% a 25% dos assintomáticos são capazes de transmitir o vírus pela saliva.

Após o contacto, o vírus entra na pele e viaja, através dos nervos sensoriais, até às estruturas nervosas localizadas perto da coluna vertebral. Aí, permanece inativo (latente), sem causar danos às células. Quando é reativado, faz o percurso inverso, dando origem ao aparecimento do herpes labial.

É possível eliminar o vírus herpes simplex?

Para já, não existe vacina que impeça a transmissão, nem tratamento que permita erradicar o vírus do organismo. Por isso, o herpes pode reaparecer inúmeras vezes ao longo da vida, sempre na área de pele em que surgiu pela primeira vez. Exposição à luz solar, febre, stresse, ciclo menstrual, uso de corticosteroides, trauma na zona da infeção ou diminuição da resposta imunitária (imunodeficiência ou imunossupressão) são fatores que podem “acordar” o vírus.

As reincidências são geralmente mais curtas e menos graves do que a infeção primária. Em geral, a recorrência da infeção não é acompanhada dos chamados sintomas sistémicos (febre, glândulas inchadas e mal-estar, entre outros), mas 85% dos doentes apresentam os sintomas típicos, como ardor, comichão e formigueiro, nas 24 horas antes das lesões. 

A frequência do herpes labial varia de pessoa para pessoa: há quem sofra recidivas todos os meses e quem as apresente poucas vezes por ano. Nos casos em que o HVS-1 ataca mais de seis vezes por ano, é aconselhável consultar o médico. 

Como se trata a lesão?

Na grande maioria dos casos, o herpes labial não requer intervenção terapêutica, já que tende a manifestar-se de forma leve e autolimitada – os sintomas, quando surgem, tendem a desaparecer sem tratamento.

Ainda assim, existem várias opções terapêuticas para tentar reduzir a frequência e a gravidade da infeção, acelerar a cura das lesões e aliviar os sintomas. Se os sintomas forem ligeiros ou moderados, o doente pode recorrer a medicamentos e dispositivos médicos não sujeitos a receita médica. Destacam-se três grupos:

  • antivirais tópicos, como o aciclovir e o penciclovir. Estão disponíveis em forma de pomada e podem ser utilizados em recidivas pontuais, para acelerar o processo de cicatrização em cerca de 12 a 24 horas. A desvantagem é que exigem várias aplicações ao dia – a cada quatro horas, no caso do aciclovir, e a cada duas horas, no do penciclovir;
  • adesivos de gel hidrocoloide, que cobrem a ferida, protegendo-a, tornam o herpes mais discreto e limitam a transmissãoEm dois ensaios clínicos, demonstraram eficácia semelhante à dos antivirais tópicos, no que se refere à cicatrização.
  • líquidos de proteção labial, que, ao formarem uma película transparente, protegem e “escondem” a ferida. A eficácia é semelhante à dos outros produtos antivirais tópicos e dos adesivos de gel hidrocoloide, mas os líquidos parecem ter melhor recetividade de médicos e pacientes. Devem ser aplicados várias vezes por dia. O trio apresenta eficácia semelhante, distinguindo-se essencialmente pela forma e regularidade da utilização.

Quando consultar o médico?

Embora raramente, o herpes labial pode resultar em complicações graves, particularmente em grupos de risco, como recém-nascidos e bebés até aos seis meses. Dado que não têm o sistema imunológico totalmente desenvolvido, estas crianças apresentam risco acrescido de febre alta e convulsões, se tiverem contacto com o vírus HSV-1.

Em crianças ou adultos com o sistema imunológico enfraquecido devido a outras doenças ou a tratamentos, por exemplo, contra o cancro, o vírus responsável pelo herpes pode potenciar o desenvolvimento de encefalite, uma infeção no cérebro. Já em doentes com eczema, o vírus pode penetrar na pele fragilizada e causar uma infeção chamada eczema herpético. Também preocupantes são as infeções oculares: se mexer na ferida e, de seguida, tocar nos olhos, o HSV-1 pode espalhar-se e provocar ceratoconjuntivite herpética, doença grave da córnea que pode levar à cegueira. O panarício herpético é outro exemplo de complicação associada ao HSV-1. Trata-se de uma infeção da pele, intensa e dolorosa, que se manifesta através de bolhas e feridas em redor dos dedos, podendo ser necessário aplicar antivirais.

Assim, importa consultar o médico, se:

  • além de herpes, tiver eczema e as defesas debilitadas;
  • houver erupção cutânea, acompanhada de febre elevada ou de dor severa;
  • as vesículas se propagarem para outras zonas do corpo, como os olhos ou os genitais;
  • tiver mais de seis episódios de herpes  por ano;
  • os sintomas não regredirem após uma semana de tratamento.

Como prevenir o contágio?

Se tiver herpes labial ativo ou outra ferida causada pelo vírus que está na origem deste, convém evitar beijos e contactos íntimos, de forma a impedir a troca de fluidos. O sexo oral é um potencial transmissor aos órgãos genitais, dando origem ao herpes genital. Este pode também ser causado por outro vírus da mesma família, o HSV-2, que se transmite via sexual.

As toalhas, lâminas, pratos, copos, garrafas, latas, talheres, palhinhas, bálsamo labial ou batom podem ser fontes de contágio, pelo que estes objetos não devem ser partilhados.

A lavagem frequente das mãos, gesto popularizado pela covid-19, é uma regra básica para prevenir e controlar infeções. Em caso de herpes, lave as mãos com frequência.

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