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Fascite plantar: o que é e como tratar

A fascite plantar resulta de uma inflamação na fáscia plantar, presente na planta do pé. Conheça as possíveis causas da condição e saiba como pode ser tratada. Veja, ainda, quando deve consultar um médico.

Especialista:
08 outubro 2024
homem a pressionar a zona do calcanhar

iStock

A fascite plantar é descrita como uma inflamação da fáscia plantar – faixa espessa de tecido que atravessa a planta do pé, ligando o osso do calcanhar (calcâneo) aos dedos.

A fáscia tem alguma elasticidade e, embora se comporte como um prolongamento do tendão de Aquiles, do ponto de vista anatómico, é tida como um ligamento, pois faz conexão entre dois ossos. Tem um papel fundamental na biomecânica normal do pé, visto que é a responsável por dar suporte ao arco e amortecer o impacto do pé contra o solo. Por diversas razões, a fáscia pode perder alguma elasticidade e inflamar, provocando dores, ou, em situações mais graves, devido à tensão excessiva, pode mesmo sofrer microrruturas.

Estima-se que cerca de uma em cada dez pessoas irá desenvolver fascite plantar em algum momento da sua vida, especialmente se tiver excesso de peso, uma profissão que exija estar muito tempo em pé ou se correr ou caminhar com frequência. É ligeiramente mais comum em mulheres do que em homens, e tende a afetar mais pessoas com idades entre os 40 e os 60 anos.

Quais são os sintomas?

O principal sintoma da fascite plantar é a dor na planta do pé, ao redor do calcanhar e do arco. Por norma, a dor intensifica-se quando dá os primeiros passos depois de dormir ou descansar, e melhora progressivamente com a marcha. Pode, ainda, piorar quando anda descalço ou em superfícies mais duras. Cerca de 80% dos casos de dor no calcanhar são da responsabilidade desta inflamação.

É frequente os pacientes com fascite plantar relatarem que perderam alguma qualidade de vida, pois a dor no calcanhar impede a execução de várias atividades do dia-a-dia. Estes pacientes tendem a procurar o tratamento antes do desaparecimento espontâneo dos sintomas. Os sintomas da fascite plantar, geralmente, duram entre alguns meses e um ano e meio, sendo que, muitas vezes, tendem a desaparecer espontaneamente.

O que causa a fascite plantar?

A fascite plantar pode desenvolver-se por vários motivos. Veja oito dos possíveis fatores que podem aumentar o risco de inflamação na fáscia plantar.

  • Treino excessivo. A prática excessiva de exercício ou de atividade física pode sobrecarregar a fáscia plantar, causando a sua inflamação. Por exemplo, o aumento súbito e abrupto da intensidade ou velocidade do treino de corrida.
  • Utilização de sapatos inadequados. Usar calçado sem suporte ou amortecimento adequados (como chinelos ou sapatos de sola fina) pode contribuir para a inflamação da fáscia plantar.
  • Correr em superfícies duras. Correr frequentemente em superfícies duras (como asfalto ou betão) pode causar um aumento do impacto repetitivo nos pés, colocando maior pressão sobre a fáscia plantar.
  • Biomecânica anormal do pé. Problemas no arco do pé, como pés planos ou com curvatura alta, ou padrões atípicos de caminhada, como pronação excessiva (inclinação excessiva do pé para dentro), podem causar um maior desgaste da fáscia.
  • Dorsiflexão limitada. Quando a mobilidade do tornozelo é limitada, devido ao encurtamento do tendão de Aquiles ou dos músculos gastrocnémios (gémeos), pode desenvolver-se fascite plantar.
  • Trabalhos que exigem estar de pé. Trabalhadores cujas profissões exigem caminhar sobre superfícies duras ou estar em pé por longos períodos são mais propensos a desenvolver esta condição.
  • Obesidade. O peso extra coloca uma pressão adicional na fáscia plantar. Há evidências que apoiam a associação entre a fascite plantar e o índice de massa corporal na população não atlética.
  • Diabetes tipo 2. Pessoas com diabetes tipo 2 têm um maior risco de desenvolver problemas nos pés, devido a défices sensitivos e motores, alterações da posição das articulações e dificuldades na cicatrização e regeneração dos tecidos.

Quando devo ir ao médico?

Se começar a ter dores constantes no calcanhar, incluindo durante a noite, ou se a dor não melhorar, piorar ou impedi-lo de fazer a sua vida normalmente, deve consultar um médico.

Deve ainda ir ao médico se, após um acidente, sentir dores no calcanhar, pois pode estar fraturado; se tiver a sensação de formigueiro ou perda de sensibilidade no pé ou na perna; ou se for diabético e tiver problemas nos pés.

O diagnóstico da fascite plantar é baseado na história clínica do paciente e num exame de palpação, onde são tidos em conta os sintomas da pessoa. É frequente esta inflamação ser confundida com outra patologia, designada por esporão calcâneo. Daí que, por vezes, sejam pedidos exames laboratoriais ou de imagem (radiografias ou ressonâncias magnéticas, por exemplo), para descartar outras condições.

Como tratar a fascite plantar

Não existem estudos suficientemente conclusivos sobre a eficácia de um tratamento em detrimento de outro. Apesar disso, as várias opções de tratamento para a fascite plantar dividem-se em cirúrgicas e não cirúrgicas.

É crucial começar por educar o paciente sobre a evolução provável da doença e a importância de adotar certas medidas, tais como:

  • descansar e reduzir atividades que causem impacto no calcanhar (como correr, dançar e saltar);
  • usar sapatos que minimizem a dor;
  • perder peso, se necessário, pois pode contribuir para a inflamação da fáscia plantar.

Depois, existem várias opções de tratamento não cirúrgicas, nomeadamente:

  • dispositivos ortóticos (sapatos adaptados, palmilhas ou suportes para os calcanhares, por exemplo);
  • exercícios de alongamento, feitos em casa ou sob supervisão de um fisioterapeuta;
  • vários procedimentos terapêuticos (ondas de choque, laser e punção seca);
  • administração de medicamentos (anti-inflamatórios) para tratar a dor e a inflamação.

Se nenhum destes tratamentos fizer efeito, o médico pode recomendar a cirurgia. A escolha do tratamento deve ser feita pelo médico, em conjunto com o doente.

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