Anemia: o que é e como prevenir
A anemia pode ter várias causas e, como tal, não existe um só tipo. Conheça cinco das anemias mais comuns e saiba quando ir ao médico e como prevenir a doença.

A anemia é uma doença em que o conteúdo de hemoglobina ou o número de glóbulos vermelhos (eritrócitos) são inferiores ao normal.
Quando as pessoas têm poucos ou anormais glóbulos vermelhos, ou hemoglobina insuficiente, há uma diminuição da capacidade do sangue para transportar oxigénio para os tecidos do corpo. E, como tal, entre os principais sintomas estão a fadiga, a fraqueza, as tonturas e a falta de ar.
Voltar ao topoO que causa a anemia?
Apesar de muitas partes do corpo ajudarem a produzir glóbulos vermelhos (eritrócitos), a maior parte é produzida na medula óssea. Os eritrócitos saudáveis duram entre 90 e 120 dias. Depois de "mortos", são removidos, e a hormona eritropoieina (produzida nos rins) avisa a medula de que é necessário produzir mais.
No entanto, quando algo neste processo não corre bem, há a probabilidade de se desenvolver anemia. Esta surge basicamente devido a três causas:
- perda de sangue, que leva, por sua vez, à perda de demasiados glóbulos vermelhos, e à consequente descida, por exemplo, dos níveis de ferro (mineral responsável pela produção de glóbulos vermelhos);
- aumento da destruição dos glóbulos antes que estes atinjam o fim natural da sua vida. É bastante comum quando a pessoa já tem outras doenças ou infeções;
- diminuição da produção de glóbulos vermelhos, devido à falta de ferro e de algumas vitaminas. Uma dieta pobre em vitaminas e minerais pode ser a causa desta situação.
Como resultado destas três causas, existem vários tipos de anemia. Cinco das mais comuns ocorrem por deficiências de ferro, de vitamina B12 ou de folato, pela destruição prematura de glóbulos vermelhos (anemia hemolítica) ou derivada de uma doença crónica.
Voltar ao topoA partir de que valores é considerado anemia?
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), os homens adultos têm anemia quando os valores da hemoglobina são inferiores a 13 gramas por decilitro (g/dl).
Já em mulheres grávidas e não grávidas, para ser considerada anemia, os valores têm de ser inferiores a 11 e a 12 g/dl, respetivamente.
Por sua vez, as crianças, entre os seis meses e os seis anos, são consideradas anémicas com níveis de hemoglobina inferiores a 11 g/dl. Em crianças a partir dos seis anos, os valores têm de estar abaixo dos 11,5 gramas por decilitro de sangue para ser considerada anemia.
Voltar ao topoQuando devo ir ao médico?
Apesar de ser, muitas vezes, assintomática, a anemia tem fatores de risco e sinais aos quais deve estar atento. Assim, consulte um profissional de saúde se:
- tiver fadiga, falta de ar, batimentos cardíacos acelerados ou pele pálida;
- fizer uma alimentação inadequada, pobre em vitaminas e minerais, pois pode ser um fator de risco para a anemia;
- perder muito sangue durante a menstruação;
- tiver sintomas ou condições gastrointestinais tais como úlceras, gastrite, hemorroidas, fezes com sangue ou cancro colorretal;
- esteve num ambiente onde foi exposto à presença de chumbo.
Acesso a conteúdos exclusivos!
Crie uma conta grátis e explore uma seleção de conteúdos para Simpatizantes.
Não tem conta? Criar conta gratuita
O conteúdo deste artigo pode ser reproduzido para fins não-comerciais com o consentimento expresso da DECO PROTeste, com indicação da fonte e ligação para esta página. Ver Termos e Condições. |
Exclusivo
Para continuar, deve entrar no site ou criar uma conta .Muitos tipos de anemia são leves, de curto prazo ou até fáceis de prevenir. Comer alimentos saudáveis pode ajudar a evitar a anemia por deficiência de ferro e de vitaminas. Não necessita de suplementos vitamínicos se seguir uma dieta equilibrada e saudável.
Assim, opte por alimentos com alto teor de ferro (carne bovina, vegetais de folhas verde-escuras ou frutos secos, por exemplo), com vitamina B12 (laticínios e carne) e com ácido fólico (sumos cítricos, leguminosas ou cereais, por exemplo).
A suplementação diária de ferro e ácido fólico é, atualmente, recomendada, pela Organização Mundial da Saúde, como parte dos cuidados pré-natais, de forma a reduzir vários riscos, nomeadamente, anemia materna e deficiência de ferro durante a gravidez.
1 - Anemia por deficiência de ferro
Desenvolve-se quando as reservas corporais de ferro não são suficientes para suportar a produção normal de glóbulos vermelhos. É chamada anemia ferropénica e é a forma mais comum, afetando cerca de 500 milhões de pessoas no mundo.
Alguns estudos consideram que as pessoas vegetarianas e veganas apresentam maior risco de terem este tipo de anemia devido à falta de proteína animal na dieta.
Entre as causas mais comuns estão:
- ingestão de ferro inferior às quantidades diárias recomendadas;
- perdas de sangue, devido, por exemplo, a doenças gastrointestinais ou a menstruação abundante;
- má absorção de ferro, devido à toma de medicação ou à doença celíaca, por exemplo.
A anemia ferropénica leve pode não provocar sintomas. Porém, quando é mais severa, tende a causar fadiga, falta de ar, cãibras, intolerância ao frio, pouca resistência a infeções, défice de atenção, dificuldade em engolir alimentos sólidos, dor no peito, palidez, fissuras nos cantos da boca ou unhas em forma de colher (coiloníquia).
É diagnosticada por exames ao sangue (hemograma completo) e história clínica do paciente. O tratamento depende da gravidade da anemia, sendo a suplementação com ferro, a terapia de ferro parental e as mudanças alimentares – comer alimentos ricos em ferro, como carnes vermelhas magras e feijão – algumas soluções.
A maioria das pessoas com deficiência de ferro precisa de 150 a 200 miligramas, por dia, deste mineral (dois a cinco miligramas de ferro diários, por cada quilograma de peso corporal).
2 - Anemia por deficiência de vitamina B12
Quando o corpo não tem vitamina B12 suficiente, os glóbulos vermelhos ficam muito grandes e não se dividem normalmente, dificultando a sua saída da medula óssea. A vitamina B12 permite a produção de eritrócitos saudáveis e o bom funcionamento do sistema nervoso. É conhecida como anemia megaloblástica.
As principais causas deste tipo de anemia são:
- anemia perniciosa, doença autoimune que reduz a absorção de vitamina B12 e destrói as células que produzem a proteína fator intrínseco, essencial na absorção da vitamina;
- dieta pobre em vitamina B12. É incomum, mas pode ocorrer em pessoas veganas que não comam alimentos fortificados com B12;
- medicamentos como inibidores da bomba de protões (IBP).
No início, os sintomas são os típicos da anemia. Porém, o agravamento da doença, se não for tratada, pode provocar sintomas cerebrais e do sistema nervoso (dificuldade em andar, confusão, pensamento lento ou perda de memória, alterações de humor, problemas de visão, diarreia, perda de peso e movimentos incontroláveis).
O diagnóstico pode basear-se no historial médico e familiar, em exame físico e em análises ao sangue, e o tratamento varia consoante a causa e a severidade da doença. Na maior parte das vezes, requer injeções intramusculares ou doses orais elevadas de vitamina B12, durante a vida. Se esta anemia for causada pela dieta, faz-se uma injeção e suplementação. Se for provocada por medicação, esta deve ser substituída ou ajustada a dose.
3 - Anemia por deficiência de folato
Ocorre quando a falta de folato faz o organismo produzir glóbulos vermelhos anormalmente grandes, que não funcionam corretamente. O folato (vitamina B9) é uma vitamina essencial presente em frutas, vegetais de folhas verdes, fígado e outros alimentos. O ácido fólico é a forma sintetizada de folato. As reservas de folato no organismo são baixas e suficientes apenas para cerca de quatro meses.
Existem alguns fatores que podem causar este tipo de anemia, tais como:
- ingestão inadequada de folato (frequente em pacientes com insuficiência renal ou hepática e anorexia, por exemplo);
- absorção de folato prejudicada (comum em celíacos);
- metabolismo prejudicado que leva à incapacidade de utilizar o folato absorvido;
- fases da vida mais exigentes (infância, gravidez, lactação ou anemia hemolítica crónica, por exemplo);
- aumento da excreção de folato (comum em pessoas com alcoolismo crónico).
Os doentes com deficiência de folato podem relatar sintomas ligeiros de neuropatia periférica ou perturbação psiquiátrica. Esta deficiência na gravidez pode resultar em malformações congénitas.
É diagnosticada com base no historial médico pessoal e familiar, em exames físicos e no resultados de análises ao sangue. Como forma de tratamento, o paciente deve tomar suplementação com ácido fólico para corrigir a deficiência. São também recomendadas dietas ricas em frutas e vegetais.
4 - Anemia hemolítica
É caracterizada pela destruição prematura dos glóbulos vermelhos – quando estes são destruídos mais rapidamente do que são substituídos. Este tipo de anemia pode ser adquirido ao longo da vida ou herdado, e as causas mais comuns prendem-se com:
- doenças hereditárias, como anemia falciforme e talassemia;
- doenças autoimunes;
- falência da medula óssea;
- utilização de imunoglobulina G intravenosa (IGIV);
- exposição a produtos químicos tóxicos e consumo de drogas;
- infeções;
- medicamentos antivirais;
- após substituição de válvula cardíaca.
A hemólise (destruição dos glóbulos vermelhos) leve pode ser assintomática. Já a grave pode ser fatal e levar ao desenvolvimento de angina e descompensação cardiopulmonar. Alguns sintomas são idênticos a todos os tipos de anemia (fadiga, pele pálida, dificuldade em respirar, dor no peito, entre outros). Pode também provocar arrepios, icterícia, dor no abdómen e nas costas, e baço aumentado.
Com base no historial médico pessoal e familiar, em exames físicos e no resultados de testes como análises ao sangue, pode diagnosticar-se este tipo de anemia. Quando há anemia grave, as transfusões de sangue são a base do tratamento. Porém, consoante a gravidade da doença, modalidades de tratamento mais específicas podem ser adotadas. Também podem ser usados medicamentos que suprimem o sistema imunológico. Outra opção é administrar ácido fólico e ferro.
5 - Anemia devido a doença crónica
Ocorre como parte de uma doença inflamatória crónica, uma doença autoimune (especialmente artrite reumatoide) ou uma doença renal, bem como devido a insuficiência cardíaca ou cancro. É a segunda anemia mais frequente em todo o mundo.
É uma anemia multifatorial e, como tal, as suas causas ainda não são bem compreendidas. Pode manifestar-se devido à falta de ferro, diminuição da eritropoiese e resposta reduzida à eritropoietina (hormona que controla a eritropoiese – o processo de produção de células vermelhas do sangue).
A anemia pode manifestar-se de forma bastante subtil num paciente que já tenha uma doença crónica. No entanto, caracteriza-se pelo aparecimento ou aumento do cansaço, da palidez, da falta de ar e da taquicardia.
É diagnosticada da mesma forma que as restantes anemias, através do historial médico do paciente para se identificar a causa, de exames e de testes laboratoriais. O tratamento, neste caso, requer que a doença subjacente seja primeiramente tratada. Há situações em que a suplementação de ferro pode ser útil. Mas, em doentes sem suspeita de deficiência de ferro ou com infeção aguda não controlada, a toma de ferro é geralmente evitada. O tratamento deste tipo de anemia varia, assim, de caso para caso.
O tratamento da anemia varia consoante a causa e a sua gravidade. Porém, regra geral, são tomadas algumas medidas: aumentar a contagem de glóbulos vermelhos para melhorar a capacidade de transporte do oxigénio no sangue, tratar a disfunção que causa a anemia, prevenir complicações e aliviar sintomas, melhorando a qualidade de vida do doente.
As pessoas com anemia ligeira ou moderada, que não provoca sintomas e se mantém estável, não precisam, à partida, de tratamento.