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Óleo da árvore do chá: aplicações cosméticas e implicações

Conhecido pelas propriedades antissépticas e anti-inflamatórias, o óleo da árvore do chá  — ou tea tree oil — continua a apresentar algumas limitações no que diz respeito ao seu uso e existem novos dados sobre a sua segurança. Saiba o que está em causa.

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05 dezembro 2025
Óleo de árvore de chá num frasco castanho, pequenos recipientes de vidro transparente com amostras da planta por baixo, fundo verde

iStock

O óleo da árvore do chá, também chamado de óleo de melaleuca (ou tea trea oil  TTO, em inglês), é um óleo essencial, conhecido pelas suas propriedades medicinais como antisséptico e anti-inflamatório. No entanto, as evidências científicas para a maioria das suas aplicações são limitadas.

Produtos com Tea Tree Oil

O óleo da árvore do chá é uma mistura de diversos componentes. Está presente em produtos cosméticos, como cremes de rosto, produtos de limpeza facial, elixir bucal, gel de banho e champôs. Também pode encontrar produtos com este óleo na sua forma pura ou misturado com outros óleos.

Na lista de ingredientes dos rótulos dos produtos cosméticos, encontra este óleo com a designação de Melaleuca alternifolia (Tea Tree) Leaf Oil.

O óleo foi testado em diversas áreas da medicina, incluindo medicina dentária (para redução da placa bacteriana), dermatologia (para redução das lesões e inflamação do acne), doenças infecciosas, oftalmologia (para controlar a infeção por ácaros Demodex) e podologia (para controlar o pé de atleta).

Ainda assim, é necessário investir em mais ensaios clínicos rigorosos em humanos para esclarecer os potenciais benefícios do óleo da árvore do chá nomeadamente no tratamento da acne, lesões de molusco contagioso, doença periodontal e doenças oculares causadas por ácaros Demodex. 

Tea Tree Oil no tratamento de piolhos

O óleo da árvore do chá também tem vindo a ser procurado como uma alternativa natural contra ectoparasitas, nomeadamente para a prevenção e tratamento de piolhos.

A DECO PROteste realizou um estudo sobre a utilização de uma mistura de óleo de coco e de óleo de árvore do chá, diluída em água. Os resultados demonstraram que, ao fim de 15 minutos de aplicação, o tea tree oil provou ser menos eficaz do que o óleo de coco sozinho. Matou cerca de 80% dos piolhos, mas nenhuma das lêndeas.

Veja qual o melhor produto para eliminar lêndeas e piolhos no comparador da DECO PROteste.

Segurança e implicações na saúde

Em fevereiro de 2024, o Comité de Avaliação de Risco da Agência Europeia dos Produtos Químicos - ECHA emitiu um parecer que recomenda classificar o óleo da árvore do chá como tóxico para a reprodução humana, categoria 1B, podendo afetar a fertilidade, tendo em conta as evidências em animais.

Com base neste parecer, a Comissão Europeia poderá propor que esta classificação seja incluída oficialmente no regulamento europeu que estabelece regras para a classificação, rotulagem e embalagem de substâncias e misturas químicas.

A lei relativa aos produtos cosméticos (Regulamento (CE) n.º 1223/2009) determina que a segurança das substâncias classificadas como cancerígenas, mutagénicas ou tóxicas para a reprodução (substâncias CMR) deve ser avaliada tendo em conta a exposição proveniente de todas as fontes (cosméticos, produtos químicos, alimentos, medicamentos), segundo uma abordagem abrangente.

A regra geral proíbe substâncias classificadas como CMR 1A ou 1B. Apesar disso, estas substâncias podem ser autorizadas em produtos cosméticos se cumprirem cumulativamente determinadas condições.

  1. Avaliação favorável do Comité Científico para a Segurança dos Consumidores (SCCS). A substância deve ser considerada segura para uso cosmético.
  2. Utilização em alimentos. A substância deve também ser permitida em alimentos, em conformidade com a legislação alimentar da União Europeia.
  3. Falta de alternativas adequadas. Não existirem alternativas tecnicamente viáveis que sejam seguras.
  4. Utilização específica e controlada. A substância deve ser utilizada apenas na categoria de produto cosmético e em condições de exposição que o SCCS considere seguras.

Parecer da Comissão Europeia

A 14 de novembro de 2025, a Comissão Europeia divulgou o parecer final do SCCS sobre a segurança do óleo da árvore do chá para utilização em produtos cosméticos na União Europeia. 

O SCCS considera segura a utilização deste óleo como agente antisseborreico e antimicrobiano em quatro tipos de produtos: em champô, até uma concentração máxima de 2%; em gel de banho e em sabonete facial, até 1%; e em creme facial até 0,1 por cento.

O SCCS já tinha avaliado anteriormente a segurança do TTO em 2004 e em 2008, destacando que o TTO é um sensibilizante cutâneo e pode provocar irritação da pele, bem como alergia de contacto.

É importante ressalvar que o TTO não se destina a ser utilizado em crianças e, portanto, a utilização do TTO em produtos cosméticos deverá ser exclusivamente para adultos.

Crianças e peles sensíveis

Tendo em conta o novo parecer do SCCS, será expectável que a regulamentação seja futuramente atualizada, limitando a concentração máxima permitida deste ingrediente nos produtos cosméticos. Até lá, e seguindo o princípio de precaução, a DECO PROteste desaconselha a utilização de produtos contendo tea tree oil em crianças, bem como em adultos com pele sensível ou tendências a alergias. 

A DECO PROteste considera que é urgente regular as concentrações máximas deste óleo nos produtos cosméticos e proibir nos que se destinam às crianças.

 

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