No dia 16 de maio, após ter sido levantada a medida de quarentena obrigatória em unidade hoteleira para os passageiros que aterrassem na Região Autónoma dos Açores, e tendo em conta que a única companhia aérea a voar para a Região era a TAP, procurei, no site desta, as disponibilidades de viagens para Ponta Delgada. A voo com disponibilidade mais cedo que encontrei foi o voo TP 2451, do dia 25 de maio, com partida de Lisboa ás 8h05. No entanto, aquando da reserva, efectuada no dia 16, só havia disponibilidade em classe executiva. Fiz a reserva ficando esta com um custo total de 393,46€ (só ida).No dia da viagem, ainda na sala e embarque, verifiquei que não estariam na sala não mais do que 25 passageiros.Já no interior do avião, verifiquei que a classe executiva dispunha de 10 lugares, distribuídos por 3 filas (1ª fila – Lugares C e D e 2ª e 3ª filas com lugares A e B + C e D).Sentado na última fila da classe executiva, 3D, verifiquei que nesta classe estavam 7 passageiros, distribuídos da seguinte forma:1C (vazio) 1D (ocupado)2A (ocupado) + 2B (vazio) 2C (ocupado) + 2D (ocupado)3A (ocupado) + 3B (ocupado) 3C (vazio) + 3D (ocupado)Daqui resulta que, exceptuando os lugares 3A e 3B - que eram ocupados por um casal que assim entendeu fazer a reserva, os passageiros dos lugares 2C e 2D foram colocados, lado a lado, sem estar cumprida a regra de distanciamento entre passageiros em vigor à data. Inclusive, os passageiros daqueles lugares mostraram à Tripulação o seu descontentamento, pelo facto de terem adquirido um bilhete em classe executiva e não ter sido acautelado pela TAP o distanciamento entre passageiros.Ou seja, a TAP vendeu lugares em executiva ultrapassando os limites de lugares admissíveis (7 em 10 – 70%).Por outro lado, conforme já referido, o voo não tinha mais do que 25 passageiros, ou seja, a classe económica, dada como indisponível quando efectuei a minha reserva (outros passageiros que viajavam em classe executiva também confirmaram que aquando das suas reservas não havia disponibilidade em classe económica), afinal, tinha menos de 20 passageiros. Ou seja, a TAP vendeu primeiro os lugares da classe executiva (alguns passageiros disseram que pagaram 500€!) e, só depois, vendeu os da classe económica, com a agravante de ter vendido mais lugares dos que os que devia em classe executiva.Confrontada a Tripulação do voo, parte menos culpada desta situação, esta informou posteriormente os passageiros descontentes que, segundo informações da Companhia, a grande quantidade de lugares vazios em classe económica se deveu à não comparência dos passageiros para o voo, “non show’s”. Considero esta justificação um perfeito disparate e um atentado à inteligência das pessoas, pelos menos, àquelas, que, como eu, estão minimamente por dentro do funcionamento das reservas. Comparando o preço dos bilhetes praticados pela TAP para a mesma rota neste período de Covid-19, o preço médio dos bilhetes em classe económica tem rondado os cerca de 260€ a 290€.Quase 300€! Tendo em conta todas as restrições de mobilidade impostas aos passageiros que pretendem viajar para a RAA, alguém acredita que várias dezenas de pessoas compraram o bilhete - que na classe económica é não reembolsável – pagando-o no acto da reserva, não compareça ao voo sob pena de perder o dinheiro, a não ser que altere a sua viagem pagando as respectivas penalizações? Na minha opinião o argumento invocado é completamente ridículo e insultuoso. Então num avião com capacidade para cerca de cerca 100 passageiros, podendo transportar, com as restrições actuais, cerca de 66, teve cerca de 40 que não compareceram ao voo????Deve ser a forma que a TAP encontrou para fazer face aos elevados prejuízos que tem vindo a acumular e para atenuar a perda ainda maior neste tempo de pandemia!!!!!!Dado que sou residente nos Açores, pelo facto de não ter tido acesso a uma reserva em classe económica, não terei direito ao subsidio de mobilidade, ou seja, quando a viagem, no máximo, me poderia ter ficado por 67€, acabei por pagar 393,46€, por isso, exijo ser reembolsado porque me sinto, literalmente, enganado. PS: Houve passageiros que mudaram de lugar para a classe económica por aí estar a ser cumprido o distanciamento social, situação que não se verificava em classe executiva.A RTP Açores passou o testemunho de um dos passageiros que viajava em executiva e que, por sua iniciativa, se mudou para a económica.