Exmos. Senhores,
Venho por este meio apresentar a minha reclamação relativamente ao processo de financiamento que iniciei junto da vossa instituição há cerca de quatro meses, referente a um projeto habitacional constituído por duas casas de madeira, com projeto já aprovado pela respetiva Câmara Municipal.
Desde o início, toda a documentação foi entregue conforme solicitado (em novembro de 2024). No entanto, mesmo com o processo documental completo e em ordem, o financiamento arrastou-se por mais de quatro meses sem qualquer resolução clara. No início de fevereiro foi-nos garantido que a aprovação seria concluída em 1 a 2 dias úteis. Com base nessa promessa, deslocámo-nos propositadamente a Portugal com a intenção de assinar toda a documentação necessária. Contudo, durante os oito dias em que estivemos no país, o banco foi sucessivamente adiando o processo, até que, no último dia antes do nosso regresso ao Reino Unido, nos foi dito para não nos preocuparmos, pois poderíamos assinar tudo online, à distância. Essa informação revelou-se falsa algumas semanas depois, quando nos foi comunicado que afinal teríamos de nos deslocar novamente a Portugal, em abril, para assinar presencialmente a escritura. Entre fevereiro e abril, recebemos diversos contactos telefónicos nos quais nos foram transmitidas informações contraditórias, muitas das quais se revelaram falsas. Essas informações erradas levaram-nos a adiar decisões importantes e a transmitir dados incorretos à empresa construtora responsável pelo projeto.
Acresce que, ao longo do processo, nos foi dito várias vezes que já havia uma pré-reserva para assinatura da escritura e que tudo estava alinhado, restando apenas algumas “pequenas burocracias internas”. Esta informação passou-nos confiança de que tudo estava encaminhado e sob controlo. No entanto, fomos surpreendidos no final com a comunicação de que, afinal, o crédito não estava aprovado. Ora, como é possível marcar uma escritura sem financiamento validado? Esta incoerência demonstra uma enorme falta de rigor e seriedade por parte da vossa equipa.
Para além da inaceitável demora, fomos surpreendidos com a justificação final de que o financiamento não poderia ser aprovado por se tratar de duas casas no mesmo terreno — argumento que nunca nos tinha sido referido anteriormente. Importa salientar que tanto a arquiteta responsável pelo projeto como o avaliador externo refutaram essa incompatibilidade, confirmando nos respetivos pareceres que o projeto e a documentação estavam conformes e em condições de financiamento.
Depois de muita insistência da nossa parte, com prazos apertados e pressão constante sobre os vossos colaboradores, foi-nos então transmitido que a única forma de avançar com a aprovação do crédito de duas casas seria garantirmos, por nossa conta, o valor adicional necessário para a construção das fundações — cerca de 11 mil euros. Apesar de não termos sido informados desta exigência no início, respondemos em menos de 24 horas, confirmando que tínhamos essa verba disponível e prontos a avançar. No entanto, passámos novamente semanas sem qualquer resposta, sem retorno de chamadas, e sem conseguirmos falar com alguém responsável. Mais tarde, foi-nos dito que afinal teríamos também de assegurar os 65 mil euros correspondentes ao início da fase de fabrico das casas, pois a Caixa apenas libertaria as tranches posteriormente. Isto é inadmissível, pois contradiz tudo o que nos tinha sido indicado até então e no total já tínhamos disponibilizado cerca de 38 mil euros de capital próprio. A constante mudança de critérios e exigências pareceu-nos uma tentativa deliberada de nos empurrar para desistir do crédito. Sentimo-nos discriminados enquanto portugueses residentes no estrangeiro, como se o nosso esforço para regressar e investir em Portugal não fosse valorizado.
Esta situação resultou em prejuízos financeiros diretos, incluindo o aumento dos custos de fabrico (cujo preço inicial já estava fixado) e o pagamento antecipado de 20% do valor total. Acresce um impacto emocional considerável, com elevados níveis de ansiedade e instabilidade no seio da nossa família.
Adicionalmente, a forma como fomos tratados pela equipa responsável foi, em muitos momentos, desrespeitosa e negligente. Os documentos foram solicitados repetidamente, como se os anteriores nunca tivessem sido entregues, revelando uma clara desorganização interna. Nunca obtivemos respostas claras por email, sendo as comunicações feitas quase exclusivamente por telefone, o que demonstra falta de ética, transparência, e profissionalismo. Para além disso, sentimos que o processo foi conduzido por alguém sem a experiência necessária para lidar com a complexidade da situação. O mais preocupante é o facto de, aparentemente, a documentação do projeto só ter sido analisada com o devido rigor na última semana — após quatro meses de espera. Inclusive, quando solicitámos um endereço de email para formalizar uma reclamação, o nosso pedido foi recebido com desdém.
Gostaria ainda de sublinhar que somos emigrantes que pretendem investir e regressar ao seu país de origem, o que torna a falta de profissionalismo, de empatia e de respeito pelo cliente ainda mais inaceitável. A má gestão, a falta de comunicação clara e a postura desinteressada demonstrada ao longo de todo o processo são incompatíveis com os valores que se esperam de uma instituição bancária como a Caixa Geral de Depósitos.
Por todos estes motivos, apresento formalmente esta reclamação e informo que não pouparei esforços em divulgar esta situação publicamente, para que outros clientes estejam cientes do modo desrespeitoso, irresponsável e não profissional com que fomos tratados.
Melhores cumprimentos,
Renato Claudino e Sara Claudino
11/05/2025
(Cópia de reclamação a ser enviada para a Caixa Geral de Depósitos)