Como testamos champôs para cães

Tal como nós, os cães precisam de uma boa higiene para a sua saúde e bem-estar. Mas há que escolher um bom champô, específico para cães, pois a sua pele não é igual à nossa, nomeadamente em termos de pH. A rotulagem deve dar instruções sobre como aplicar e incluir alertas para um uso seguro.

Análise à luz dos cosméticos para humanos

Para ajudar os consumidores a fazerem as melhores escolhas, a DECO PROteste analisou champôs de uso frequente para cães, sem substâncias desparasitantes nem indicação para problemas de pele (que requerem recomendações do veterinário). Lamentavelmente, não existe legislação que especifique os ingredientes autorizados nos produtos de uso veterinário, em que se incluem os champôs para cães.

A DECO PROteste defende que estes produtos devem ser seguros para os animais, é certo, mas também para os humanos, que os irão aplicar. Analisou-os, por isso, à luz da legislação dos produtos cosméticos. 

Champô com pH adaptado à pele dos cães

Os testes foram adaptados para ir ao encontro da especificidade da pele dos cães, nomeadamente em termos de pH. Um champô para cães deve ter um pH próximo de 7,5.

Em laboratório, avaliou-se o pH dos champôs em teste com um medidor de pH, constituído por um elétrodo e um circuito potenciómetro.

Os produtos para humanos, cujo pH deve rondar os 5,5, são muito ácidos para a pele dos cães. Podem, por isso, causar irritações e secura na pele sensível dos animais. A análise do pH dos champôs para cães é, por isso, um critério essencial na avaliação destes produtos.

Fragrâncias alergénicas e conservantes prejudiciais

A diretiva europeia que rege os cosméticos enumera dezenas de ingredientes não autorizados, pela sua toxicidade, e os limites para alguns. Exige também que certas fragrâncias alergénicas permitidas em determinadas concentrações sejam indicadas na rotulagem, quando presentes.

Em laboratório, a DECO PROteste determinou a presença e concentração de 28 fragrâncias alergénicas e 5 conservantes do grupo das isotiazolinonas. Foram utilizados métodos de cromatografia gasosa com detetor de espectrometria de massa e cromatografia líquida com detetor espectrometria de massa. 

A legislação impõe concentrações muito baixas nos cosméticos. O mesmo deve aplicar-se aos produtos para animais. 

Impacto ambiental da embalagem e dos ingredientes

A análise do impacto ambiental envolve vários parâmetros. Verificou-se que tipo de materiais são utilizados nas embalagens e se estas incorporam materiais reciclados, bem como a relação entre o tamanho da embalagem primária para o volume de produto. Verifica-se a quantidade de champô que fica retida no fundo da garrafa ou bisnaga, para averiguar se há desperdício. 

A rotulagem deve informar o consumidor sobre o ecoponto adequado, para a correta reciclagem da embalagem quando o produto acaba.

A composição do champô também é cuidadosamente analisada. A DECO PROteste investiga o impacto de alguns ingredientes dos champôs: efeitos disruptivos endócrinos para o ambiente, toxicidade, degradabilidade e bioacumulação.

São penalizados todos os produtos que incluem conservantes e outras substâncias nocivas para o meio aquático, já que estes produtos são escoados para o esgoto.

Rotulagem para garantir bom uso do produto 

Portugal é dos poucos países europeus com legislação para produtos de uso veterinário (PUV), em que se incluem os champôs para cães. 

Estes produtos devem ter autorização de venda (AV). O número, emitido pela Direção-Geral da Alimentação e Veterinária, deve estar inscrito no rótulo para estar à venda no mercado nacional.

A par da data de validade, a rotulagem deve dar instruções claras sobre como aplicar o produto e incluir alertas de segurança. É obrigatório referir que se deve "manter (o produto) fora do alcance das crianças" e que se destina a "uso externo".

A DECO PROteste verifica se todos os requisitos legais relativamente à informação prestada na rotulagem são cumpridos. Mas vai mais além. Por exemplo, é importante que os fabricantes deem instruções para aplicar estes produtos com luvas quando estes incluem ingredientes potencialmente irritantes para os humanos.

Além disso, defende que as embalagens deveriam ser seladas, por uma questão de higiene e conservação do produto.