Como testamos

Café: como testamos

22 abril 2024
saco de serrapilheira com grãos de café do lado esquerdo; bule a deitar café numa chávena branca do lado direito

22 abril 2024
São levadas para o laboratório amostras de café das variedades mais vendidas. Com o top da DECO PROteste, pode tomar em casa expressos bons e baratos. Saiba como é testado o café.

Para testar as 20 marcas de café em grão, no laboratório analisa-se a composição química, com base no extrato aquoso, nas cinzas e na humidade (na qual reside o segredo da conservação do café). Faz-se também pesquisa aos contaminantes, em particular a ocratoxina A (toxina produzida por fungos). Finalmente, ao acaso, e sem desvendar marcas, cada café é avaliado por provadores experientes, que avaliam cor, textura e persistência do creme, intensidade e complexidade do aroma, corpo, amargor, adstringência e persistência do sabor.

A DECO PROteste avalia também os impactos ambientais causados pelos materiais da embalagem. Para esta avaliação considera-se que, para preparar cada chávena de café, são necessários sete gramas de café, o que, no final do ano, e considerando 700 cafés, perfaz quase cinco quilos. Que impactos têm os materiais das embalagens? Podem ser reciclados? A maioria das marcas e modelos contêm plástico e alumínio, e nenhuma apresenta embalagem secundária. Distinguem‑se as embalagens mais leves das mais pesadas, considerando a quantidade de produto, um critério também utilizado pelo rótulo ecológico da União Europeia. A menor relação entre o peso da embalagem (medido pelo laboratório) e o conteúdo do produto (pesado em rótulo) é menos nociva, uma vez que há menos produção de material, logo, menos resíduos.

Os resultados são bastante positivos, pois, além de as embalagens serem leves, o facto de a quantidade de café contida nas embalagens permitir preparar um grande número de cafés leva a que seja possível minimizar o impacto da embalagem. Assim, prefira capacidades maiores, disponíveis na maioria das marcas, para menorizar os efeitos ambientais negativos.

Café em cápsulas

A arte de fazer café consiste em misturar duas ou mais variedades numa fórmula equilibrada. Arábica e robusta são as principais. A primeira, com teor em acidez mais elevado, é cultivada em quase todo o mundo, enquanto a segunda, com cerca do dobro da concentração em cafeína, provém essencialmente de África.

Para testar café em cápsulas, o laboratório começa por analisar justamente o teor em cafeína. Depois, afere a humidade, o extrato aquoso, as cinzas e a presença de ocratoxina A, uma micotoxina.

Sem problemas de composição detetados nas marcas, tanto ao nível da humidade, como das cinzas, ou ainda do extrato aquoso, a degustação acaba por ser, com a análise ambiental dos materiais, um fator de diferenciação entre marcas. Embora gostos não se discutam, alguns parâmetros podem contribuir para a escolha. É o caso da consistência e da persistência do creme ou da uniformidade da cor. Estes e outros aspetos são avaliados por um painel de especialistas numa prova cega e sem adição de açúcar.

Os provadores começam por apreciar a cor, a intensidade, a uniformidade, a consistência e a persistência do creme. Em seguida, investigam a intensidade e a complexidade do aroma, assim como o equilíbrio entre acidez, amargor e adstringência, a qual corresponde à sensação de boca “encortiçada” ou de “verde”. Apreciam ainda o corpo ou a consistência do café e procuram odores ou sabores que não deveriam estar presentes, que são considerados defeitos.

A DECO PROteste avalia também os impactos ambientais causados pela quantidade de café e pelos materiais da embalagem, para verificar que produtos representam o "mal menor". As embalagens exteriores devem ser concebidas com materiais leves e dimensionados ao volume do produto, para minimizar a quantidade de resíduos gerados. Há ainda que somar eventuais embalagens interiores desnecessárias, bem como o peso das cápsulas vazias. O material da cápsula é igualmente relevante. Combinar três ou mais materiais é considerado uma má prática, pois desrespeita os critérios de preparação para a reciclagem. Por fim, contabiliza-se a quantidade de café por cápsula.

De acordo com a legislação em vigor, as cápsulas não são consideradas embalagens e, como tal, não podem ser colocadas no ecoponto amarelo, independentemente de serem em plástico ou alumínio. No entanto, estes materiais têm potencial para serem reciclados, pelo que o consumidor deverá aderir aos sistemas de recolha que alguns marcas já disponibilizam. O café presente nas cápsulas usadas pode ser aproveitado como fertilizante, e o plástico ou alumínio das cápsulas pode dar origem a novos produtos.

Deposite as cápsulas usadas em sistemas de recolha e reciclagem. Algumas marcas, como a Nespresso, a Buondi, a Delta Q e a Dolce Gusto, disponibilizam este serviço. Há também campanhas de hipermercados e de algumas câmaras municipais, com vista à recolha seletiva de cápsulas usadas. Se nenhuma destas hipóteses for viável, o último reduto é depositar as cápsulas no lixo indiferenciado. A embalagem exterior, usualmente de papel, deve ser colocada no ecoponto azul.

Se tivermos em conta um consumo de 700 cafés por ano, isto é, dois por dia, entre cartão, plástico e alumínio, estamos a falar de um total de resíduos que pode chegar quase aos nove quilos por ano, com diferenças de mais de quatro quilos entre os produtos que geram mais e menos resíduos. 

Se o material das cápsulas for analisado, nenhuma das marcas mereceu a pontuação máxima. Combinar três ou mais materiais é considerado uma má prática, pois desrespeita os critérios de preparação para a reciclagem.

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