Sardinha em lata: mais de metade das marcas com qualidade muito boa
Os portugueses adoram sardinhas, em fresco ou em conserva. A DECO PROteste analisou "até à espinha" 18 conservas em azeite, com bons resultados. Duas marcas vencem este confronto. Poupe 50 cêntimos por lata com a Escolha Acertada.

Os portugueses compram cada vez mais sardinha enlatada: com um aumento nas vendas de 12% ao ano, a sardinha em azeite tornou-se, nos últimos anos, uma tendência. Este crescimento acompanha o aumento de procura das conservas em geral. Em 2022, a venda de conservas de peixe atingiu 185 mil toneladas, com um crescimento de 7% ao ano.
As conservas são práticas e podem permanecer armazenadas durante bastante tempo em ótimas condições. É este bom estado de preservação das sardinhas – as mais procuradas, a seguir ao atum em lata, líder incontestado do segmento, com 85% de quota – que mostram as análises da DECO PROteste a 18 marcas à venda. Foram testadas amostras de sardinha inteira enlatada, sem cabeça nem vísceras.
O teste revela problemas em algumas latas e amostras que continham resíduos aquosos mais elevados. Na análise sensorial, a maioria passou com distinção, mas a textura e/ou a oxidação impediram que alguns tivessem melhor resultado.
As melhores sardinhas em azeite
Os resultados são bastante positivos: peso líquido indicado correto, sem sal em demasia e amostras sem questões microbiológicas. De uma forma genérica, as embalagens também não revelaram problemas, apesar de terem sido encontradas latas com microrruturas, que podem pôr em causa a integridade do produto.
Há algumas "espinhas" a ter em conta na hora de escolher os enlatados. As embalagens devem estar em perfeitas condições, para que a lata garanta a segurança do alimento em diferentes condições de armazenamento, no comércio e pelo consumidor. Feito em cinco unidades de cada lote, o exame às embalagens considerou o exterior, tendo em conta fatores como sinais de aumento do volume, amolgadelas, corrosão e defeitos de cravação.
Já no que diz respeito ao interior, além da inspeção visual quanto a manchas, defeitos no verniz e corrosão, foi efetuado o exame de spot check, com o intuito de verificar microrruturas. A maioria das amostras conseguiu resultados muito bons. Por vezes, apareceram pequenas amolgadelas e/ou um leve frisado junto à cravação, mas sem importância. Duas amostras, porém, apresentaram unidades com microrruturas na linha de enfraquecimento, o que pode prejudicar a integridade do produto.
Outro critério foi a determinação do peso líquido total e do peso líquido escorrido, ou seja, a quantidade de peixe sem o molho de cobertura. A comparação dos valores indicados na embalagem face aos obtidos nos testes em laboratório, em dez embalagens, revela bons resultados. Todas as amostras tinham valores médios determinados para o peso líquido e escorrido superiores aos indicados.
Menos sal na sardinha enlatada
Mesmo em quantidades um pouco mais elevadas, a presença de água no meio de cobertura (foi verificado que se tratava de azeite pelo perfil de ácidos gordos) não costuma estar associada a uma adição intencional. Habitualmente, está relacionada com a matéria-prima e com aspetos do processo de fabrico, como a água cedida pelo peixe durante o tratamento térmico. Os valores obtidos nas latas, expressos em percentagem de resíduo aquoso face ao peso líquido total, variaram entre 3 e 8,8 por cento. A generalidade das marcas recebeu boa nota. As exceções foram o Continente e a Dorita, com resíduo aquoso superior a 8%, o valor máximo tomado como referência.
O sal é outra das espinhas da sardinha enlatada. Considerado um dos culpados pelo aumento da pressão arterial, cancro do estômago e problemas cardiovasculares, entre outras maleitas, este ingrediente pede uma ingestão moderada, com a Organização Mundial da Saúde a recomendar que a ingestão diária não supere os cinco gramas diários num adulto. A Minerva revelou um teor em sal inferior a 0,5 por cento.
Rotulagem das conservas a melhorar
A rotulagem facilita uma escolha adequada e uma correta atuação no consumo e na conservação. As informações devem ser completas, esclarecedoras e verdadeiras. Os resultados são ambíguos. Os rótulos cumprem os requisitos legais, mas alguns aspetos podem ser melhorados. O valor nutricional e energético aparece sempre por 100 gramas de peso líquido escorrido ou por 100 gramas de produto, quando seria mais útil que esta informação constasse por conteúdo escorrido, como acontece nos produtos Pingo Doce e PorSi.
Outra omissão é a data de embalamento das sardinhas em azeite. A sua indicação seria uma mais-valia, para que pudéssemos consumir a conserva depois do período ótimo de maturação: três a seis meses para obter as suas características organoléticas.
A referência ao nome científico da espécie, a indicação do local onde o peixe foi capturado, a zona de captura e/ou as artes de pesca utilizadas são referências que também não constam em muitas embalagens. Apesar de não serem obrigatórias, esclareceriam consumidores mais exigentes.
Por outro lado, a quantidade de peixe existente nas latas não é referida em todas as listas de ingredientes, e as condições de conservação tão-pouco foram prioritárias em 30% dos produtos analisados.
Mas nem tudo são más notícias nos rótulos das sardinhas em lata. A maioria realça a importância das condições de conservação e do período de consumo após a abertura da embalagem. Uma vez aberta, se não consumir todo o conteúdo, mantenha-o refrigerado e deixe, no máximo, para o dia seguinte.
Sardinha mesmo boa
Com algumas espinhas pelo caminho, chegamos à importante análise sensorial, feita por especialistas treinados em análise sensorial de pescado. O teste incluiu um exame visual e olfativo e uma prova: as latas foram abertas imediatamente antes da avaliação.
Os resultados são positivos: todas as marcas apresentaram os peixes bem arrumados na lata, com tamanho uniforme, facilmente separáveis, bem descabeçados, sem barbatana caudal, nem ruturas (parede abdominal e/ou músculo) ou corpos estranhos, e maioritariamente sem vísceras. Mas também os houve menos positivos. Devem-se sobretudo a textura mole ou fibrosa, aroma e sabor a oxidado ou fermentado. No produto Socilink, verificou-se uma oxidação generalizada e, por vezes, uma cor escurecida.
O melhor peixe em cada mês
Quais as espécies ameaçadas a riscar? Escolha a categoria e o pescado e descubra o mês ideal para o degustar.
Variar é a regra de ouro no consumo de peixe. Para garantir menor exposição a alguns contaminantes, melhor nutrição e a sustentabilidade das espécies, o segredo é variar. Queremos continuar a comer peixes como a nossa sardinha, uma espécie quase ameaçada. A fresca deve ser consumida entre julho e dezembro, fora do período de reprodução e com tempo suficiente para engordar e estar no seu melhor. Outro cuidado é não adquirir peixe pequeno, com tamanho abaixo do mínimo de captura definido por lei. Para continuar a comer peixe de forma sustentável, consulte o guia e veja o período de cada espécie.
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Entre as 12 amostras com muito boa qualidade, destaque para duas: as sardinhas em azeite El Corte Inglés Selection e Minerva. Ambas granjearam 83% na avaliação, conquistando o título de Melhor do Teste.
QUALIDADE GLOBAL (%) | PREÇO (€) | RESULTADOS | ||||||||
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Conservas de sardinha em azeite | Embalagem (fevereiro 2024) | Peso escorrido (g) | Embalagem | Tipo de cobertura | Resíduo aquoso | Sal | Rotulagem | Análise sensorial | ||
EL CORTE INGLÉS SELECTION | ![]() |
83 | 1,15 | 87 | ![]() |
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MINERVA | ![]() |
83 | 1,49 - 1,99 | 85 | ![]() |
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HACENDADO (Mercadona) |
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80 | 1,65 | 2x84 | ![]() |
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LA ROSE | 79 | 2,39 | 88 | ![]() |
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AUCHAN | 78 | 0,94 - 1,19 | 84 | ![]() |
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LÍDER | 78 | 0,99 - 1,25 | 84 | ![]() |
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RAMIREZ | 78 | 1,26 - 2,09 | 88 | ![]() |
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ALVA (Continente) |
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77 | 0,94 | 85 | ![]() |
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BOM PETISCO | 77 | 1,19 - 1,69 | 84 | ![]() |
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PINGO DOCE | 77 | 1,09 | 85 | ![]() |
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CONSERVAS SANTOS | 76 | 1,85 - 2,49 | 90 | ![]() |
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VASCO DA GAMA | 75 | 1,14 - 1,39 | 84 | ![]() |
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GENERAL | 73 | 1,12 | 88 | ![]() |
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PORSI (Intermarché) |
71 | 0,89 - 1,49 | 84 | ![]() |
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CONTINENTE | 64 | 0,94 | 85 | ![]() |
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SOCILINK | 62 | 2,90 | 90 | ![]() |
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DORITA | 50 | 0,94 | 84 | ![]() |
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NIXE (Lidl) |
50 | 0,82 | 84 | ![]() |
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Melhor do Teste
Escolha Acertada
Escolha Verde

Há também duas Escolhas Acertadas, com a melhor relação entre a boa qualidade e o preço: a Hacendado, do Mercadona, com avaliação global de 80%, ao excelente preço de 1,65 euros por duas latas; e a sardinha em azeite Alva, do Continente, com 77 por cento.
El Corte Inglés Selection

Melhor do Teste com 83% de Qualidade Global. Molho sem problemas. Sal aceitável. Muito bom na análise sensorial.
Minerva

Melhor do Teste com 83% de Qualidade Global. Molho sem problemas. É o produto com menos sal. Bons resultados na análise sensorial.
Hacendado (Mercadona)

Escolha Acertada com 80% de Qualidade Global. Molho de cobertura com alguma água. Sal em quantidade aceitável. Muito bom resultado na análise sensorial.
Alva (Continente)

Escolha Acertada com 77% de Qualidade Global. Molho de cobertura com alguma água. Quantidade de sal aceitável. Bom desempenho no exame sensorial.