Como tirar o melhor partido da máquina fotográfica
Um dos segredos para tirar boas fotografias passa por conhecer a máquina fotográfica e as respetivas funções. A luz, o modo de disparo e o tipo de cena são truques que pode usar. Saiba como obter os melhores resultados.
- Especialista
- António Alves
- Editor
- Sofia Frazoa e Filipa Nunes

Comprou uma máquina fotográfica, mas não sabe como tirar o melhor partido dela? Há passos simples a seguir para conseguir as melhores fotografias. Caso esteja a pensar comprar uma máquina, seja simples, híbrida ou reflex, encontra a melhor opção para o seu caso no nosso comparador de máquinas fotográficas.
Comparar máquinas fotográficas
Ajustar a luz
Existem três formas principais para ajustar a quantidade de luz a usar nas fotos.
1. Abertura do diafragma
O diafragma traduz-se num conjunto de lâminas - normalmente situadas na traseira das lentes-, cuja abertura ou fecho determina o caudal de luz que atravessa as lentes e, desta forma, incide sobre o sensor. Pode regular a quantidade de luz que entra na máquina. A abertura do diafragma mede-se em valores f/x. Quanto maior é o número x, menor é a abertura da objetiva. Por exemplo, f/2.0 corresponde a uma abertura do diafragma bastante superior a f/16.0. Isto traduz-se numa maior quantidade de luz a atravessar a lente.
2. Velocidade de obturação
Defina a velocidade a que o obturador se abre e fecha. O obturador é o mecanismo que controla o período de tempo no qual o sensor vai ser exposto à incidência da luz. Este valor pode apresentar oscilações enormes, conforme a intensidade de luz no local onde está a fotografar, a sensibilidade à luz do aparelho ou o valor de abertura do diafragma que está a usar. A oscilação pode variar entre breves frações de segundo, até alguns casos extremos, onde o tempo de exposição pode ser de minutos. Quanto maior for a velocidade de obturação, mais rápido o obturador se abre e fecha. Neste caso, significa que chega ao sensor da câmara uma menor quantidade de luz.
3. Escolha do valor de sensibilidade ISO (International Standards Organization)
Este valor vai permitir simular um ajuste do grau de sensibilidade do sensor da máquina. Na realidade, o que é alterado é o grau de amplificação do sinal digital. A ideia é, de certa forma, recrear as diferentes sensibilidades à luz que existiam nos rolos fotográficos. Quanto mais alto é o valor ISO, maior é o nível de amplificação aplicado ao sinal, logo, menos luz é necessária para tirar uma fotografia nas mesmas condições de luz ambiente. O inconveniente na utilização de um valor de ISO muito alto é que a excessiva amplificação do sinal vai, inevitavelmente, acarretar a introdução de ruído nas fotos produzidas. Este ruído é, normalmente, visível sobre a forma de grão na imagem. Ou seja, apenas deve ser usado quando é a única alternativa para evitar fotos desfocadas, causadas por um tempo de exposição mais longo, e quando não pode usar tripé.
Zoom ótico: interpretar os valores das distâncias focais
O valor de distância focal de uma lente zoom expressa-se sempre por um par de valores, por exemplo, 35-105 mm. Neste caso, a lente faz 35 mm com o zoom totalmente recolhido e 105 mm com todo o zoom aplicado. Na realidade, os valores apresentados são equivalências aos valores que são usados nos aparelhos de filme (35 mm). Os valores "reais" dos aparelhos digitais, dependendo do tamanho do sensor, podem ser bem mais pequenos.
A distância focal que equivale ao campo de visão humana corresponde a cerca de 50 mm. Valores mais reduzidos implicam que os objetos são reduzidos, mas o ângulo de visão aumenta (consegue-se enquadrar uma area maior na foto). Pode ser útil para paisagens, monumentos, fotos de grupo, entre outros. Valores mais elevados ampliam as imagens, mas reduzem o ângulo de visão (por exemplo, para fotos de detalhe ou capturar objetos distantes.
Não é só a capacidade de ampliação das lentes que faz a diferença. O ângulo máximo disponibilizado também é importante para fotos a monumentos, paisagens, entre outras. Quanto menor é a distância focal mínima, mais amplo é o ângulo de visão (melhor comportamento como grande-angular).
Em relação à ampliação, a inclusão de um zoom ótico potente influencia o peso, o volume e a resistência à queda dos aparelhos.
No caso das máquinas fotográficas pode encontrar um pouco de tudo, desde lentes de distância focal fixa (exemplo: 50 mm), normalmente mais luminosas, a máquinas equipadas de super-zooms, que podem exceder as 60 ampliações em relação à focal mínima. Estas aliam, por norma, um ângulo de visão realmente abrangente com o zoom recolhido, a uma excelente capacidade de ampliação com o zoom totalmente aplicado.
Resolução (MP) e tamanho dos sensores
A resolução de um aparelho representa a quantidade de pontos que definem uma imagem. Quanto maior é este valor, mais nítida será a imagem. Valores elevados permitem efetuar ampliações superiores quando manipular a foto em computador, tal como a possibilidade de se poder imprimir as fotos em dimensões superiores sem perda notória de nitidez.
Embora muitos consumidores ainda olhem atentamente para os valores de resolução, este é apenas um dos vários fatores que influenciam a qualidade de imagem, e atualmente está longe de ser o mais importante.
Todas as máquinas fotográficas mais recentes oferecem, no mínimo, 12 MP. Há muitas destas máquinas com 20 MP, ou seja, os valores de resolução oferecidos pelos aparelhos são mais do que suficientes para a esmagadora maioria dos utilizadores. Mesmo os telemóveis mais recentes de uma gama média ou alta apresentam câmaras com resoluções a partir dos 12 MP. As diferenças de qualidade prendem-se com o sensor usado e com a qualidade ótica das lentes. As mais fracas podem provocar distorções, reflexões ou necessitar de mais luz. De nada serve ter um aparelho que possua um valor elevado de resolução se produzir fotos com ruído, por exemplo.
A conjunção de uma máquina fotográfica que ofereça valores de resolução muito altos com um sensor de pequenas dimensões acaba por ser contraproducente. O tamanho com que cada recetor individual (foto-sensor) fica é de tal forma diminuto que a sensibilidade à luz é afetada. No caso dos telemóveis, onde é bastante mais complicado integrar elementos sensores maiores, este é um problema ainda mais evidente.
De uma forma geral, é possível ver que os smartphones atuais de uma gama média/alta têm sensores de dimensões próximas das máquinas compactas e mesmo de algumas máquinas avançadas de uma gama de entrada.
Já as SLR e híbridas, normalmente, contam com sensores APS-C, cujas dimensões são muito mais generosas.
Quanto mais luz cada um destes recetores recebe, maior é a intensidade do sinal que consegue produzir. Sinais mais intensos precisam de menores amplificações, havendo menor hipótese de introdução de ruído.
Monitor LCD ou visor ocular
A maioria dos modelos inclui visores oculares de qualidade, mas a maior parte das pessoas prefere usar o monitor LCD. Para os aparelhos que não integram visores oculares, existem alguns problemas:
- os LCD tendem a perder muita visibilidade em dias de muito sol e, especialmente, se houver incidência direta de luz solar no ecrã. Aí, a única hipótese de ver o que está a fotografar seria usar o visor ocular.
- O monitor LCD devora a bateria. Se tiver de usar o aparelho por várias horas com as mesmas baterias, o melhor será mesmo usar o ecrã LCD durante o menor tempo possível.
- Em situações de pouca luz ou de uso de uma maior distância focal, o uso do visor ocular pode ajudar na estabilização da máquina.
Escolher o modo de fotografia mais adequado
As máquinas digitais disponibilizam modos pré-definidos de fotografia que combinam diferentes valores de abertura, velocidade, temperatura de cor ou sensibilidade por forma a adaptarem-se melhor ao cenário que está a fotografar. Explicamos alguns dos mais frequentes.
Modo Prioridade de Abertura (A ou Aperture Priority)
Neste modo, o utilizador define manualmente o valor da abertura do diafragma e a câmara determina, automaticamente, a velocidade de obturação, assim como os restantes parâmetros. Ao definir a abertura de forma manual, consegue um melhor controlo sobre a profundidade de campo. O recurso a profundidades de campo “apertadas” é muito apreciado, por exemplo, para retratos, onde se pretende desfocar o fundo, dando todo o destaque à face da pessoa que é fotografada. Além disso, é interessante para todas as situações em que se pretende destacar um determinado objeto no meio de um cenário (que pode ser mais ou menos “confuso”).
Modo Prioridade de Velocidade de Obturação (S ou Shutter Priority)
O utilizador define a velocidade e a máquina determina automaticamente a abertura do diafragma, assim como os restantes parâmetros. A definição deste valor é útil para captar ou congelar o efeito de movimento, por exemplo. Os valores relativos a este ajuste são simples de entender. Vai selecionar o tempo em segundos (normalmente, frações de segundo: 1/1000 seg. ou 1/50 seg.) para o diafragma se manter “aberto”, permitindo a entrada de luz para o elemento sensor. Na maioria dos casos não irá ter problemas na exposição da foto. Isto porque, além da velocidade de obturação, a exposição também depende da abertura do diafragma e do valor de ISO (ou seja, da sensibilidade do sensor). A máquina continua a regular os restantes parâmetros de forma automática. Pode acontecer definir um valor de obturação impossível de ser compensado pelos restantes parâmetros. Para usar um disparo muito rápido (por exemplo, acima dos 1/1000 seg.) vai precisar de um local com bastante luz ambiente. Caso contrário, a foto ficará subexposta ou com ruído visível, causado por um valor de ISO demasiado alto.
Modo Manual (M)
Determina a abertura e a velocidade de forma manual e independente uma da outra. Pode, ainda, ter controlo sobre muitos outros parâmetros, tais como a sensibilidade ISO, balanço de brancos, flash, entre outros. O equipamento só indica se, nas condições pré-definidas, há excesso ou falta de luz. Os restantes parâmetros podem ser, mesmo assim, ajustados automaticamente pela máquina.
Modo P
Neste modo, consegue ter controlo manual sobre diversos parâmetros, tais como a sensibilidade ISO, o balanço de brancos, o flash, entre outros. No entanto, a máquina continua a produzir ajustes automáticos para garantir que a exposição final da foto estará correta. Os valores de abertura e de velocidade de obturação podem ser definidos automaticamente e, caso altere um desses, o outro será adaptado de forma automática.
Modo Automático
O equipamento determina, automaticamente, a abertura, a velocidade e todos os restantes parâmetros. É o chamado “point and shoot”. A preocupação do fotógrafo deve estar, sobretudo, em fazer o enquadramento correto, evitar situações de contra-luz e capturar o momento certo.
Selecionar a cena mais conveniente
A maioria das máquinas fotográficas digitais oferece "cenas" ou "modos" pré-definidos. É uma forma simples de apresentar as configurações das diferentes variáveis de ajuste. Estes modos já programados variam de umas máquinas para outras e dependem dos fabricantes.
Modo retrato
Este modo serve para fazer fotografias de pessoas em primeiro plano. O modo retrato funciona com a abertura do diafragma no valor mais alto possível (número f mais pequeno possível) para ter um bom enfoque do protagonista e diminuir a nitidez do fundo.
Modo paisagem
Funciona ao contrário do modo retrato. Para este modo, tem de abrir o diafragma no mínimo (número f mais alto possível) para poder ter todos os elementos da paisagem bem focados. Significa que, para ter uma exposição correta, a máquina compensará a falta de luz com uma velocidade de obturação lenta. Em resumo, pode usar este modo quando quiser tirar uma fotografia em que tudo saia focado, como, por exemplo, a típica foto de paisagem.
Modo desportivo
Este modo é ideal para tirar fotografias de pessoas em movimento. Usa velocidades de obturação muito altas, o que resulta em tirar uma fotografia em poucos milésimos de segundo, caso a câmara e as condições de luz no local assim o permitam. Com este modo, pode captar o momento exato em que o corredor cruza a linha da meta sem que as pernas fiquem desfocadas. Para compensar a pouca luz que entra na câmara, quando tirar a fotografia, deve acrescentar uma fonte extra de luz, como um flash, ou utilizar um ISO alto em ambientes interiores.
Modo macro
O modo macro é pensado para focar a uma distância muito curta (de 10 centímetros ou menos) e poder captar todos os detalhes. No aspeto técnico, é quase idêntico ao modo retrato, mas, no modo macro, a lente recebe a ordem de focar apenas o que está realmente perto.
Modo noturno
O modo noturno é o oposto do modo desportivo. O obturador permanece mais tempo aberto para poder captar a escassa luz da noite. O inconveniente é que, tanto o fotógrafo como o sujeito fotografado, devem permanecer quietos para a foto não ficar tremida. Aconselhamos a usar o tripé ou o estabilizador de imagem que quase todas as câmaras têm.
Modo praia ou modo neve
Regra geral, uma câmara mede toda a luz da cena e ajusta os valores para que a fotografia não saia nem muito clara, nem muito escura. Assim, procura um equilíbrio para todos os elementos fotografados saírem com boa exposição. O modo praia ou neve dá a indicação à câmara para não tomar toda a luz da cena, mas apenas a de uma área pequena onde se encontra o sujeito a fotografar.
Modo fogo de artifício
Este modo funciona como o modo noturno, mas deixa o obturador muito mais tempo aberto. Desta forma, poderá captar a explosão e o rasto de material incandescente, além de conseguir um efeito bonito. O uso do tripé é quase imprescindível.
Modo céu estrelado
É um modo semelhante ao do fogo de artifício, mas ainda mais longo, pois demora entre 30 a 60 segundos a tirar a imagem. A ideia de um tempo de obturação tão longo é poder captar a luz das estrelas à noite ou, inclusive, o seu movimento. Também vai precisar de usar um tripé neste modo.
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