Sextorsão: ameaça real

O número de casos de extorsão sexual infantil aumentou 19% no primeiro semestre de 2024 face ao mesmo período de 2023, segundo o Internet Watch Foundation. Em Portugal, não existem estatísticas detalhadas, mas a Polícia Judiciária tem alertado para o crescimento deste crime envolvendo adolescentes.

O processo de sextorsão segue um padrão claro: os agressores criam uma relação com as vítimas em redes sociais e plataformas digitais, como o Snapchat ou o Instagram, convencem-nas a enviarem fotos e vídeos íntimos e, já na posse do material comprometedor, coagem-nas a pagar um resgate para evitar a divulgação. O crescimento deste tipo de crime levou a um escrutínio mais rigoroso dos mecanismos financeiros que o facilitam.

Um relatório da Global Anti-Scam Alliance refere que, como os adolescentes têm acesso limitado a produtos financeiros tradicionais, os criminosos recorrem a métodos alternativos para as transações – que muitas vezes carecem de medidas de proteção adequadas – evitando qualquer rasto que permita às autoridades localizá-los. Aplicações como MB Way, PayPal, Apple Pay e Revolut são frequentemente usadas por jovens para transferências rápidas de dinheiro, tornando-se potenciais meios para este tipo de crime.

Plataformas como o Steam, iTunes, Google Play e Amazon também permitem comprar cartões-presente, que podem ser exigidos como forma de pagamento anónimo. Uma ameaça real que exige atenção redobrada dos educadores, mas também medidas concertadas das plataformas de pagamento e reguladores para criar um ecossistema financeiro seguro para menores.