DeepSeek: privacidade não é um luxo

Nos últimos tempos, a DeepSeek ("pesquisa profunda", em português) tem-se destacado como uma das mais inovadoras plataformas de inteligência artificial a competir com o ChatGPT. O facto de ser de código aberto, permitindo que qualquer pessoa o utilize e modifique sem custos, torna-a mais disponível para empresas e indivíduos em todo o mundo. Mas levanta sérias preocupações no que diz respeito à proteção de dados dos utilizadores.

Uma investigação da DECO PROteste e dos seus congéneres europeus revela que a recolha de um volume significativo de dados dos utilizadores, como endereços de e-mail, interações e "prompts" – ou seja, perguntas e comandos que aqueles usam na plataforma –, aliada à falta de transparência sobre o armazenamento e a utilização dos dados, suscita dúvidas sobre a DeepSeek.

O facto de os servidores estarem localizados na China, onde as autoridades podem aceder a dados privados sem garantias de proporcionalidade, agrava o problema. Além disso, a DeepSeek não esclarece se usa os dados para perfis automatizados ou decisões algorítmicas, nem implementa mecanismos para impedir o acesso de menores.

Perante estas lacunas, a DECO PROteste apresentou queixa à Comissão Nacional de Proteção de Dados (que, entretanto, informou que já está a analisar o assunto), pedindo a restrição temporária ao processamento de dados dos utilizadores portugueses até que sejam garantidos padrões adequados de proteção.

Esta iniciativa não visa travar a inovação, mas assegurar que qualquer empresa que opere na União Europeia cumpre o Regulamento Geral de Proteção de Dados. A privacidade não é um luxo, mas um requisito que nenhuma tecnologia pode ignorar.