"Este site é seguro?" ajuda a identificar ameaças digitais
A DECO PROTESTE lançou uma ferramenta que ajuda os consumidores a avaliarem se um site tem phishing, malware, vírus e outras ameaças digitais antes de clicarem na página.

Roubar uma carteira em plena luz do dia ou assaltar uma casa são crimes reais, e ainda comuns, mas estão longe de ser os mais sofisticados. Hoje em dia, as maiores ameaças estão do outro lado do ecrã do computador e são impercetíveis para o comum dos mortais. É através da internet que os “novos” criminosos tentam encontrar potenciais vítimas, recorrendo a sites maliciosos e falsificados, cada vez mais sofisticados, projetados para roubar dados financeiros e pessoais dos utilizadores.
Prova disso é que o número de incidentes de cibersegurança tem estado a aumentar ano após ano, e 2021 não fugiu à regra, muito potenciado pelo confinamento e pelo acréscimo de operações digitais. Segundo o relatório “Riscos & Conflitos”, do Centro Nacional de Cibersegurança (CNCS), as ciberameaças aumentaram 26%, em Portugal, face ao ano anterior, com especial relevo para o phishing (captura de informação através de e-mail) e o smishing (SMS), que representaram 40% do total de incidentes registados. “O ano foi marcado pela atividade de cibercriminosos razoavelmente organizados, que procuraram ganhos financeiros através do phishing/smishing/vishing [telefone], de ransomware [resgate a partir do bloqueio do computador] de fraudes/burlas online”, revela o CNCS.
No resto do globo, o cibercrime também está em rota ascendente. De acordo com o mais recente estudo da Global Anti Scam Alliance (GASA) e do ScamAdviser, publicado a 13 de outubro, em 2021, os esquemas fraudulentos na internet foram mais bem-sucedidos do que nunca. No ano que passou, foram reportados 293 milhões de incidentes de cibersegurança em todo o mundo, um aumento de 10,2% em relação a 2020. Estes esquemas levaram à perda de cerca de 55,3 mil milhões de dólares. Embora a aceleração da digitalização possa ter contribuído para a subida do número de incidentes de cibersegurança, segundo os dados do estudo, o aumento do custo de vida em todo o mundo, o crescimento da taxa de inflação e as elevadas taxas de desemprego, em alguns países, estão a levar os consumidores a procurar novas formas de investimento que, muitas vezes, se revelam esquemas fraudulentos. O Canadá, por exemplo, reportou um aumento das denúncias de burlas relacionadas com investimentos de 501, em 2020, para 3442, em 2021. Já nos Estados Unidos da América, este tipo de burlas levou a uma perda de 575 milhões de dólares.
Por outro lado, segundo o estudo, as redes sociais continuam a ser as plataformas preferenciais para este tipo de burlas que, na maioria dos casos, acabam por não ser reportadas pelos consumidores. “Como as vítimas de esquemas fraudulentos geralmente se sentem envergonhadas ou, de acordo com estudos anteriores, não sabem como denunciar, o número de casos reportados permanece baixo”, refere o relatório.
Foi com o intuito de evitar que os consumidores sejam vítimas de burlas e fraudes a partir da internet que a DECO PROTESTE, em conjunto com o ScamAdviser, desenvolveu e lançou o “Este site é seguro?”, uma ferramenta online que ajuda a determinar se um site ou link que recebeu, por exemplo, através de SMS ou e-mail é ou não seguro antes mesmo de o visitar. Basta digitar o endereço do site que deseja verificar no campo de pesquisa, e o resultado aparecerá em segundos.
Como funciona o “Este site é seguro?”
A ferramenta usa um algoritmo que fornece uma pontuação de confiança com base em mais de 40 fontes de dados independentes, bem como em milhares de denúncias de sites maliciosos de entidades policiais, reguladores e organizações de defesa do consumidor de todo o mundo. É o caso da Xolphin, Pulsedive, Cleanbrowsing, Trend Micro, Trustpilot e do próprio ScamAdviser, entre outros.
Ao fazer a pesquisa sobre o endereço do site que pretende inspecionar, o consumidor recebe dois resultados possíveis: “Este site parece ser seguro” ou “Este site pode não ser seguro”. “Parece” e “pode” são palavras-chave nesta ferramenta, na medida em que nenhum dos resultados da pesquisa é definitivo. Pelo contrário, podem alterar à medida que novas informações são adicionadas pelas fontes que alimentam o algoritmo, como as relacionadas com a infraestrutura do site, existência de protocolos de segurança, denúncias por vírus, phishing ou fraude, etc.
“Este site é seguro?” foi projetado para fornecer informação sobre a segurança dos sites e não para classificá-los com base na experiência de utilização dos consumidores, incluindo facilidade de navegação ou aspetos relacionados com a qualidade do serviço, entrega e devolução de produtos e serviços, políticas ou outros elementos não diretamente relacionados com a segurança. Assim, se, ao fazer uma pesquisa, obtiver como resultado “Este site parece ser seguro”, tal não significa necessariamente que a DECO PROTESTE recomende o site ou os produtos ou serviços aí comercializados. Apenas quer dizer que, em princípio, não corre o risco de sofrer um ciberataque ou de ser burlado ao clicar naquela página. Caso pretenda saber mais sobre os sites recomendados pela DECO PROTESTE, visite o comparador das lojas online.
Fui burlado. E agora?
Embora ajude a identificar possíveis riscos, “Este site é seguro?” não substitui uma avaliação manual de cada site antes de clicar no respetivo link. Aspetos como promoções demasiado atrativas, sites de supostas marcas conhecidas com nomes mal escritos ou com um design pouco cuidado, comentários negativos nas redes sociais do site (ou mesmo a inexistência de redes sociais associadas ao site), endereços (URL) que não começam por “https://” precedido de um pequeno cadeado ou a total ausência de uma página de contactos, entre outros, são sinais de alerta a que deve ficar atento. Na dúvida, é preferível não arriscar.
Se, apesar de todos os cuidados, foi burlado ou vítima de um ciberataque, denuncie de imediato o caso às autoridades. Pode fazê-lo através do Sistema Queixa Eletrónica, um serviço online e gratuito que encaminha as queixas ou denúncias para as entidades competentes, ou diretamente junto da Polícia Judiciária e/ou do Gabinete de Cibercrime do Ministério Público. Se suspeitar de que foi vítima de roubo de identidade, veja aqui que cuidados adicionais deve ter. Caso a fraude envolva o seu banco online, cartões de crédito/débito ou cheques, denuncie a situação à respetiva instituição bancária, que investigará o caso e denunciará qualquer atividade criminosa às autoridades policiais.
Finalmente, para evitar que outros consumidores caiam no mesmo esquema, pode denunciar o site na plataforma Reclamar.
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