Qual o impacto das alterações climáticas na saúde humana?
Ondas de calor, cheias, incêndios, degelo e subida do nível médio das águas do mar são efeitos visíveis e dramáticos das alterações climáticas. As consequências para a vida e a saúde humana são inevitáveis. Saiba como agir.
- Especialista
- João Oliveira e Susana Santos
- Editor
- Fátima Ramos e Sofia Frazoa

Com a intensificação das alterações climáticas:
- aumentam a frequência e a intensidade de fenómenos climáticos extremos, como ondas de calor, vagas de frio, cheias e secas;
- sobe o nível da água do mar, em consequência do aquecimento global;
- alteram-se os ecossistemas e os padrões de distribuição de doenças infeciosas no planeta;
- crescem as migrações, a pressão sobre os recursos naturais e, consequentemente, os conflitos sociais e económicos.
As consequências para a vida na Terra e na saúde do Homem não se fazem esperar, podendo estar em causa a própria sobrevivência.
Como contribuir para a sustentabilidade do planeta
Calor extremo provoca cem mil mortes prematuras por ano
Ao nível europeu, estima-se que as ondas de calor causem cem mil mortes prematuras por ano, desde meados da década de 1990. De acordo com o relatório The Lancet Countdown on Health and Climate Change, de 2020, a exposição ao calor extremo aumentou drasticamente desde 2010. As zonas urbanas, com elevado número de edifícios e redes viárias, retêm mais calor do que as rurais. Os mais sensíveis são idosos, grávidas, doentes crónicos, obesos, quem vive sozinho e quem trabalha no exterior, por exemplo. Os efeitos na saúde podem variar entre fadiga e problemas cardíacos, passando por stresse, cãibras, desidratação, problemas respiratórios e de pele, ansiedade e depressão. No caso das grávidas, o calor extremo pode acelerar o parto e/ou causar problemas congénitos.
Cheias e chuva intensa: ambiente favorável para vírus e bactérias
Quando ocorrem cheias, a maioria das mortes deve-se a afogamentos, mas também podem resultar, por exemplo, de traumatismos, enfartes e eletrocussão. Multiplicam-se pontos de água parada, ideais para o desenvolvimento de insetos potencialmente transmissores de microrganismos causadores de doenças, como o vírus do Nilo. A humidade, por seu lado, favorece o crescimento de fungos, que podem afetar as vias respiratórias. A contaminação da água de consumo (e de rega) por detritos arrastados pelas cheias é outro risco. Esta pode facilitar a ocorrência de infeções por salmonelas, diarreia ou gastrites.
Incêndios afetam a saúde física e mental
As temperaturas elevadas e a seca contribuem para épocas de fogos florestais mais longas e zonas de risco mais extensas. Além de lesões físicas, como queimaduras, os fogos, o fumo e as partículas que produzem podem causar irritação nos olhos e desencadear ou agravar doenças respiratórias. A probabilidade de impacto no foro mental é elevada, sobretudo quando há perda de meios de subsistência, bens e/ou mortes de pessoas e animais. Os fogos florestais e a seca podem ainda contribuir para a degradação da qualidade da água e o consequente aparecimento de doenças.
Alergénios ambientais estão a aumentar
Cerca de um quarto dos adultos e 30 a 40 por cento das crianças que vivem na Europa sofrem de alergias. Muitas delas são desencadeadas por pólenes e esporos produzidos por plantas. Com as mudanças climáticas, a vegetação também muda. Além de crescerem mais depressa, as plantas florescem mais cedo e durante mais tempo, alargando a época dos pólenes e a respetiva concentração. Algumas zonas ganham novas espécies, pelo que a população é exposta a vários alergénios, com risco de reação cruzada. Existe ainda evidência de que a associação entre poluentes do ar e alguns pólenes aumenta o potencial alergénico. Nestas condições, há perigo de agravamento da asma e aumenta a frequência da rinite ou de outras reações alérgicas, como as cutâneas.
5 dicas para se proteger das alterações climáticas
Os consumidores podem e devem tomar algumas medidas para preservarem a sua saúde física e mental face aos riscos impostos por fenómenos climáticos.
- Primeiro, convém acompanhar as notícias sobre a qualidade do ar, por exemplo, no site da Agência Portuguesa do Ambiente. Tenha particular cuidado em dias de muito calor e em alturas de trânsito intenso, de grande concentração de pólenes ou elevados níveis de radiação. Limite as atividades de lazer e o exercício físico ao ar livre.
- Areje a casa todos os dias e mantenha os estores e os cortinados fechados ou semicerrados. Em caso de calor intenso, se possível, permaneça num local fresco, use roupa clara e beba água com frequência.
- Face a um incêndio, use máscara para se proteger do fumo. Siga à risca as indicações das autoridades e não conduza em áreas de fogo. Para fazer limpezas na zona ardida, use máscara, calças, mangas compridas, botas e luvas.
- Num cenário de cheias ou inundações, evite levar o carro para locais alagados e, se possível, não fique na água. Perante um alerta para não beber água da torneira, não a use para cozinhar ou no banho. Siga as indicações até as autoridades afirmarem que a água é segura.
- Mantenha os mosquitos transmissores de doenças à distância. Dengue, chikungunya, febre do Nilo e malária são as patologias propagadas por mosquitos que mais preocupam a Europa. O responsável pela transmissão da dengue fixou-se na Madeira há quase 20 anos. O da malária e da febre do Nilo já foi identificado no centro e no sul da Europa, incluindo Portugal, e parece estar a espalhar-se pelo restante território. As águas paradas, por exemplo, em poças ou vasos, são o meio ideal para o seu desenvolvimento. Evite-as e use redes mosquiteiras nas janelas, sobretudo em áreas rurais. Se rumar para zonas tropicais, não se esqueça da consulta do viajante. Mais vale prevenir.
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