Exmos. Senhores,
A minha cadela Laura, de 14 anos, foi internada no Hospital Veterinário VetOeiras entre 26 e 30 de maio de 2025, por recusa alimentar acentuada. À data da admissão, tratava-se de uma cadela sénior com condição crónica estável (doença degenerativa da coluna), sem dor evidente, bem-disposta, com boa mobilidade, e mantinha uma rotina diária ativa.
À alta, Laura foi entregue em estado crítico e profundamente deteriorado:
Colapsava ao tentar andar;
Estava com uma pata traseira visivelmente inchada;
Apresentava tremores constantes;
Dificuldade em suster a cabeça;
Desorientação;
Sinais de dor generalizada ao toque;
Mantinha a recusa alimentar absoluta.
Nenhum destes sinais constava do relatório de alta, nem foi apresentada qualquer explicação sobre o que se passara durante o internamento que pudesse justificar esta alteração dramática.
Falta de consentimento informado e atos clínicos sem autorização
Durante o internamento, foi realizada uma ecografia abdominal sem sedação, contrariando indicação médica anterior expressa e documentada no processo clínico. Esta violação do consentimento informado é particularmente grave.
Recusa sistemática em prestar todas as informações clínicas
Está em falta, apesar de solicitado, o acesso à documentação clínica completa, nomeadamente: relatório radiografia à coluna, lista de medicação administrada durante o internamento e evidência da alimentação ministrada durante o internamento. Até à data, nunca me foram fornecidos todos esses elementos. A fatura apresentada contém omissões e incongruências: dois procedimentos que normalmente requerem sedação (ecografia abdominal e citologia hepática) aparecem como realizados, mas com apenas uma sedação cobrada e sem referência clara nos documentos de alta. Uma radiografia consta da fatura, mas não há qualquer relatório ou resultado entregue. Não existe evidência de "3 analgésicos fortes" que me foi garantido pelo médico responsável pelo internamento que lhe teriam sido dados antes da alta.
Momento da alta: comunicação inaceitável e intimidação
À hora da alta, fui inicialmente recebida por um enfermeiro que não sabia responder a nenhuma das minhas questões clínicas. Quando manifestei preocupação com o estado visivelmente debilitado da minha cadela e pedi para falar com o diretor clínico, surgiram dois profissionais num tom hostil e intimidatório. A minha tentativa de obter explicações foi sistematicamente interrompida, com frases como:
"Isso não é dor, está excitada por ver os donos.”
“O médico veterinário aqui sou eu.”
“Como pode dizer que ela estava bem se tem um problema degenerativo de coluna?”
“Não me venha com insinuações de negligência.”
“Vá pedir uma segunda opinião.”
Fui forçada a sair sem quaisquer esclarecimentos, num momento de grande angústia.
Plano terapêutico irrealista e perigoso
O plano de alta entregue era manifestamente inadequado, contendo múltiplos medicamentos com indicação para serem dados com comida — a um animal que, segundo o próprio relatório, não comia espontaneamente. Não foram fornecidas alternativas viáveis para garantir a administração segura e eficaz desses fármacos em ambiente domiciliário.
Incongruências clínicas e risco de continuidade de cuidados
Não houve referência, nem gestão adequada, do agravamento evidente do estado clínico durante o internamento.
As orientações fornecidas não refletiam o estado real da cadela, inviabilizando uma transição segura para cuidados domiciliários.
Consequências para o bem-estar animal
Nos dias que se seguiram à alta, a Laura manteve um quadro de sofrimento extremo. Foi necessário reestruturar todos os cuidados clínicos, reorganizar medicação, iniciar alimentação assistida por seringa, gerir sintomas de dor e desconforto intensos, e procurar ajuda veterinária adicional para garantir o bem-estar e recuperação do animal.
Tudo isto poderia ter sido evitado com:
Informação clínica completa e transparente;
Consentimento informado respeitado;
Comunicação profissional e colaborativa;
Plano terapêutico adaptado ao estado real da paciente.
O que solicito através da DECO PROTESTE:
Apoio jurídico na verificação dos direitos do consumidor enquanto tutora de um animal de companhia;
Intervenção junto do Hospital Veterinário VetOeiras para:
Fornecimento integral do processo clínico da cadela Laura;
Justificação dos atos realizados sem consentimento;
Explicação sobre a ausência de relatórios e documentação associada a exames cobrados;
Pedido formal de desculpas pela atitude hostil e falta de profissionalismo no momento da alta;
Encaminhamento, se aplicável, para as entidades competentes com tutela sobre hospitais veterinários e boas práticas clínicas (nomeadamente a Ordem dos Médicos Veterinários e a Entidade Reguladora da Saúde);
Esclarecimento sobre os mecanismos disponíveis para proteger legalmente tutores e animais face a práticas clínicas inaceitáveis ou omissas.
A DECO PROTESTE tem sido uma referência na proteção dos direitos dos consumidores e acredito que esta situação, pela gravidade e impacto emocional, ético e clínico, merece análise detalhada.
Cumprimentos.