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Guerra comercial: tarifas de Trump têm impacto no bolso dos portugueses?

Nove em cada dez consumidores portugueses esperam um impacto negativo das tarifas impostas pelos EUA à Europa. Os preços de bens e serviços estão no topo das preocupações, segundo inquérito da DECO PROteste.

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12 maio 2025
mulher em loja de telemóveis

iStock

A guerra comercial iniciada pela imposição de tarifas a parceiros económicos europeus pelo Presidente norte-americano, Donald Trump, é fator de grande preocupação para os consumidores portugueses. De acordo com um inquérito realizado pela DECO PROteste, em conjunto com as suas congéneres espanhola, italiana e belga, 83% deles esperam que o custo de vida das suas famílias suba (27% dos quais de uma forma significativa), enquanto quase 60% preveem sentir efeitos negativos na situação laboral de pelo menos um dos elementos do seu agregado familiar.

Quase todos os inquiridos (93%) sabem que as tarifas comerciais são taxas que se cobram a produtos e serviços que provenham do exterior. O estudo pretendia avaliar as expectativas dos consumidores em relação a este novo panorama do comércio global. Foi realizado entre 15 e 23 de abril de 2025, a indivíduos na faixa etária dos 25 aos 79 anos, com 1055 respostas válidas.

Espera-se subida de preços de vários produtos

Smartphones, computadores e dispositivos tecnológicos em geral estão entre os produtos cuja provável subida de preço mais preocupa os portugueses. Oitenta e cinco por cento temem que este seja o setor mais afetado pelas taxas de Trump, seguido do setor automóvel, que fez acender as luzinhas de alarme a 76% dos inquiridos. O preço dos alimentos vem logo a seguir, constituindo fator de alarme para 74% dos participantes neste estudo.

 

As contas de água, luz e gás preocupam quase 50% dos consumidores portugueses que responderam ao inquérito, uma percentagem mais baixa do que a dos inquiridos dos outros três países europeus integrados neste estudo.

Impacto das tarifas será negativo, do emprego à economia

O emprego e o custo de vida são os fatores pessoais analisados no estudo – a preocupação dos consumidores é grande com estas variáveis, mas também com a economia em geral, quer se trate da europeia, quer da portuguesa. A saúde financeira das empresas nacionais também preocupa 91% dos inquiridos.

 

Europa deve procurar alternativas aos EUA

O inquérito explorou também as expectativas dos consumidores em relação ao modo como a União Europeia deve reagir às tarifas norte-americanas. “Alternativa” parece ser a palavra-chave para 90% dos inquiridos, quando responderam sobre o que pensam das afirmações “A UE deve negociar novos acordos comerciais para aumentar as transações de produtos e de matérias-primas com outros países em vez dos EUA” e “A UE deveria investir mais nos setores tecnológico e digital para desenvolver alternativas aos produtos e serviços americanos”.

Uma larga maioria é favorável a tarifas retaliatórias da Europa: 78% concordam com essa resposta, contra apenas 14% que discordam desta ideia. Quanto à questão sobre a eficiência das tarifas como forma de proteger a indústria e as empresas nacionais, a divisão é maior: metade diz não concordar com a afirmação, enquanto 37% concordam.

Os inquiridos foram confrontados com outras bandeiras da Administração Trump, como a reversão das políticas ambientais. À pergunta se a Europa deveria aligeirar as suas políticas de sustentabilidade ambiental como moeda de troca no abrandamento das tarifas impostas pelos EUA, a larga maioria responde que não concorda: 69 por cento. Se a contrapartida para o levantamento das taxas Trump sobre produtos europeus fosse a suavização da regulamentação sobre a segurança no mundo digital ou alimentar, a resposta seria também um rotundo “não”: 80% não concordam com estas alternativas. Os mais inclinados a cedências nestas matérias são os inquiridos que admitiram ter dificuldades financeiras. Ainda assim, são uma minoria: só 17% concordam em ceder em relação à segurança alimentar, 22% quanto à segurança digital e 30% em relação às políticas de sustentabilidade. Neste campo, as mulheres estão menos dispostas a tolerar uma inversão de políticas. Apenas 7% admitem uma suavização das políticas ambientais, contra 20% dos homens.

 

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