Como criar uma mini-horta em casa
Vive num apartamento e sonha com um cantinho de ervas aromáticas, legumes miniatura ou pequenos frutos? Pode fazer plantações em vasos ou instalar uma pequena horta vertical numa varanda ou mesmo dentro de casa. Saiba que espécies deve escolher e quais os utensílios de que necessita para não falhar.

Colher e saborear produtos plantados por si tem outro sabor. Terá, assim, produtos sempre frescos, prontos a utilizar, mais baratos e sem produtos químicos. Além disso, é um passatempo relaxante.
É importante instalar as suas culturas num local com boa luz, mas não debaixo de um sol abrasador. Numa varanda, procure abrigar as culturas do vento, já que este contribui para secar a terra. Por vezes, basta aproximar os vasos uns dos outros para proteger as plantas do excesso de vento ou de sol.
No guia prático Uma horta à mão de semear encontra outros conselhos para fazer a sua própria horta. Caso não seja subscritor, aceda à versão digital, para ler em streaming.
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Que estrutura escolher?
Se dispuser de pouco espaço para a instalação das suas plantações, não desanime: pode optar por hortas verticais, floreiras no parapeito de uma janela, vasos numa estante ou até suspensos numa parede ou em qualquer estrutura de madeira ou de ferro.
Tem à disposição uma grande variedade de recipientes: desde os vasos mais clássicos (um de plástico custa cerca 50 cêntimos), de barro, às jardineiras (cerca de 2,50 euros) ou potes suspensos, sacos tecidos ou bolsas murais. Mas a escolha é muito mais vasta, se se deixar guiar pela imaginação e criatividade. Na verdade, qualquer recipiente que recupere (como latas de conserva, caixas de plástico, velhas bandejas de zinco, baldes ou paletes) servirá, desde que tenha furos no fundo.
Vasos, floreiras e hortos quadrados
Existem estruturas empilháveis, de parede, suspensas ou em escada, que permitem aumentar a área de plantação, reduzindo assim o espaço ocupado. Poderá também optar por hortos quadrados ou retangulares, com ou sem pés, com dimensões e materiais muito variáveis, desde 25 euros.

Sacos e kits de cultivo
Por uma questão prática, há quem prefira soluções já prontas a usar, como sacos de cultivo (para morangueiros ou tomateiros, por exemplo). À venda desde 10 euros nas lojas de jardinagem ou bricolagem, estes sacos vêm já com covas espaçadas para as plantações, substrato apropriado e sistema de drenagem para facilitar a rega.
Encontrará também kits completos, que incluem já os recipientes, o substrato e as sementes, a partir de 24 euros. Os mais sofisticados, com sistema de rega incluído, são mais caros (desde 138 euros). Estas opções são práticas, mas acabam por ser mais dispendiosas, menos criativas e sujeitas à seleção prévia das espécies dos kits.

Tamanho dos recipientes
O tamanho dos recipientes que irá escolher é um aspeto importante a ter em conta e que depende, sobretudo, das necessidades específicas das plantas.
- As espécies de raiz curta, como a alface e o cebolinho, contentam-se com uma jardineira ou um vaso pouco profundo.
- Já algumas plantas aromáticas, como o louro, o alecrim e a salva, formam arbustos maiores e precisam, por isso, de vasos com, pelo menos, 30 centímetros de profundidade e de diâmetro. Estas plantas devem ser podadas regularmente para não crescerem demasiado.
- Caso pretenda plantar pequenas árvores de fruto numa varanda, por exemplo, deverá prever recipientes com, pelo menos, 30 centímetros de profundidade. Na fase de crescimento, deverá mudar de vaso todos os anos na primavera, optando por modelos com mais dez centímetros de diâmetro de cada vez. Uma vez atingida a maturidade da planta, deixa de ser necessário trocar o vaso, mas deverá renovar anualmente a terra à superfície (até dez centímetros de profundidade).
Qualquer que seja o recipiente que escolha para as suas plantações, deverá possuir furos de drenagem no fundo (nem que tenha de usar um berbequim para os fazer) e repousar sobre uma base ou um prato para vasos.
Utensílios indispensáveis, terra e adubo para a horta
Além dos recipientes adequados, deverá adquirir terra própria para hortas e reunir algum material para plantar e cuidar das suas plantações.
Abaixo reunimos os utensílios indispensáveis para quem está a dar os primeiros passos como hortelão. Poderá encontrá-los em qualquer horto, loja de bricolagem ou nas secções de jardinagem dos hipermercados, com preços muito variáveis.
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Exclusivo
Para continuar, deve entrar no site ou criar uma conta .1. Regador com cabeça (desde 6 euros)
Para regar normalmente e também de forma mais delicada, tipo chuveiro. Durante a germinação e para plantas com folhas jovens, pode também usar um borrifador.
2. Tesoura de poda (desde 4 euros)
Para cortar as plantas, as folhagens e os ramos secos.
3. Transplantador ou pequena pá (desde 2,50 euros)
Para desfazer torrões de menor dimensão, cavar covas para as plantações ou sementeiras, desterrar ou voltar a plantar.
4. Luvas de jardinagem (desde 2 euros)
Para proteger as mãos e manipular, com toda a segurança, plantas e ramagens.
5. Plantador (desde 4 euros)
Para fazer buracos cilíndricos para as plantações (em alternativa, use os dedos).
6. Miniancinho (desde 5 euros)
Para revolver a terra à volta das plantações e ajudar a eliminar eventuais ervas daninhas e folhas secas (em alternativa, use um garfo).
Terra e bolas de argila expandida
A terra a usar é fundamental para que os seus legumes cresçam vigorosos, saudáveis e saborosos. Nem todas as plantas têm as mesmas necessidades de nutrientes, e é através do solo que os vão adquirir. O mais fácil será usar substratos próprios para hortas urbanas: um saco de cinco litros custa cerca de 3 euros.
Estes produtos são concebidos a partir de matéria orgânica, incluem menos pedras e areias e favorecem a retenção de água, o arejamento e a disponibilização de nutrientes. Além disso, têm um pH neutro, adequado para hortícolas. Note que só precisará de adquirir uma grande quantidade de substrato da primeira vez que encher os recipientes. Nos anos seguintes, terá apenas de repor os nutrientes, que vão sendo consumidos pelas plantas à medida que vão crescendo.

Fertilizantes para garantir todos os nutrientes
Uma vez por ano, é importante reforçar os nutrientes da terra, acrescentando fertilizantes nos vasos.
Para facilitar a vida ao recente hortelão, existem fertilizantes próprios para hortícolas. Contudo, as necessidades nutritivas em azoto, fósforo e potássio variam de planta para planta, pelo que indicamos os adubos mais indicados em função das suas culturas.
- As hortaliças de raiz, como a cenoura, precisam de adubos ricos em fósforo.
- As hortaliças folhosas, como a alface, são estimuladas pelo azoto.
- Já as flores e os frutos, como o tomate, precisam sobretudo de potássio para se desenvolverem.
Em alternativa, pode usar soluções caseiras, como cinzas, leite fora de prazo ou borra de café misturada com água. Caso faça compostagem em casa, o composto é um ótimo fertilizante, muito rico em nutrientes. Siga as nossas sugestões para fazer composto caseiro com restos de comida e aparas de jardim.
Plantar ou semear?
Para os principiantes (e mais impacientes), é preferível passar por um mercado ou uma loja de jardinagem e trazer para casa pequenas plantas recém-germinadas prontas para transplante (plantar em vasos). Deste modo, terá colheitas mais depressa. Esta opção é válida para a salsa, os coentros, o manjericão, mas também para alfaces e tomate, por exemplo, mas não funciona com todas as espécies.
Para algumas hortícolas, como cenouras-baby ou rabanetes, não terá alternativa senão semear. Em todo o caso, com a experiência, acabará por passar das plantações para as sementeiras. Além de dar acesso a uma maior variedade de hortaliças, as sementes são mais baratas, e é muito gratificante vê-las germinar e acompanhar o crescimento das suas culturas.
Nos mercados e em lojas especializadas de produtos para hortas, um conjunto de 12 pequenas plantas hortícolas para plantar custam desde 1,50 euros, sensivelmente o mesmo custo de uma saqueta de sementes. A diferença é que a saqueta de sementes contém um número incomparavelmente maior de sementes, mas é preciso paciência para esperar pela sua germinação, e sorte, porque nem todas as sementes têm o mesmo poder germinativo.

Plantar em quatro passos
1.Prepare o recipiente que irá acolher a pequena planta (vaso, floreira, horto), revestindo o fundo com uma camada de dois ou três centímetros de bolas de argila expandida ou gravilha e cobrindo com uma pequena camada de substrato.
2.Tire a planta jovem do vaso de origem, inclinando-o para que deslize. Desemaranhe ligeiramente o tufo de raízes e divida-o em vários pés, se necessário. Afaste delicadamente as raízes. Se oferecerem resistência, use uma faca bem afiada.
3.Pouse o torrão com as raízes sobre o leito de terra e cubra com substrato até ao cimo do vaso, calcando ligeiramente com os dedos, à volta do torrão com as raízes. Caso tenha dividido a plântula em vários torrões, mantenha alguma distância entre cada planta.
4.Regue com abundância e corrija o nível de substrato. Deve ficar dois ou três centímetros abaixo do rebordo do vaso, para facilitar a rega. Poderá, eventualmente, finalizar a “obra” com uma camada de argila expandida na superfície, para reduzir a evaporação e a necessidade de rega.
A arte de bem semear
1.Encha o recipiente que escolheu para as suas plantações com um fundo de argila expandida ou gravilha e cubra com substrato.
2.Faça um rego ou covas pouco profundas (a profundidade varia em função do tamanho das sementes) e espalhe as sementes. Pode colocar duas ou três sementes em cada cova, para ter a certeza de que, pelo menos, uma vai germinar. Cubra-as com uma fina camada de terra e calque ligeiramente. Regue regularmente de forma delicada em modo chuveiro, só para manter o substrato húmido, sem deslocar a terra.
3. Assim que os rebentos começarem a brotar, mantenha apenas o mais viçoso em cada cova e arranque delicadamente os restantes, para que as plantas possam desenvolver-se sem constrangimentos.
Se estiver frio, pode semear dentro de uma caixinha, colocada no lado exterior do parapeito de uma janela orientada a sul e protegida do vento. Rode a caixa regularmente para evitar que as plantas, sempre em busca de luz, cresçam tortas. As garrafas de plástico (grandes, de preferência) também cumprem perfeitamente esta missão: corte-lhes o fundo, retire a tampa e pouse a garrafa sobre a futura planta (para um efeito de estufa).
Culturas em vaso: que plantas escolher?
Se é a primeira vez que se lança nesta aventura, é importante escolher espécies fáceis de plantar ou semear e que deem um resultado rápido. Obviamente, convém optar por produtos que sejam do agrado da família e que usa habitualmente na cozinha. E, claro, as opções dependem, também, do espaço disponível para as suas culturas.
Ervas aromáticas para principiantes
No primeiro ano, opte por cultivar algumas ervas aromáticas, para ir ganhando habilidade. É quase impossível falhar no cultivo de salsa, tomilho, cebolinho, alecrim, orégãos, salva e estragão, entre outras plantas. Para além de proporcionar satisfação, vão dar-lhe confiança para se aventurar noutro tipo de plantações a seguir.
Escolha os seus produtos preferidos. Se tiver pouco espaço, selecione apenas produtos mais básicos (por exemplo, salsa, cebolinho e manjericão) e semeie-os numa pequena jardineira na varanda ou num vaso sobre o parapeito da janela da cozinha.
Sete frutos e legumes para os mais audazes
Ganhando alguma experiência, não resistirá a lançar-se noutro tipo de culturas. Privilegie hortaliças que crescem depressa, pois é mais gratificante poder colher sem grandes demoras o resultado dos seus esforços. Alguns exemplos: alface, rúcula, feijão-verde, rabanete, nabo, beldroega, etc.
Outros produtos no topo das preferências dos horticultores e que proporcionam maior prazer pelo facto de serem incomparavelmente mais saborosos quando plantados em casa do que quando produzidos em massa: alface, tomate-cereja, cenoura-baby e também morango. Revelamos os cuidados específicos para a cultura destes e de outros produtos muito consumidos e apreciados e que se dão bem em vasos.
1. Alface (Lactuca sativa)
Muito fácil de cultivar, a alface também se adapta perfeitamente às culturas em vasos e sacos de cultivo. Composta sobretudo por água, esta hortaliça tem poucas calorias. Inclui vitaminas A e B9 (ácido fólico), além de minerais como potássio, cálcio e ferro. Refrescante, são-lhe ainda atribuídas propriedades diuréticas. Por norma, é consumida crua, em saladas, mas em caso de produção excessiva pode perfeitamente ser incorporada em sopas.
O leque de variedades sob a forma de sementes é mais vasto, motivo pelo qual é preferível semear em vez de plantar. As alfaces crescem em solos normais, que conservem bem a humidade, e em locais a meia-sombra, pois o excesso de luminosidade faz com que cresçam demasiado em altura. Semeie pequenas quantidades de cada vez. Inicie o cultivo por volta de março ou abril, num espaço abrigado, e encerre a época de sementeira em outubro, privilegiando nessa altura as variedades de inverno, como a batavia. Regue regularmente as alfaces, sobretudo por tempo quente.
Não é necessário adubar o solo, a menos que a terra seja muito pobre em nutrientes. Neste caso, acrescente fertilizantes ricos em azoto antes de iniciar a sementeira.
2. Cebola (Allium cepa)
Pobre em calorias, a cebola constitui uma boa fonte de vitaminas: do grupo B, como tiamina (B1), piridoxina (B6) e ácido fólico (B9), e vitamina C. Crua tem efeito diurético e cozida combate a prisão de ventre. Possui sacarose, que lhe dá um sabor adocicado e uma coloração castanha quando é frita ou refogada. É um elemento indispensável na cozinha, que pode ser usado como condimento ou legume, tanto em pratos de carne, como em sopas e refogados de legumes.
É mais fácil plantar cebolas do que semeá-las. Simples de plantar, requerem um solo comum, pouco profundo, e que não precisa de fertilizantes. Opte por variedades de menor dimensão, como as cebolas doces, que exigem menos cuidados. Este legume planta-se cedo, no fim de fevereiro. Plante os bolbilhos com a raiz para baixo e a ponta para cima, empurrando-os com os dedos para que entrem na terra, para que o topo da cebola fique enterrado um centímetro abaixo do solo. Não faça covas para as plantações, pois não devem ficar espaços vazios entre as cebolas e a terra. Garanta um espaço suficiente entre cada bolbilho. Quando a ramagem ganhar um tom amarelado e murchar, as cebolas estão prontas para serem colhidas. Depois da colheita, seque bem as cebolas e guarde-as em paletes de madeira, num local seco, ou suspensas em tranças.
3. Cenoura (Daucus carota)
De textura crocante e sabor adocicado, a cenoura agrada a quase todos. Pobre em calorias, garante um elevado aporte em vitamina A e carotenos: 100 gramas permitem preencher as nossas necessidades diárias de vitamina A. Por esse motivo fazem bem aos olhos e à pele. Rica em fibras, também é útil para a regularização do trânsito intestinal. O potássio é o mineral mais abundante. É possível ter cenouras à disposição durante quase todo o ano: desde a cenoura-baby no início da primavera, até às variedades da época, que se conservam durante parte do inverno. As cenouras podem ser consumidas de muitas maneiras: cozidas ou cruas, como aperitivo ou acompanhamento, ao natural ou em molhos, sumos, purés, macedónias de legumes, sopas e até na confeção de sobremesas.
A cenoura é semeada e não plantada. Dá-se bem tanto na terra como em vasos. Escolha vasos com, pelo menos, 30 centímetros de profundidade, trace sulcos com um centímetro de profundidade num solo bem drenado, predominantemente arenoso, mas sem pedras, para que as cenouras não cresçam com deformações. Para evitar que as plantas fiquem muito próximas umas das outras, misture as sementes com areia. Deverá desbastar as culturas em dois momentos: quando as plântulas atingirem três centímetros, e mais tarde, aos dez centímetros. Elimine regularmente as ervas daninhas.
Regue com regularidade em períodos de seca, mas sem exageros, para que a ramagem não se desenvolva mais do que a própria raiz. Antes de semear, enriqueça o solo com um adubo especial para hortas, rico em fósforo.
4. Espinafre (Spinacia oleracea)
É muito fácil cultivar espinafres em vasos dentro de casa ou numa varanda. Se tudo correr bem, poderá saborear estas folhas tenras cerca de um mês e meio depois da sementeira. Com muitas fibras e poucos açúcares, esta hortaliça é pouco calórica, sendo um verdadeiro tesouro para a saúde, particularmente rico em vitamina A, ácido fólico (B9) e vitamina C. Além disso, contém minerais como potássio, cálcio e magnésio. Por conter ácido oxálico, não é aconselhável para quem sofre de artrite, gota e cálculos renais. Cozidas, as folhas constituem um excelente acompanhamento tanto para pratos de carne como de peixe. Pode também incorporá-las em folhados ou tartes. As folhas mais jovens e tenras (muitas vezes comercializadas com a designação baby) podem ser consumidas cruas e ficam deliciosas nas saladas.
Este legume folhoso aprecia solos argilosos, ricos e húmidos. Semeie diretamente na terra, em regos com dois centímetros de profundidade, que deve regar bem antes de tapar. Depois, cubra-os com dois a três centímetros de terra. Quando os espinafres começarem a despontar, desbaste a terra de modo a guardar apenas uma planta a cada cinco centímetros (se pretende colher só folhas jovens e pequenas). Caso prefira deixar a planta crescer mais, reserve cerca de 15 centímetros entre cada planta. Colher regularmente as folhas favorece o crescimento de novos rebentos. Caso disponha de algum espaço para a plantação (um horto quadrado ou retangular, por exemplo), pode semear pequenas filas com alguma regularidade e, assim, usufruir de espinafres frescos desde o início do verão até ao inverno.
Tenha em atenção que o espinafre não se dá bem com a secura e as temperaturas muito elevadas, pelo que é preferível colocar os vasos num espaço fresco e com sombra. A terra nunca deve secar completamente entre as regas. Assegure a irrigação regular do solo, sobretudo nos dias quentes.
O espinafre é um legume guloso, pelo que é recomendável enriquecer a terra com uma boa dose de composto ou estrume antes do cultivo. Pode igualmente aplicar um fertilizante rico em azoto.
5. Pimento (Capsicum annuum)
Fácil de cultivar tanto numa horta na terra como em vasos, este legume possui cores vivas, muito decorativas: começa por ser verde, mas, dependendo da variedade, torna-se depois amarelo, laranja ou vermelho. Garante um bom aporte de fibra, minerais (potássio) e vitaminas B9 (ácido fólico) e C. Misturado em saladas, grelhado, recheado ou combinado com outros legumes, o pimento ajuda a realçar o sabor de inúmeros pratos. Para torná-lo mais fácil de digerir, basta tirar-lhe a pele. Passe-o no grelhador por breves instantes para facilitar a tarefa.
Escolha um local bem quente, com boa luminosidade e abrigado do vento. O solo deve ser fértil e possuir boa drenagem. Quando as temperaturas médias atingirem os 20°C, é tempo de passar as plantações de pimento para o exterior. Prepare um suporte com estacas para as apoiar e limite o seu crescimento: com a tesoura de podar, corte o caule principal acima da primeira flor, assim como as ramificações secundárias (acima da terceira flor, neste caso). Procure não ultrapassar uma dúzia de pimentos por planta.
O pimento deve ser regado com regularidade durante toda a fase de crescimento (sempre com cuidado, para não molhar as folhas). Coloque junto de cada planta uma garrafa de plástico (sem fundo e com o bocal tapado, com um pequeno furo e virado para baixo) e encha-a com água. Desta forma assegurará uma rega diminuta, mas contínua.
O pimento é guloso e necessita de uma camada generosa de composto durante a plantação, assim como do enriquecimento do solo ao longo de todo o crescimento, com chorume de urtigas, por exemplo, ou adubo especial para pimentos (rico em potássio).
6. Tomate (Solanum lycopersicum)
Existem mais de 500 variedades de tomate, com cores, formas e sabores muito diversos. Apresenta baixo valor calórico e é rico em vitaminas A e C, e minerais, como o potássio. Além disso, é uma fonte de fibra. Contém licopeno (pigmento do tomate), um antioxidante, benéfico na proteção contra o stresse, a poluição e os raios solares.
As versões miniatura ou pendentes dão-se bem em vasos e em plantações suspensas. O tomate é fácil de cultivar, desde que haja sol e esteja abrigado do vento. Enterre boa parte do caule a uma profundidade considerável, para que as raízes tenham condições para se desenvolverem. Aproveite também o momento das plantações para instalar estacas. Ao invés de plantar, pode optar por semear tomate. Nesse caso, terá à disposição um leque mais vasto de espécies. Se estiver no exterior, considere abrigar os tomateiros da chuva, com uma simples cobertura de plástico transparente. Controle o crescimento da planta para obter frutos mais bonitos: colha os tomates que se desenvolvem nas dobras entre as ramagens e o caule principal, e corte este caule por cima do quarto ou quinto ramo de flores. Se se tratar de tomate-cereja, não deve podar.
Regue junto ao pé da planta, porque as folhas são muito sensíveis à humidade. Não regue em demasia, para evitar a formação de fungos. O tomate aprecia uma terra leve e rica em húmus. Alimente-o com um adubo orgânico especial para tomateiros rico em potássio.
7. Morango (Fragaria)
Ao contrário da maioria dos pequenos frutos, o morangueiro não é arbustivo. Trata-se de uma planta herbácea rasteira. Existem dois tipos de variedades de morangueiro: as não-trepadeiras, que produzem frutos em quantidade generosa, mas só durante algumas semanas (entre fins de maio e início de julho), e as variedades trepadeiras, que dão morangos de forma mais espaçada, entre meados de junho e outubro, fazendo uma pausa durante o período de calor mais intenso. É um fruto pouco calórico, rico em minerais (ferro e potássio) e em vitaminas C e B9 (ácido fólico). As sementes do morango (aquênios) estimulam levemente o trânsito intestinal. Para desfrutar do aroma e sabor, não consuma os morangos muito frios nem adicione açúcar. Pode incorporá-los em sobremesas ou usá-los em compotas (neste caso, escolha os mais consistentes).
Os morangueiros dão-se perfeitamente em vasos num apartamento. Tanto podem ser semeados como plantados. Este último método é preferível para os mais impacientes: além de menos trabalhoso, dará frutos mais depressa (cerca de 60 a 80 dias depois do plantio).
Transplante as plântulas (que poderá adquirir num viveiro ou num horto) em vasos, numa terra rica, arejada, ligeiramente ácida e bem húmida, de preferência no fim do verão (meados de agosto ou setembro). Coloque os vasos num local com boa exposição solar e preste especial atenção à rega. Os morangueiros apreciam a terra húmida pelo que deverá regá-los com frequência, mas com moderação, para não alagar as raízes, sob pena de apodrecerem.
Elimine regularmente as ervas daninhas e as folhas murchas e colha os frutos quando estiverem maduros.
Pelo fim do inverno, impõe-se uma operação de limpeza: cortar as folhas e os estolhos (morangueiros bebés que se desenvolvem à volta da planta-mãe), deixando quase só as raízes. Voltarão a desenvolver-se sem problema. Os morangueiros esgotam-se depressa. É necessário renovar as plantações a cada dois ou três anos. Para o efeito, recupere os estolhos, cortando-os com a tesoura de poda.
Os morangos são especialmente gulosos, pelo que é importante enriquecer a terra com adubo especial para morangueiros, rico em potássio.
Como fazer a manutenção da horta
As plantações em hortas urbanas, em pequenos canteiros ou em vasos requerem pouco trabalho. Para além de regar e arrancar as plantas em excesso de modo a manter uma boa distância entre elas, há outros aspetos a controlar durante toda a época do cultivo.
Algumas hortaliças (sobretudo as folhosas, como a alface, o espinafre, os canónigos, etc.) não apreciam a concorrência das ervas daninhas, porque sorvem os nutrientes do solo. Não se esqueça de controlar este aspeto e eliminar essas ervas indesejáveis, arrancando-as de vez em quando (faça-o quando a terra não estiver demasiado seca, para que as raízes não fiquem no solo) ou revolvendo a terra à volta das plantações, com a ajuda do ancinho.
As plântulas, como o tomate, a beringela e a curgete, tendem a crescer de modo descontrolado, espalhando-se e prejudicando o desenvolvimento dos frutos. Para travar esse processo, deve podá-las regularmente, fazendo estalar as extremidades dos rebentos entre o polegar e o indicador.
Cuidados com a rega
Nas plantações em casa, é preciso alguns cuidados com a rega, pois o substrato em vasos seca mais depressa do que a terra.
- Opte sempre por regar as plantas de manhã ou ao fim do dia para evitar as perdas por evaporação.
- Considere reciclar a água de uso doméstico (como a que é utilizada para lavar os legumes, por exemplo) e instalar recipientes para recolher a água da chuva.
- Regue junto ao pé da planta para garantir uma rega em profundidade das raízes. Além disso, desta forma, evita molhar a parte aérea da planta, o que poderia causar algumas doenças, como o desenvolvimento de bolores, ou queimar as folhas ou ramagens por efeito de lupa das gotículas.
- Prefira regar abundantemente e menos vezes do que várias vezes de forma superficial.
- As necessidades de água variam de planta para planta, mas, globalmente, deve manter-se o solo sempre húmido, mas não encharcado. O excesso de água pode levar ao apodrecimento das raízes e matar a planta.
Soluções para as férias
Se pensa que não vale a pena dar-se ao trabalho de criar uma mini-horta em casa porque tal irá representar uma prisão e não partir de férias, desengane-se. Existem soluções para evitar que as suas culturas sequem.
Antes de ausências prolongadas, concentre os vasos num tabuleiro com água ou peça a um vizinho ou a um familiar o favor de se ocupar da rega até ao seu regresso.
Outro truque para manter um fluxo de humidade consiste em reunir os vasos ao redor de um grande reservatório cheio de água e enterrar um pedaço de corda de fios de algodão ou de tecido em cada um deles, mergulhando a outra extremidade no reservatório.
Mas existem inúmeras outras soluções: bolhas de vidro invertidas cheias de água, gotejadores ligados a um sistema automático de rega, garrafas de água invertidas com um furo na tampa, etc. Dê azo à imaginação!