É urgente um fundo sísmico

Publicado a 23 junho 2025
filipa rendo
Filipa Rendo Team Leader da área de Produção de Conteúdo

Num país com risco sísmico médio a elevado, ainda que com epicentros tendencialmente distantes, poucos são efetivamente os imóveis protegidos por uma apólice contra fenómenos sísmicos. 

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Filipa Rendo Team Leader da área de Produção de Conteúdo
iStock seguro multirriscos habitação
Se a casa vier mesmo abaixo, apenas 20% dos proprietários verão os danos ressarcidos, ou seja, com custos de reconstrução suportados.

E se a terra abanar... muito? Poucos poderão assegurar que a sua casa não vem abaixo. Num país com risco sísmico médio a elevado, ainda que com epicentros tendencialmente distantes, poucos são efetivamente os imóveis protegidos por uma apólice contra fenómenos sísmicos. O que significa que, se a casa vier mesmo abaixo, apenas 20% dos proprietários verão os danos ressarcidos, ou seja, com custos de reconstrução suportados.

E porquê? Por um lado, porque não se trata de uma cobertura obrigatória do seguro multirriscos, por outro, porque, sendo complementar, a contratação obriga a custos acrescidos para os proprietários, grosso modo, de 50 euros anuais. A juntar a isto predominam construções menos recentes, sobretudo dos anos 60 e 70, sem grandes preocupações técnicas contra sismos.

Os recentes abalos em Portugal Continental, em agosto de 2024, ao largo de Sines, com 5,3 na escala de Richter, e outro de 4,7, em fevereiro deste ano, a oeste do Seixal, vieram relembrar o quão desprotegido está o parque habitacional – e ressuscitar a discussão.

A solução poderia passar pela criação de um fundo para catástrofes, incluindo a sísmica, que, em caso de tragédia, protegeria todos os lesados. A Associação Portuguesa de Seguradores e a Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões defendem-no.

Também a DECO PROteste reivindica, há vários anos, a criação de um fundo mutualista para o qual contribuiriam consumidores, seguradoras e Estado. A proposta há muito foi entregue ao Governo e parece não suscitar oposições. Mas a legislação tarda. Ao Executivo que agora tomou posse só se pode exigir celeridade, antes que um abalo violento torne tudo tarde demais.
 

Os recentes abalos em Portugal Continental, em agosto de 2024, ao largo de Sines, com 5,3 na escala de Richter, e outro de 4,7, em fevereiro deste ano, a oeste do Seixal, vieram relembrar o quão desprotegido está o parque habitacional – e ressuscitar a discussão. 

 

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