Qual é a desculpa agora?
Nos últimos anos, a cobrança de comissões tem servido de almofada financeira aos bancos perante resultados menos positivos. Mas, mesmo depois de a margem financeira dos cinco grandes ter duplicado em um ano, a receita com comissões desceu apenas de forma residual.
A banca tem razões para sorrir. A margem financeira dos cinco maiores bancos mais do que duplicou em apenas um ano. Catapultados pelas galopantes taxas de juro associadas aos créditos em geral, os números do Banco BPI, Caixa Geral de Depósitos, Millennium bcp, Novo Banco e Santander cresceram, em conjunto, mais de 2800 milhões de euros no final do terceiro trimestre face a igual período de 2022.
Significa isto, de forma simples, que os juros cobrados aos seus clientes em muito superaram o que lhes pagaram via produtos de poupança. Aliás, bem sabemos que, até há poucos meses, a remuneração dos depósitos a prazo em Portugal era das mais baixas da União Europeia.
Perante um favorável contexto de elevadas taxas de juro (ainda que estas comecem a dar sinais de estabilização, muito demorarão a refletir-se na descida das prestações), é hora de saber que argumento pretendem os bancos agora usar para o elevado comissionamento. Nos últimos anos, habituámo-nos a que lhes servisse de almofada perante resultados menos positivos. Mas, e agora?
A receita arrecadada pelos cinco grandes com comissões pouco variou, mantendo-se acima dos 1500 milhões de euros. Registou apenas uma descida residual, de 1,5%, no terceiro trimestre de 2023, face ao período homólogo, muito provavelmente como resultado das proibições que entraram entretanto em vigor, como a da comissão de processamento da prestação, que, segundo as estimativas da DECO PROTeste, rendia cerca de 72 milhões de euros anuais.
Os cinco grandes continuam a cobrar 5,7 milhões de euros em comissões por dia, quase 4 mil euros ao minuto. Quando vão começar a desonerar os seus clientes, os mesmos que estão a engordar a sua margem financeira a cada prestação revista em alta?
Sabia que...?
A comissão de processamento da prestação, cuja cobrança foi proíbida em 2023, rendia aos bancos cerca de 72 milhões de euros anuais, segundo estimativas da DECO PROTeste.
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