Dicas

Como poupar no aquecimento da casa?

Ainda usa radiadores a óleo, aparelhos de halogéneo ou emissores de calor? Com ar condicionado, ao fim de um ano, pode poupar mais de 100 euros e reduzir bastante o impacto no ambiente. Se o ar condicionado não é opção, prefira os termoventiladores e os convectores.

Especialista:
06 dezembro 2024
Pessoa com os pés estendidos em cima de um radiador de parede. Os pés têm meias calçadas. Ao lado há um móvel, em cima do qual está uma caneca de chá.

iStock

Quando os dias e as noites ficam mais frescos, os consumidores começam a recorrer a soluções para aquecer as casas. Isto também acontece, em parte, devido ao desconforto causado pelo fraco isolamento térmico das construções em Portugal. Muita da energia gasta no aquecimento das casas é perdida, por exemplo, em janelas ineficientes ou em construções com baixos níveis de isolamento térmico.

As soluções de aquecimento como os aquecedores portáteis (onde se incluem os termoventiladores, os convectores, os emissores e os radiadores a óleo) são ainda das mais procuradas pelos consumidores, por serem mais baratas. Contudo, acabam por aumentar a fatura da eletricidade, e o seu uso apresenta uma pegada ambiental (emissões de CO2) muito significativa devido ao elevado consumo associado. A melhor forma de manter uma temperatura confortável em casa á atuar ao nível da envolvente do edifício, optando por janelas mais eficientes ou por reforçar o isolamento térmico da casa. Quando não é possível, para reduzir as necessidades de energia e manter o interior confortável, é fundamental escolher um sistema de aquecimento eficiente, com custos energéticos mais reduzidos, e cuja utilização se traduza em menores emissões de CO2.

O melhor sistema para o aquecimento da casa depende, entre outros fatores, do tipo de habitação e das reais necessidades de climatização durante o ano.

Simular qual o melhor sistema de aquecimento

Ar condicionado e salamandras a pellets são mais económicos

Para utilizações pontuais, os aquecedores portáteis podem dar resposta às necessidades de aquecimento, por serem rápidos a proporcionar uma sensação de conforto, sobretudo a quem estiver próximo do aparelho. Mas, quando se pretende uma distribuição mais uniforme da temperatura na divisão, e durante períodos mais longos, os custos com um aquecedor portátil podem não justificar o baixo custo de aquisição. Nesta situação, é fundamental optar por equipamentos mais eficientes, com um consumo inferior e menores emissões de CO2.

Para mostrar quanto se gasta e o impacto no ambiente das várias soluções de aquecimento, a DECO PROteste fez contas. Nos cálculos, assumiu-se, como ponto de partida, a utilização de um termoventilador durante quatro horas por dia, 5 dias por semana. Tendo em conta o calor fornecido por este equipamento, verificou-se qual seria o consumo de um ar condicionado ou de uma salamandra a pellets para garantir a mesma quantidade de calor. Como o ar condicionado e a salamandra têm uma capacidade de aquecimento superior, não necessitam de funcionar as quatro horas para o efeito.

Ao analisar-se o custo de utilização de cada um destes aparelhos ao longo de um ano, nos cinco meses mais frios (novembro a março), a poupança alcançada com os equipamentos mais eficientes, como o ar condicionado ou a salamandra a pellets, é ainda mais evidente.

Gasto anual com aquecimento 
(4 horas por dia, 5 dias/semana e 5 meses)
Energia consumida
(kWh)
Custo anual
da energia
(€)
Emissões anuais
(kg CO2)
Ar condicionado 215 42  78
Salamandra a pellets
875 56 0
Termoventilador  787 152 284

Para conseguir o mesma quantidade de calor, uma salamandra a pellets permite poupar 96 euros, por ano, face ao termoventilador. Já com o ar condicionado, a poupança sobe para 110 euros anuais. Para os cálculos considerou-se um custo de 19 cêntimos por kWh de energia elétrica e, no caso dos pellets, 6 cêntimos por kWh. Um saco de 15 quilos de pellets custa cerca de 5 euros. Quanto às emissões de CO2 associadas, o ar condicionando garante uma redução de 206 quilos de CO2 anuais face ao termoventilador. Já a salamandra tem emissões neutras porque se considera que o CO2 libertado na queima dos pellets é recuperado pelas árvores durante o seu ciclo de vida.

Gastar menos com os aquecedores portáteis

Apesar de não serem os mais económicos, os aquecedores portáteis continuam a ser os preferidos em Portugal. Em 2020, estavam presentes em 65% das habitações, existindo, em média, quase dois equipamentos por lar. Afinal, são aparelhos baratos, transportáveis e fáceis de instalar e usar. Mas, para manter uma casa quente durante o inverno, o consumo é muito elevado, o que se reflete na fatura da eletricidade. Daí, deverem ser usados pontualmente, como fontes secundárias de aquecimento. Se optar por um aquecedor portátil, considere comprar um equipamento com temporizador incorporado. Em alternativa, um temporizador de tomada permite programar o tempo de funcionamento do aparelho e evitar desperdício de energia.

Dos vários aquecedores portáteis, a DECO PROteste analisou o desempenho de termoventiladores, convectores e emissores de calor. Para tal, mediu o tempo de utilização e o consumo para se fazer sentir um aumento de temperatura de 10ºC (dos 15ºC para os 25ºC) numa sonda colocada em frente aos aparelhos, simulando alguém que procurasse aquecer-se sentado próximo dos mesmos. Atenção: os 25ºC não corresponde à temperatura final da divisão e nem convém, pois, no inverno, a temperatura de conforto deve oscilar entre os 18ºC e os 20ºC.

O termoventilador, por possuir uma ventoinha que ajuda a dispersar o ar quente com rapidez, demorou cerca de 23 minutos para aumentar a temperatura. O convector precisou de perto de 44 minutos e com o emissor de calor só ao fim de mais de uma hora (73 minutos) a sonda mediu 25ºC, o que se traduziu num consumo de eletricidade superior.

Se, todos os dias e por cinco meses, o consumidor usar o equipamento duas vezes por dia nestas condições — para se aquecer pontualmente —, o custo anual com o termoventilador será de 43 euros, enquanto o convector custará 74 euros e o emissor, por ser mais lento e necessitar de funcionar mais tempo, gastará 101 euros.

Aumentar a temperatura dos 15ºC para os 25ºC
(duas vezes por dia, durante cinco meses)
Consumo
(kWh)
Custo anual
da energia
(€)
Emissões anuais
de (kg CO2)
Termoventilador 221 43 80
Convector 383 74 138
Emissor de calor 520 101 188

Este cenário implica que o consumidor pretende aquecer-se com rapidez e, após sentir-se confortável, desliga o aparelho. Se fosse para aquecer uma divisão, os aparelhos teriam de funcionar mais tempo, com um consumo e custos associados superiores. Como tal, numa utilização pontual, sem grandes necessidades de aquecimento, o investimento em equipamentos mais eficientes e mais caros poderá não se justificar. Ainda assim, prefira os termoventiladores e ou os convectores, por serem mais rápidos. Feche a porta da divisão onde se encontra para preservar o calor.

Quanto maior for a necessidade de aquecimento em casa, mais compensa a utilização do ar condicionado ou da salamandra a pellets, desde que seja possível instalar, por serem sistemas eficientes e com baixa pegada ambiental. Mesmo com custos de aquisição mais elevados e uma instalação que pode ter alguma complexidade, a médio e a longo prazo, a poupança em energia acaba por pagar o investimento adicional. O ar condicionado tem ainda a vantagem de arrefecer a casa no verão.

É nosso subscritor e precisa de esclarecimentos personalizados? Contacte o nosso serviço de assinaturas. Relembramos ainda que pode aceder a todos os conteúdos reservados do site: basta entrar na sua conta

Se ainda não é subscritor, conheça as vantagens da assinatura.

Subscrever

 

O conteúdo deste artigo pode ser reproduzido para fins não-comerciais com o consentimento expresso da DECO PROTeste, com indicação da fonte e ligação para esta página. Ver Termos e Condições.

Temas que lhe podem interessar