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Carro elétrico já compensa

Fizemos o estudo que faltava em nove países. Comprar um carro elétrico já é a solução mais vantajosa, depois de calcular as despesas com a compra, posse, utilização e venda. Em segunda e terceira mão, o negócio compensa ainda mais.

27 maio 2021 Exclusivo
volante, painel de bordo e comandos de carro elétrico Kia e-Niro

Victor Machado

Quanto custa ser dono de cada tipo de automóvel? E qual a solução mais económica? Fizemos as contas às despesas com a posse e a utilização do automóvel. O resultado é o chamado total cost of ownership. Simulámos a compra com base nas tendências de evolução dos custos até 2030. No final, o carro elétrico apresentou um custo mais baixo.

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O futuro é elétrico. A maioria das marcas não se cansam de soprar esta visão, mas estão a errar na mensagem e nas contas. Na equação do negócio, o presente já é elétrico. Fizemos os cálculos aos custos associados às várias tecnologias, e, em Portugal, o carro elétrico arrasa em toda a linha. Se tiver de comprar um automóvel, o elétrico é o melhor negócio.

Carro elétrico é a melhor escolha hoje

Poupança e sustentabilidade ambiental estão garantidas. Os carros elétricos já são a opção mais barata para muitos consumidores. Fizemos as contas para três dimensões de automóveis: pequenos (por exemplo, Renault Zoe), segmento médio (por exemplo, Nissan Leaf) e grandes (por exemplo, Tesla Model X). Entre as tecnologias disponíveis, os carros elétricos do segmento pequeno e médio comprados hoje em Portugal são a solução mais interessante ao longo da vida do veículo, revela a investigação mais recente da Organização Europeia de Consumidores (BEUC) e das nove organizações de consumidores que participaram, em Portugal, Espanha, Bélgica, Itália, França, Alemanha, Chipre, Lituânia e Eslovénia.

A poupança é sobretudo significativa para quem é proprietário de um elétrico em segunda e terceira mão, que sofre menor desvalorização e beneficia ao máximo dos baixos custos de energia e de manutenção. Para os primeiros donos, a economia com a eletricidade torna-se muito apetecível se conduzirem muitos quilómetros por ano: mais de 25 mil. Mas, nalguns cenários, mesmo para baixas quilometragens anuais (até 5 mil), já é possível obter vantagens com o carro elétrico.

Ver o carro mais económico por quilómetro

Elétricos em segunda e terceira mão compensam

No segmento médio, a quebra dos custos é muito mais acentuada nos modelos elétricos. Os segundos e os terceiros proprietários tiram partido da menor desvalorização do veículo. Nos nossos cenários, considerámos os seguintes períodos de posse e quilometragens anuais: 1.º dono, 6 anos, 15 mil km; 2.º dono, 7 anos, 12 mil km; e 3.º dono, 8 anos, 10 mil km.

Elétrico usado compensa ainda mais

 Automóvel 1.º dono 2.º dono 3.º dono
Elétrico € 46 682 € 18 307 € 17 024
Híbrido a gasolina (uso otimizado) € 46 821 € 20 318 € 19 398
Gasóleo € 48 332 € 22 587  € 22 604
Gasolina € 50 996 € 25 768 € 26 475
 Automóvel 1.º dono 2.º dono 3.º dono
Elétrico € 46 682 € 18 307 € 17 024
Híbrido a gasolina (uso otimizado) € 46 821 € 20 318 € 19 398
Gasóleo € 48 332 € 22 587  € 22 604
Gasolina € 50 996 € 25 768 € 26 475

Qual o custo total de propriedade do automóvel

A análise recorre a estimativas com base em valores definidos de anos de posse e número anual de quilómetros. Podemos comparar as tecnologias e revelar a solução mais económica. A fórmula parece complexa, mas é simples: inclui preço de veículos e depreciação do mercado; custos e consumo de combustível/eletricidade; impostos (IVA, ISV, registo, IUC); e custos de seguro e manutenção.

Entre julho de 2020 e março de 2021, pesquisámos os custos associados à propriedade de automóveis para várias tecnologias: veículos a gasóleo e a gasolina (motores de combustão interna), totalmente híbridos, híbridos plug-in, hidrogénio (com célula de combustível) e elétricos a bateria. Calculámos os custos do primeiro ao terceiro proprietário. Simulámos diferentes cenários de aquisição até 2030.

Encargos com um carro do segmento médio

Bem usado, com o carregamento regular da bateria, o carro plug-in híbrido a gasolina fica quase tão vantajoso quanto o elétrico.

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Mal utilizado, ou seja, sem nunca carregar a bateria, o híbrido plug-in a gasolina torna-se numa das piores opções.

Cinco anos depois da primeira investida sobre a acessibilidade dos carros elétricos, tudo mudou e com enormes vantagens para a carteira do consumidor e para a saúde do planeta. Os fabricantes de automóveis mudaram de paradigma. Pressionados pela legislação europeia sobre a redução das emissões de CO2 a lançarem no mercado carros mais limpos, apostaram na eletricidade. As políticas ambientais aceleraram a fundo. As metas de redução das emissões foram o grande motor para incentivar a adoção de veículos elétricos, sendo neste momento a tecnologia disponível que mais bem responde às necessidades de controlo das alterações climáticas. O que era ficção científica há cinco anos para alguns está rapidamente a tornar-se uma oportunidade real para os consumidores em Portugal e na Europa.

Poupanças até 12 600 euros ao virar da esquina

Em Portugal, mesmo excluindo os incentivos à compra, os carros 100% elétricos são a tecnologia mais barata para modelos pequenos e médios. Com apoios e financiamento adequados aos consumidores, podem proporcionar economias desde o primeiro dia. No caso dos modelos de maior porte, os elétricos só se tornam competitivos nesta análise a partir de 2023, com a redução expectável do custo de aquisição e a aproximação aos veículos idênticos de outras tecnologias. A principal barreira ao crescimento dos elétricos é ainda o mais elevado preço inicial, que gera maiores custos de desvalorização para os primeiros donos. Ainda assim, o mercado está ao rubro. Portugal atingiu a terceira maior percentagem de carros elétricos no total de vendas de automóveis em 2020, nos nove mercados abrangidos pelo estudo.

Na análise do custo de utilização, simulámos diferentes cenários, como as tarifas fora das horas de ponta e as tarifas públicas para diferentes quilometragens anuais e períodos de propriedade cada vez mais curtos. Por exemplo, para condutores que rodam mais de 25 mil quilómetros ao ano e mantêm o carro durante 6 anos, um elétrico do segmento médio permite uma economia, sobre a primeira compra, de 12 600 euros e 6300 euros, em confronto com um modelo a gasolina e a gasóleo, respetivamente.

Apesar disso, a opção continua a ser a mais competitiva para os primeiros donos, mesmo para condutores que fiquem com o carro elétrico apenas durante quatro anos ou viajem menos de 15 mil quilómetros por ano.

Condutores de carros elétricos exigem

Os entraves persistem na transição para a mobilidade elétrica. E temos denunciado o que falta fazer para que o carro elétrico seja uma solução prática. Para quem depende do carro, carregar um veículo elétrico deve ser tão fácil quanto abastecer um modelo a gasolina.

Esbater a diferença de preço entre os veículos das diferentes tecnologias de forma estruturada, eliminando o impacto do investimento inicial, é crucial. Os subsídios e as isenções ajudam, mas é preciso garantir estabilidade fiscal a longo prazo e a redução efetiva do preço dos elétricos, quer pelo aumento da oferta, quer pela redução do custo das baterias e, por consequência, do custo de aquisição. O incentivo também deve passar pela retoma dos subsídios ao abate de veículos em fim de vida que tenham emissões elevadas, quando a troca se faça para aquisição de veículos elétricos (carros, motas ou bicicletas).

Impõe-se garantir a fácil utilização do veículo, seja pelo incentivo na instalação de carregadores privados, sempre que exista lugar privado de estacionamento, seja com uma rede de carregadores que privilegie a quantidade de postos. Esta deve ser composta sobretudo por carregadores rápidos e ultrarrápidos.

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