Transportar bagagem no carro em segurança
Levar demasiada bagagem no carro pode ser perigoso se não utilizar as ferramentas certas. Saiba como transportar a carga extra em segurança.
- Especialista
- Alexandre Marvão e Sofia Lima
- Editor
- Filipa Nunes

Em férias ou de fim de semana, há alturas em que é necessário carregar mais o carro. Dependendo do que se transporta, há desde caixas de tejadilho a vários tipos de apetrechos para transporte de bicicletas ou pranchas de surf.
Respeite o Código da Estrada para transportar carga
No que diz respeito à forma como a carga é transportada, diz o Código da Estrada que:
- deve estar devidamente assegurado o equilíbrio do veículo, parado ou em marcha;
- a carga deve estar acomodada de maneira a não cair sobre a via nem oscilar por forma que torne perigoso ou incómodo o seu transporte ou provoque a projeção de detritos na via pública;
- a carga não pode reduzir a visibilidade do condutor, nem ser arrastada pelo pavimento;
- veículo e respetiva carga não devem ter mais do que quatro metros de altura;
- tratando-se de veículos destinados ao transporte de passageiros, as visibilidades das luzes e/ou da chapa de matrícula não podem ser prejudicadas, bem como os contornos envolventes do veículo não devem ser excedidos, exceto numa situação regulamentada: os veículos ligeiros de caixa fechada podem transportar objetos que sejam indivisíveis, e não caibam no seu interior, no tejadilho, mas estes não devem exceder, em comprimento, 55 centímetros para a frente e 45 centímetros para a retaguarda, além do contorno envolvente do veículo; a largura deve ser a do veículo.
Em caso de queda de carga na via, coloque rapidamente o triângulo e regularize a situação. Se não for possível, chame a assistência em viagem ou ligue o 112 e peça ajuda.
Use um separador para bagagem acima do limite do banco traseiro
O porta-bagagens é, muitas vezes, carregado com objetos mais ou menos pesados, que raramente são presos ou fixados. Porém, vários estudos sobre colisões frontais relataram ferimentos ou fatalidades causados por bagagem ou simples utensílios que se deslocaram da bagageira para o habitáculo devido a falhas no sistema de retenção dos bancos traseiros.
Na altura da compra do automóvel, verifique se é oferecido de série algum sistema de retenção de carga (redes ou cintas para fixação). Caso não haja nenhum disponível, compre um [valores desde 6,95 euros (40x40 cm) ou 15,95 euros (80x60 cm)].
As bagageiras com duplo piso também devem ser valorizadas se permitirem o transporte de objetos grandes. Pode usar esse espaço para guardar os objetos mais pesados e mais pequenos. Caso o seu carro não tenha uma destas bagageiras, tente colocar os itens mais pesados junto ao piso e espalhá-los o mais uniformemente possível, deixando os objetos mais leves para o final.
Se precisar de carregar a bagageira acima do limite do banco, opte por comprar uma rede divisória (algumas carrinhas trazem-na de série), que pode ser de metal ou de tecido. Em caso de acidente, isto impede ou diminui, o risco de a carga ser projetada para dentro do habitáculo.
Algumas carrinhas trazem uma divisória de série, ideal para o transporte seguro de bagagens ou de animais de estimação.
Caso transporte objetos pesados na bagageira, aperte os cintos de segurança dos bancos traseiros, mesmo se não transportar ninguém nesses lugares. Garante uma proteção adicional, pois, como os cintos estão ligados ao pilar e ao chassis, em caso de colisão, funcionam como travão do banco.
Evite transportar passageiros ou instalar uma cadeira de criança no lugar central quando houver bagagem pesada na bagageira. Este é o ponto mais fraco do banco traseiro, que fica particularmente vulnerável quando existe um apoio de braços que possa ser retraído.
Transporte as bicicletas num suporte próprio
Para transportar bicicletas no carro existem suportes para colocar no tejadilho e outros para serem fixados à traseira do automóvel. No caso destes, há os que aproveitam a carroçaria e os que usam o suporte do reboque.
Para o tejadilho há dois tipos de apetrecho. O suporte profissional, em que se retira a roda da frente da bicicleta, é fácil de colocar (sobretudo em veículos altos). Possui um perfil aerodinâmico, o que quer dizer que facilita a progressão do carro, não deixa marcas no quadro da bicicleta e esta é presa apenas em dois pontos: forqueta e roda traseira. A grande desvantagem é que a roda da frente tem de ser transportada no interior do habitáculo ou num suporte suplementar.
O mais comum é o que permite o transporte da bicicleta inteira, que é presa ao suporte pelo tubo diagonal do quadro, junto aos pedais. A única vantagem deste suporte face ao profissional é o facto de não ser necessário retirar nenhuma das rodas. Por outro lado, é mais difícil colocar a bicicleta no suporte, e mais fácil deixar marcas no quadro da bicicleta. Há outro tipo de suporte para tejadilho, que trata da elevação da bicicleta por si. De funcionamento hidráulico, não é um suporte muito comum, mas existe à venda. Com este suporte, tem apenas de prender o tubo do selim ao amortecedor, que este põe a bicicleta no sítio. Uma vez içada e devidamente colocada, é apenas necessário prendê-la ao suporte com as respetivas correias.
O suporte de tejadilho mais comum é o que permite o transporte da bicicleta inteira.
Transportar a bicicleta no tejadilho tem dois grandes inconvenientes: a resistência aerodinâmica gera um aumento do consumo do combustível e a maior altura da carga e a sua instabilidade obrigam a cuidados redobrados nas viagens e nos parques de estacionamento.
Para aumentar as condições de segurança em viagem, pode optar pelos suportes que se colocam na traseira do automóvel: instalados na bola do atrelado ou, caso esta não exista ou pretender deixá-la livre, presos com correias ao topo da porta da bagageira e ao fundo do chassis, ficando o suporte apoiado na zona do vidro traseiro e/ou bagageira.
Existem suportes de tejadilho para bicicletas, sem sistema antirroubo, a partir de 15,95 euros. Pode encontrar suportes com sistema antirroubo desde 39,95 euros. Para fixar à traseira do carro encontra suportes a partir de 140 euros.
Não cabe na bagageira? Ponha na caixa do tejadilho
Recorrer às caixas de bagagem é uma das soluções mais comuns para o transporte de carga em excesso. Estas caixas são feitas com materiais plásticos e fixam-se a duas barras transversais presas com adaptadores às calhas laterais do tejadilho do automóvel ou às barras longitudinais presentes de série em alguns modelos. Existentes em vários tamanhos e feitios, encontram-se à venda em grandes lojas de material automóvel, de desporto ou em hipermercados.
A opção depende, sobretudo, das características do automóvel e das suas necessidades. Por exemplo, um utilitário acomodará melhor uma bagageira pequena, mas se tiver de transportar objetos compridos (material de campismo, por exemplo), deverá optar por uma caixa maior, normalmente de formato retangular.
Este acessório apresenta vantagens consideráveis em relação às barras e grades de tejadilho. Sendo mais seguro e aerodinâmico, é, no entanto, relativamente caro e terá de prever um espaço para o arrumar quando não o utiliza. A sua compra só será útil para quem transporta regularmente bastante material ou viaja com frequência.
Uma caixa grande, de formato retangular, é ideal para transportar material de campismo.
A proteção contra roubo é um dos pontos fracos das caixas de bagagem. Não é muito difícil para um ladrão minimamente equipado abrir uma para deitar mão ao seu conteúdo. Evite, por isso, deixar objetos de valor dentro da bagageira, sobretudo se estacionar o automóvel na rua.
Outro grande senão é o aumento do consumo de combustível quando se transporta carga no tejadilho. Para além do aumento esperado com o peso extra que se está a transportar, e apesar de as caixas serem aerodinâmicas, a uma velocidade de 80 quilómetros/hora o consumo pode aumentar entre dez e 16 por cento.
As caixas para tejadilho podem custar desde 79,95 euros, para carga máxima de 50 quilos, ou desde 149,95 euros com carga máxima de 75 quilos.
Verifique tudo antes de seguir viagem
Antes de seguir viagem, há que verificar se está tudo bem montado e dentro da lei.
Caso recorra às caixas de bagagem, deve certificar-se de que as barras de tejadilho do seu carro são compatíveis com a caixa que pretende. Não use uma caixa de bagagem demasiado vazia. É mais fácil, e seguro, transportar uma caixa de bagagem cheia do que uma com muitos objetos soltos. No entanto, não a encha por completo para evitar que se deforme.
Evite encher a caixa antes de a colocar no respetivo suporte. Coloque a bagagem apenas depois da instalação completa, tendo atenção para que a zona de carga não fique virada para a estrada, mas sim para o passeio.
Verifique o peso máximo que pode transportar no tejadilho e inclua o peso da caixa e das barras nos seus cálculos. Evite utilizar malas rígidas dentro da caixa de bagagem. Vai desperdiçar espaço e acrescentar peso desnecessário. Utilize a caixa de bagagem para itens leves e com um formato específico.
Utilize as correias que vêm com a caixa para prender a carga. Se esta não as trouxer, compre um conjunto de correias para o efeito.
Faça uma paragem de vez em quando para verificar as ligações dos vários elementos. Em percursos mais longos, esta inspeção deve ser feita de forma periódica.
Quando não estiver a usar a sua caixa de bagagem, retire-a, bem como as barras, do tejadilho, para não aumentar desnecessariamente o consumo de combustível. Se não for usar a caixa durante algum tempo, limpe-a e lubrifique a fechadura, as dobradiças e as fixações. Arrume-a sempre num local seco e, se possível, na posição horizontal, para que não se deforme.
No caso de, durante a viagem, cair uma bicicleta, uma prancha ou a caixa de tejadilho e isso provocar um acidente, o seguro de responsabilidade civil obrigatória indemniza os lesados, mas poderá vir a pedir-lhe o dinheiro, exercendo o direito de regresso e invocando que a queda da carga se deveu a deficiente acondicionamento. Caso utilize um suporte para a traseira do seu automóvel, se, inadvertidamente, ao fazer marcha atrás, bater com a bicicleta noutro automóvel, danificando-o, o seguro é acionado e não lhe pedirá para repor o montante pago ao lesado.
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