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Migração de químicos das embalagens: que sabem os portugueses?

Portugueses ainda têm dúvidas sobre a migração de componentes das embalagens para os alimentos. Um inquérito a mais de mil consumidores realça alguns equívocos.

12 abril 2023 Exclusivo
Caixa de plástico com esparguete

iStock

Protetores, guardadores e transportadores de alimentos e de bebidas, utensílios, recipientes e embalagens de matérias mil cercam a nossa vida. As possíveis contaminações para os víveres que nos garantem a sobrevivência são de tal ordem, que a sabedoria se impõe. Sobre vidro, plástico, cerâmica e aço inoxidável, e seus afins, o que há a saber, para agirmos bem no dia-a-dia? Em outubro de 2022, a DECO PROTESTE realizou um inquérito a uma amostra de 1059 consumidores, ponderada por género, idade, região e nível de educação, para representar a população portuguesa. Que opiniões elaboram sobre diferentes embalagens e recipientes em contacto com os alimentos?

Às questões “Está bem informado sobre como lidar com os utensílios na preparação das refeições?” e “Como guardar corretamente os alimentos?”, apenas 44% dos inquiridos responderam afirmativamente à primeira, e 38% disseram estar bem informados sobre a segunda. Entre 71% e 76% acreditam que certas embalagens ou recipientes libertam químicos para a comida. Em maior ou menor grau, o risco depende da temperatura e do tipo de material.  

Um suspeito chamado plástico

Aço inoxidável, cerâmica e vidro são tidos pelos inquiridos como materiais de baixo risco de contaminação. O que confirma o conhecimento científico atual. Já os recipientes e as garrafas de plástico foram percecionados, respetivamente, por 66% e 62% dos inquiridos, como apresentando um médio ou elevado risco de contaminação de químicos. O que é uma aproximação precisa do estudado sobre o assunto. Menos exata é a noção face a outros materiais. A fibra de bambu, misturada com plásticos, é considerada de pouco risco. Contudo, precisamente por suscitarem questões de segurança, estes produtos não são permitidos no espaço europeu. 

Embalagens sabem falar delas próprias?

A informação inscrita nas embalagens peca, por vezes, por defeito. Com alguma regularidade, muitos inquiridos enfrentam a falta de instruções de manuseamento seguro, símbolos pouco esclarecedores, incompreensíveis ou invisíveis, ou ainda de leitura custosa. Há também símbolos que só constam num autocolante ou na embalagem, mas que desaparecem assim que o produto começa a ser usado. Quase metade de quem respondeu ao questionário não presta muita atenção à informação específica sobre químicos (47 por cento). E mais de um terço não se interessa sobre os materiais.

Recipientes preferidos e preteridos

Como recipiente para resguardar carne ou peixe fresco e refeições quentes, o vidro reúne o maior consenso. É a segunda opção para fruta, legumes, queijo e comida a congelar. Na escala de popularidade, segue-se o plástico, para frutas, legumes e queijo e para congelar refeições. Se usar sacos de plástico ou película aderente, escolha um modelo próprio para o contacto com os alimentos.

Entre os inquiridos que associam pouco ou nenhum risco de contaminação a certos materiais, a cerâmica é a eleita para guardar comida quente, seguida do silicone e do plástico. Verifique se estes são adequados a temperaturas mais altas ou a micro-ondas. Para não arriscar, aqueça os alimentos em recipientes de materiais inertes, como aço inoxidável, cerâmica ou vidro. Com o alumínio, aplica-se o mesmo às frutas e vegetais. Há o risco de absorção de alumínio, por exemplo, com maçãs ou tomate cortados: algo ainda feito por 11% dos que responderam.

 

Com riscos e fissuras, deitar fora

Que panelas, tachos e outros recipientes se desgastam com o uso é uma verdade de La Palisse, isto é, bastante óbvia. Mas, quando aparecem riscados e com fissuras, para de usá-los ou continua a dar-lhes o mesmo emprego? A maioria de quem respondeu ao questionário abandona-os, ao reparar que um recipiente de vidro está estalado e, em quantidade menos expressiva, um de plástico ou de silicone. Em relação às frigideiras com camada antiaderente e com muitos riscos, mais de metade dos utilizadores não as põem de lado de imediato. Todavia, é preferível deitá-las fora. O receio de a comida sofrer contaminação é o motivo mais forte para os inquiridos dispensarem os recipientes em menos de um mês. 

Dar nova vida às embalagens? Nem sempre é boa ideia

A exceção é o vidro. De resto, a recomendação, com base na evidência científica, é contra a reutilização de recipientes de plástico rígido com tampa, sacos e garrafas de plástico de uso único e recipientes de plástico de uso único para alimentos ou líquidos quentes. A lista não foi concebida para repetições, pelo que a resistência não é idêntica à de uma embalagem fabricada para uso contínuo. Ainda assim, entre os que percecionam pouco risco na reutilização de recipientes de plástico, um quarto guarda comida e bebidas quentes. Não o faça e evite comprá-los. A saúde e o ambiente agradecem.

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